Danças Circulares – A sagrada roda que transforma
Danças Circulares A roda que transforma>> A sagrada roda que transforma.
“Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar…” Se você brincou de roda na infância, volte no tempo. Procure lembrar-se. A roda girando, ora lenta, ora rapidamente. A sensação de leveza. O aconchego das mãos dadas. O sentimento reconfortante de ser aceito. Os pés, muitas vezes descalços, ganhando asas ou rodinhas deslizantes. A meninada sorridente, feliz da vida…
E se eu lhe disser que toda essa alegria e espontaneidade podem ser resgatadas mesmo que você pense já ter passado da idade ou não ter jeito pra esse tipo de coisa? É sim. Experimente entrar em uma roda de Danças Circulares Sagradas (DCS) e depois me conte. E isso serve pra você também que, por algum motivo, nunca teve a oportunidade de brincar de roda. Sinta a energia de dançar de mãos dadas em círculo e descubra uma nova fonte de prazer, lazer, saúde, transcendência.
Não é difícil encontrar uma roda de Danças Circulares Sagradas. Hoje elas crescem em progressão geométrica por todo o Brasil, pelos parques, escolas, empresas, centros multidisciplinares e até mesmo unidades de saúde. Desde março de 2017, por meio da Portaria 849, o Ministério da Saúde incluiu a Dança Circular na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, reconhecendo seus efeitos terapêuticos e passando a oferecê-la pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
O que são
Mas o que são as Danças Circulares, e por que sagradas? Bem, agora vamos fazer uma viagem mais longa no tempo, retrocedendo à Pré-História. O homem das cavernas dançava para celebrar o plantio e colheita, reverenciar a vida e a morte. E deixou isso registrado em pinturas rupestres em grutas e galerias subterrâneas. No Antigo Egito, a dança era um ritual sagrado dedicado aos deuses. Na Grécia, acreditava-se no poder mágico da dança. Ela, inclusive, preparava os guerreiros para as batalhas.
A dança, enfim, está presente na vida de todos os povos desde de suas origens. Nossos indígenas ainda preservam o costume de dançar em grupo. Porém, são poucas as culturas que, como a deles, mantêm a tradição. Através dos séculos ela foi ficando cada vez mais restrita a pequenas comunidades isoladas pelos cantos do mundo. Foi assim até que, na década de 70 (século XX) um famoso bailarino e coreógrafo polonês, Berhard Wosien redescobriu o poder de se dançar em círculo, de mãos dadas, como era comum às civilizações ancestrais.
O resgate de Berhard Wosien
Em busca de um significado maior para sua arte, Bernarh Wosien percorreu vários países, pesquisando as danças tradicionais, folclóricas ou sagradas. Ele então constatou que, nas localidades em que elas ainda eram parte da vida comunitária, onde jovens, adultos e idosos dançavam juntos, o ato continha a essência espiritual que buscava. Wosien percebeu que o círculo, as mãos dadas, os movimentos muitas vezes repetitivos, comuns nas danças dos povos, nos conectam ao sagrado, levando o dançarino a um estado meditativo. Por isso são consideradas uma prática de meditação em movimento.
“ Nas formas mais antigas das danças circulares
encontrei o caminho para a meditação da dança,
como um caminhar para o silêncio. Esta meditação
tornou-se para mim e meus alunos uma oração sem palavras”.
Bernhard Wosien
Danças Circulares Rodando o mundo
A partir de suas pesquisas, o bailarino iniciou um estudo profundo, colecionando essas danças populares e aplicando sua essência em coreografias que passou a criar para músicas clássicas ou contemporâneas. Em 1976, ele apresenta seu trabalho em Findhorn (Escócia), comunidade espiritualista, mundialmente pioneira em agroecologia. Em Findhorn, a semente plantada por Berhard Wosien germinou, cresceu e se multiplicou. A comunidade tornou-se o centro de difusão internacional das Danças Circulares Sagradas, com os brotos que ali frutificaram se espalhando por todos os continentes, rodando o mundo.
No Brasil, elas chegaram com força em 1995, a partir da visita de Anna Barton, então diretora do Departamento de Danças Circulares Sagradas na comunidade escocesa. Mesmo que antes já fossem ensinadas por focalizadores brasileiros que mantinham uma conexão com Findhorn, o contato mais próximo com Anna Barton fertilizou as sementes da DCS no País, onde encontraram solo fértil.
Nossa cultura guarda um grande baú de danças de roda tradicionais: ciranda, quadrilha, catira, carimbó, pau-de-fita, umbigada, samba de roda, chula, danças indígenas e por aí vai. Uma riquíssima coleção redescoberta pelas Danças Circulares Sagradas que aqui, em terras tupiniquins, tiveram uma expansão extraordinária.
Atualmente, o já vasto repertório das Danças Circulares Sagradas, composto por canções tradicionais, sejam brasileiras, gregas, israelitas, ciganas, celtas, ou outros povos, é enriquecido por coreografias criadas para músicas contemporâneas de diversos estilos. O acervo inclui desde danças bem tranquilas, meditativas, até as mais agitadas, como as czardas húngaras.
Dance e recrie o mundo
“Dance e recrie o mundo”, dizia a querida mestra Lucy Coelho Penna, psicoterapeuta junguiana e pesquisadora do Sagrado Feminino, em seu livro dedicado à dança do ventre. E Santo Agostinho também já recomendava:
“Eu louvo a dança,
pois liberta o ser humano do peso das coisas –
Une o solitário à comunidade.
Eu louvo a dança,
que tudo pede e tudo promove:
Saúde, mente clara e uma alma alada.
……………………………………
Eu louvo a dança.
Ser humano, aprenda a dançar!
Senão os anjos no céu não saberão
o que fazer de você”.
Aurelius Augustinus (354-430)
Dançar, seja em qualquer ritmo, em qualquer circunstância, sem dúvida, faz um bem enorme para o corpo e para a alma. Melhora o condicionamento físico, o equilíbrio, a postura, a autoestima, desenvolve a flexibilidade e a lateralidade, ajuda a combater o estresse, a depressão, entre outros. E se dançar é bom, em um círculo pode ser ainda melhor.
Na roda somos todos iguais. A performance individual é o que menos importa. Como é bela uma a roda de Dança Circular vista do alto! Em torno de um centro, como os planetas em torno do Sol, os dançantes giram. Quase sempre conectados pelas mãos, executam movimentos sincronizados, criando formas da Geometria Sagrada.
A roda promove a harmonia do grupo, integra, leva ao reconhecimento, aceitação. Olhos nos olhos, abrindo um canal de comunicação entre as almas. O toque delicado das mãos transmintindo a força e energia circulantes. A cada movimento, um exercício de alteridade, paciência. Meu passo só é perfeito em harmonia com o do outro. Executada em todas as rodas pelo mundo a dança grega Enas Mythos tem um simbolismo que traduz perfeitamente a amorosidade e o respeito à diversidade que fluem no círculo.
“Eu te reconheço
Eu te dou passagem
Eu sigo meu caminho”.
Nessa perspectiva, a dança é capaz de canalizar energias de cura tanto individualmente, quanto para o grupo, a comunidade em que está inserida ou o planeta. É um instrumento de paz, desenvolvendo o apoio mútuo, a integração, a cooperação, a comunhão. Impossível praticar regularmente das Danças Circulares Sagradas sem experimentar uma profunda transformação em seu universo particular. “Dance e recrie o mundo”!
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- “As Danças Circulares têm o poder de fazer a reconexão do homem com ele mesmo, a sociedade e o cosmos”
- Vamos colocar o centro no centro
Parabéns pelo texto! Será um grande local para acompanhar a expansão deste movimento. Excelente!
Vindo de uma focalizadora, me deixa muito feliz.
amei😍 ficou incrível…👏👏👏❤⛤
Que bom que gostou. Ter você em uma roda faz toda a diferença. Bj
Que lindo texto. Senti toda leveza das danças circulares. Me vi dançando.
Que bom, Eliane. Entre na roda!
Excelente texto em palavras claras onde as informações fluem suavemente.
A constatação do benefício das Danças Circulares advém da conjugação energética das pessoas unidas pelas mãos reforçando a rede natural na qual estamos inseridos. Uma verdade que muitos ignoram.
Enalteço o trabalho de Andiara Maria desejando um continuidade luminosa.
Muito grata, Marisa. Quando vem dançar com a gente?
Texto tão lindo que coloca em palavras de forma “dançante”esta experiência rica que é a Dança Circular…
Também eu louvo a dança.
Vamos dançar…
Que bom, Eliane. Entre na roda!
Muito grata, Marisa. Quando vem dançar com a gente?
Que legal encontrar uma canceriana com ascendente em Áries como eu. Combinação extravagante, né? Adorei seu texto. Conhece uma dança que se chama Menoussis (não tenho certeza se é assim que se escreve) , faz muito tempo que não danço essa circular, gosto muito dela, tem muita força. Abraços
OI, Joice, põe extravagante nisso….. Conheço Menousis sim. É uma dança grega. A coreografia nos leva a fazer um reflexão sobre nossa caminhada. Que bom que gostou do texto. De onde você é? Quem sabe um dia possamos estar juntas em uma roda. Um beijo.
Amei a forma doce e suave da explicação sobre as danças circulares sagradas.
Sou de Guaratinguetá SP ( Vale do Paraíba).
Onde vocês estão localizados?
Gratidão imensa!
Oi, Matilde! Obrigada! Eu vivo atualmente em Goiânia, mas vou ver se tem alguma roda mais próxima de Guaratinguetá e lhe falo. Beijo