Cobras, por que temos medo das cobras

Cobras, por que temos medo das cobras>> Tanto os macacos quanto os homens são os únicos seres vivos que têm um horror profundo pelas cobras.

Cobras – Por que os outros animais conseguem conviver com ela? Esse medo é um mistério

Contudo, mistério ainda maior se torna o fato, de que , primordialmente, em todas as cerimônias religiosas dedicadas à fecundidade e à reprodução, ademais, em todos os povos, tanto em qualquer época, como em qualquer lugar, a cobra aparece como símbolo da vida e da eternidade.
Surpreendentemente, Uma experiência foi realizada com dois chimpanzés, quer um capturado muito jovem, enquanto outro, nascido no cativeiro; portanto, sem terem, consequentemente, nenhuma lembrança quer de luta, quer de encontro pessoal com uma cobra, ademais. com nenhum outro réptil.
Tanto um, quanto o outro, foram tomados de terror convulsivo quando avistaram uma serpente ou outro bicho parecido.

eles ficam paralisados de pavor

Gritaram desesperadamente, em seguida, fugiram para qualquer lugar, além disso, passaram vários dias traumatizados com o fato.
Essa experiência foi realizada diversas vezes.

Alguns autores acham que os macacos sentem primeiro medo das cobras e depois de tudo que se parece com elas

Enquanto que, outros afirmam que os macacos têm medo de certos animais ou objetos que possuem algumas características em comum, dentre os quais, estão as cobras. Seja como for, tanto os macacos, quanto os homens, são os únicos seres vivos que manifestam um horror profundo e imediato pelos répteis.
Sobretudo, os animais que são vítimas das cobras, em razão disso, aprendem de imediato, a reconhecer nelas seus eternos inimigos; enquanto que os primatas, contudo, o “sabem” instintivamente.
Por outro lado, todas as cerimônias religiosas dedicadas à fecundidade e à reprodução, seja da raça humana ou da vegetação, adoraram a serpente como símbolo da vida, de sua fertilização, de sua perenidade.
Primordialmente, as Mênades da antigüidade grega, durante as cerimônias em que tomavam parte, coma finalidade de manter magicamente o fenômeno da vida, tinham como objetivo, imitarem ardente, frenética e alegremente a cópula com a serpente.

Não se trata apenas de olhar para baixo da cama

Tanto o Homem quanto o Macaco têm medo das cobras. E afinal, as crianças?
Portanto, Uma pesquisa foi feita na Inglaterra e os resultados são extraordinários. A criatura viva mais odiada e mais temida pelas crianças, em 30% ou 40% dos casos, é a cobra.

Entretanto, A maioria não soube explicar a razão desse ódio. Trata-se de um mistério fascinante. É como se o pequeno macaco e a criança tremessem diante dos répteis como diante de algo que não tem seu lugar no mundo. Como se presenciassem uma criatura de antes da verdadeira criação, uma criatura do Kaos.

Será simplesmente porque o homem, ou a humanidade, ou o antropóide, lembram-se dos répteis do secundário

Essa hipótese não é tão absurda quanto parece; sobretudo se não se emprestar à expressão “recordar-se” seu sentido literal, mas no sentido Kármico. Podemos admitir que a evolução limita e condiciona a percepção dos seres que sofrem esse processo.
A visão de um ser humano andando em pé, com dedos nas extremidades dos membros, nos parece normal, senão bela e preciosa. A do gibão nos agrada menos, a do polvo, de um rinoceronte ou de um tatu nos incomoda. A da cobra provoca incontrolável sensação de anormalidade, como se fosse um terror instintivo.
Mas podemos ir mais longe e levar essa hipótese as suas últimas conseqüências, pois em muitas culturas ela é um símbolo universal de ameaça e terror. Podemos supor que a recordação dos répteis de secundário seja uma lembrança como outra qualquer.

Não nos faltam exemplos.

Os nativos da África do Sul costumam pintar nas paredes rochosas de suas moradias répteis gigantescos dotados de atributos inesperados. Atributos esses, tais como chifres e orelhas como no Malhalla’s Shelter, do East Griqualand.
As lendas de uma outra tribo mencionam a Mindi, uma serpente grande e terrível, diante da qual os habitantes da aldeia deviam esconder-se nas matas, levando todos os seus bens. Felizmente eles eram prevenidos da aproximação do animal por seu cheiro medonho.
Na Austrália, os indígenas contam que a grande serpente Aniau-Tjunu saiu do mar e veio se instalar em terra firme.
Em algumas regiões, os leitos dos ricos e os vales são considerados como obra de répteis gigantescos.
Os dragões chineses nascem serpentes e só adquirem a forma definitiva, com patas, asas e etc…, após 2 mil anos de crescimento.

As “serpentes” semelhantes a este esquema (com penas, chifre, patas, longa vida) existem certamente em outros lugares

Citemos simplesmente a famosa serpente mexicana Quetzacoalt e a Tiamat assíria.
Os gregos conheciam Tifeu, filho monstruoso de Géia, a Terra, que foi vencido pelos novos antropomorfos, os seres humanos.
A tradição desses monstros perpetuou-se através das civilizações. As “histórias naturais” dos séculos 17 e 18 apresentam alguns exemplos admiráveis de serpentes-dragões que lembram os grandes sáurios do secundário e do terciário. Se não se quer remontar a existência do homem ao terciário e ainda menos ao secundário, por que não descender os répteis primitivos inclusive do quaternário? A “serpente do mar” poderia ser explicada pela sobrevivência de alguns monstros do terciário.

Fantasia? Talvez não

O mistério da larva gigantesca encontrada no Pacífico ainda não foi resolvido.
Essa larva só pode pertencer a um animal de dimensões fantásticas, seja cobra ou outro réptil qualquer.
De qualquer forma, seja essa “lembrança” real ou simplesmente formal, ela existe.
E o medo instintivo dos homens e os macacos é uma espécie de sobrevivência dos terrores das primeiras idades da Terra, quando ela era um mundo úmido, pesado, insalubre, povoado de monstros anfíbios e desmedidos que iniciavam, apesar de tudo, a sua conquistas.
Na imagem do mundo antediluviano, a serpente reuniu, por outro lado, algumas características tão particulares e tão ricas em símbolos que este animal conheceu um destino sem igual em todas as mitologias e religiões, desde que existe o homem.

Sua forma se tornou um símbolo fálico universalmente adotado, por possuir as forças contraditórias da sexualidade

A cobra é uma ameaça de morte, por seu veneno e por sua força, e ao mesmo tempo uma promessa de imortalidade, graças à muda (renovação da pele), que lhe dá a aparência de juventude.
Da mesma forma, o ato humano criador da vida é ao mesmo tempo portador da morte e da renovação mágica das coisas e do mundo.
O amor, o desejo, a posse física, o êxtase, provocam na alma do homem certos impulsos e paixões incontroláveis.
Por isso, a cobra é um animal fascinante e iniciado nas religiões primitivas, nas quais o sexo é a força primordial, aceita e vivida como tal, adorada e respeitada.
Na África, onde seu culto é universal, ela tem sua casa no meio da aldeia, é tratada de “mestre, pai, mãe e benfeitor”, ajoelham-se diante dela quando se a encontram, rogam-se-lhe que propicie chuvas e dedica-se-lhe orgias rituais. A preocupação principal nesse caso é a fecundação da vida e da terra.

Na Europa pré-cristã, os Druidas controlavam as forças do Dragão, através de sua Vontade Maior, como faz referência em As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer. No livro, a Druida Morgana, Senhora de Avalon, (onde o termo correto é druida e não druidesa, pois não há gênero masculino ou feminino neste nível de consciência), controla as forças da natureza, seduz o homem que deseja, no caso Artur, Lancelote e Merlin, Taliesin e etc…

Tudo isso com as Forças do Dragão, a grande Serpente da Vontade e do Desejo, onde ela é linda, sedutora. Taliesin controla a força, a beleza e a sabedoria.
Na Índia pré-védica, os “nagas” em forma de serpente eram os principais deuses, senhores dos homens e do mundo.
O hinduísmo não renegou essa herança: Shiva, deus da criação, da conservação e da destruição, três aspectos complementares da mesma realidade, possui sempre cobras como atributos.
Entre os períodos de criação Vixnu se põe sobre a serpente Shesha, que simboliza ao mesmo tempo a duração das coisas, o fim e a eternidade.
No Egito, a serpente era imagem do criador todo-poderoso e um dos atributos da faraó ao mesmo tempo que o espírito do Nilo. Na Mesopotâmia era adorada como criadora e conservadora da vida, da mesma forma que na Grécia. Nesse caso, a serpente era o atributo específico do médico ou curandeiro, sendo que o mais célebre foi Esculápio, deus da medicina.

Na antiguidade histórica e clássica, a cobra ainda era deus essencial e o protetor da casa

Mas a idade de ouro terminou e nasceu o medo em relação à serpente-falo.
Para afirmar sua supremacia no mundo, os deuses do Olimpo fizeram a guerra e venceram em combates fantásticos, os deuses-serpentes.

Mas qual é o sentido profundo desse mito

Ele sugere que os cultos primitivos foram substituidos por religiões mais avançadas e que os homens não desejavam mais se abandonar freneticamente às forças irresistíveis da perpetuação da vida. Assim, Zeus tomou conta do Olimpo e as serpentes passaram a encarnar o poder nas cerimônias secretas dos Mistérios. Esse fenômeno é absolutamente geral e universal.
Na América pré-colombiana, os deuses-serpentes primordiais, senhores da chuva e da vida, e por isso mesmo da seca e da morte – foram durante muito tempo indiferentemente bons e maus. Os negros conheceram essa mesma evolução mais recente, porque permaneceram mais tempo próximos de uma concepção benéfica e não problemática da serpente-falo, provedora de chuva e da vida.

Os escravos levados para a América conservaram seu deus- serpente, que se tornou o Damballah-Wedo do vudu

As perseguições do cristianismo conseguiram abafar esse culto e dispersar seus adoradores. Somente na Índia, por causa do sincretismo sistemático e por vezes delirante, os deuses-serpentes Nagas e Naginis continuam sendo adorados. Essas criaturas vivem embaixo da terra, em palácios misteriosos e ternos onde possuem e conservam tesouros fabulosos.

Só o Gênio hindu seria capaz de criar mitos tão ricos e esclarecedores sobre o psiquismo humano

No mundo ocidental, sob influência hebraico-cristã, o medo da cobra-falo seguiu uma evolução progressiva. Entrevemos no Antigo Testamento que o reino de Iavé lutou contra a volta dos antigos deuses-serpentes e algumas circunstâncias vieram reforçar consideravelmente essa evolução psicológica.
Os povos vizinhos e inimigos dos hebreus adoravam ainda a serpente. Mais tarde a ortodoxia cristã identificou a serpente como o sexo, fazendo de um e de outro uma dupla imagem do mal. Dessa maneira nasceram o pecado e o diabo, que foram relegados às primeiras idades do mundo.
Essa interpretação sexual do pecado não é a única, se ela ainda é aceita atualmente pelas pessoas crédulas, vemos muitos autores místicos, gnósticos e metafísicos darem uma outra significação a esse momento do Gênesis.
Tudo isso explica que, se temos medo das cobras, não é absolutamente por causa de sua picada venenosa ou de sua contração mortal, mas sobretudo por seu valor de equivalência mágica. E por mais que o caduceu com serpentes entrelaçadas continue sendo atualmente o símbolo da medicina, as pessoas sempre se aproximam das cobras com um certo horror, ou com uma fascinação doentia.
O que devemos fazer, afinal, para escapar às armadilhas das analogias ilógicas, para não gritar de pânico com o pequeno chimpanzé, para não olhar mais em baixo da cama? …
Apenas aprender a conhecer as forças contraditórias que habitam nosso Eu Oculto, não existe o mais apto, mas apenas aqueles que investem melhor em si, e não hesitam em aprender os antigos Mistérios, e a partir daí, mostrar as Forças do Mundo que você não é mais um chimpanzé ou olha embaixo da cama antes de dormir, mas um dos que sabem e fazem a hora, não esperam acontecer.
Flávio Lins é instrutor de Magia Druida-Templária, Diretor da Magus Magnus Magister e Consultor em Runas

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Imagem destacada via Pinterest




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