Medit (AÇÃO): como a ação pode mudar a sua vida?
Como a ação pode mudar a sua vida? >> Quando o semáforo abre, nós dirigimos.
Quando o relógio marca 18h00, saímos do trabalho.
Quando alguém levanta a voz, retrucamos. Quando buzinam no trânsito, respondemos com alguma interjeição maldosa.
O costume é tanto, que raramente percebemos como nosso condicionamento mental nos prejudica.
Afinal, sempre fomos acostumados a reagir instintivamente ao que acontece ao nosso redor.
Mestre Dogen Zenji, fundador da escola Soto Zen, do Zen Budismo, enquadra o ser humano em dois tipos de “eu”: Waga (da expressão japonesa “Waga Mama”, que significa pessoa egocêntrica) e Jiko (como ele chamou o “Eu Verdadeiro”, aquele que age distante da nossa vontade pessoal.
Meditação – como a ação pode mudar sua vida
Seguindo o mesmo pensamento, Monja Coen — monja brasileira pertencente à tradição Soto Hu Zen-Budismo —, afirmou: “essa sua raiva tão pessoal e individual não serve para nada. Se você tivesse uma indignação maior do que você, sairia desse lugar, você se libertaria.”
Pensamentos fortes? E como! Mas muito verdadeiros.
Afinal, em qual ponto nos esquecemos que podemos agir ao invés de reagir?
Em que momento da nossa trajetória passamos acreditar que a nossa autorrealização é mais importante que a realização do coletivo?
Voltando a Mestre Dogen, é dele o ensinamento: “Jiko o narau to iu wa jiko o wasureru nari”: “estudar o ‘eu’ é esquecer-se do ‘eu’.
Como a ação pode mudar sua vida – O Caminho
Portanto, se realmente desejamos entrar no caminho da meditação, o caminho capaz de nos ensinar a viver plenamente o momento presente, precisamos ter em mente uma coisa: será necessário nos despedirmos de tudo o que acreditávamos fazer parte da nossa personalidade.
Mas o que eu quero dizer com isso, afinal? Que você não poderá mais expressar livremente a sua individualidade? Que não poderá expressar os seus dons e habilidades? De forma alguma.
Quando falo que para ingressar no caminho da meditação você deverá se esquecer do seu “eu”, quero dizer que, com a prática, passará a se perceber naturalmente como uma gotinha de água que compõe o oceano inteiro e, consequentemente, entenderá a importância da sua individualidade em prol da coletividade.
Ao nos livrarmos de todas as nossas máscaras, que vestimos para nos proteger das ameaças do mundo, passamos a viver com o coração aberto e pleno.
Só assim, após essa limpeza de todas as couraças que não nos pertencem, estaremos prontos para viver as particularidades da nossa mônada e expressar a plenitude do Ser Divino que somos.
Como a ação pode mudar sua vida – A transformação
A partir desse momento, uma transformação vai acontecer.
Assim, expressando os dons puros que recebemos do Universo, poderemos fazer a diferença.
Como unidades conscientes da manifestação do Amor, vamos ajudar a somar qualidades a esse imenso oceano da existência, que envolve todos nós.
Quando mestre Dogen fala que “estudar o ‘eu’ é esquecer-se do ‘eu”, quer dizer que quando passamos a estudar a fundo nosso interior, quando ingressamos no autoconhecimento, naturalmente percebemos que o “eu” que imaginávamos ser, nada mais é que um conjunto de máscaras construídas para agradar o mundo externo, para nos proteger de ameaças imaginárias, que acreditamos serem reais.
Com essa clareza, deixamos de ser Waga, uma pessoa egocêntrica, e passamos a ser Jika, a pessoa que pensa pelo coletivo e não pela individualidade.
Quando sentamos em meditação silenciosa e apreciamos o momento presente, percebemos que ao invés de reagir instintivamente ao que acontece na nossa vida, podemos agir.
Podemos observar toda situação como uma oportunidade de aprendizado. É por isso, que dentro da palavra Meditação existe a palavra Ação.
Com a regularidade da prática meditativa, seremos capazes de aprender a observar os acontecimentos com calma e naturalidade. Assim, desfrutaremos da sabedoria e serenidade de transmutar a reação em ação.
Que a magia da ação se fortaleça em você.
Paz e Consciência,
Dhyana Rishika.
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