Floresta urgente: cacique explica a realidade

Floresta urgente: cacique explica a realidade de povos indígenas frente à demarcação de terras>> “Hoje nós temos fartura porque nós criamos e plantamos.

Porque hoje, só a floresta ela não dá conta! Hoje, temos para sobreviver!

Hoje, não podemos nos mudar!

Nossa terra é limitada! Porque, uma pequena área de floresta não dá conta para sobreviver…

Se, partirmos do tradicional, da caça e da pesca, são mais de seiscentas pessoas que teriam que caçar e pescar.

Mas, com a terra é demarcada, nós vivemos concentrados em grupos. Não é como antes!

Nosso povo era do rio Javari no limite do Peru em toda a Serra do Divisor.

Agora, grande parte da área é Parque Nacional”, disse o inteligente Cacique Paulo Cézar O. Silva (Witsá) – da etnia Nukini.

Floresta urgente: cacique explica a realidade de povos indígenas frente à demarcação de terras

É necessário ressaltar que, segundo me contou uma das pessoas mais antigas da aldeia, antes da chegada dos brancos, os seus povos mudavam como nômades, de um lugar para outro dentro da região, para caçar e pescar, sem ter conhecimento de divisas.

Eram livres e desprovidos de limitações.

Porém, o cacique Witsá (Paulo), acha que por um lado, houve grande melhoria de costumes, principalmente na parte da pesca.

Conta que antigamente, o seu povo jogava uma espécie de veneno natural poderoso nas águas, a fim de pescar muitos peixes.

Porém, com isso, eles envenenavam grande parte dos rios, causando grande mortandade de animais aquáticos sem necessidade.

Hoje, pescam sem causar danos à natureza e já possuem criações como a de tracajás , além de projetos como a criação de peixes em açudes.

Floresta urgente: cacique explica a realidade de povos indígenas frente à demarcação de terras

Floresta urgente: cacique explica a realidade
Floresta urgente: cacique explica a realidade

Também, segundo alguns moradores da aldeia, uma das maiores infrações contra o meio ambiente, está na caça com cachorros dentro do Parque Nacional que ameaça a fauna e a tranquilidade entre eles, além do risco de expansão da pecuária que pode causar mais desflorestamentos ou queimadas.
Os assentamentos do INCRA também é grande preocupação de seus povos.
Segundo dizem os nukinis, representam forte ameaça à paz nas aldeias, mesmo com um espaço de “área limite” demarcada entre eles.

De fato, além de ser uma zona estratégica de segurança nacional por estar perto da fronteira com o Peru, o assentamento pode trazer transtornos irreversíveis como facilitação do tráfico de drogas, tráfico de animais e caça predatória, além de choques sociais com os antigos povos que já preveem de antemão este perigo.

Segundo o pai de Varinaki, nome indígena de sua esposa, a professora e bióloga Valdenice, nascida e criada na aldeia, quase toda aquela região demarcada para assentamento pelo INCRA pertencia aos seus povos.

Ele acha que, com o aumento da população indígena, esta área poderia ser distribuída entre eles.

Aí está um dilema! Porém, ele só poderá ser solucionado com a ajuda e a avaliação daqueles que entre outras funções, possuem a séria missão de respeitar e ajudar os povos originários nestas transições.

Por isso a importância da escolha na hora do voto. Namasté!

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Eliane Rocha

Venho de uma família humilde e bem brasileira. Sou uma mistura de raças. Meu avô por parte de minha mãe, era filho de indígenas da etnia  tupi guarani do Vale do Paraíba e me ensinou valores como dignidade, amor à natureza e às pessoas humildes. Alto, moreno, era militar e foi o homem mais incrível que conheci. Fui muito apegada a ele e, ele a mim. Se casou com uma italiana sorridente que gostava de contar estórias. Segundo ela, descendíamos de uma família proveniente da Áustria e assegurava que tinha certa realeza no meio. Ficava toda boba por ela me dizer...mas,não sabia se era verdade ou apenas imaginação. Meu pai, era filho de espanhóis. Meu avô com sobrenome judeu e minha avó, um sobrenome bonito: Jordão. Vieram da Europa ainda jovens, eram aventureiros. Vieram sem nada, talvez fugindo da primeira guerra mundial. Começaram  a vida no Brasil costurando colchões de palha e fabricando móveis artesanais. Lembro quando eu passeava com eles, entre sombras e sóis, ao entardecer, por caminhos cobertos de folhas e cidreiras. Comecei a desenhar e escrever bem cedo, aos oito anos, mas, foi aos quinze, que tive minha primeira coluna em um jornal de minha cidade. Sempre no meio da comunicação, continuei a escrever em jornais de outros Estados. Também fiz teatro  e  alguns trabalhos em emissoras de TV. Na televisão, me marcou muito, ter trabalhado com o jornalista Ferreira Netto, o qual me ensinou muitas lições. Me formei na UNISUL, em cinema e produção multimidia. Fiz parte da Antologia Mulheres da Floresta, da Rede de Escritoras Brasileiras, de onde surgiu dois documentários, feitos apenas como uma hand cam: um com os povos kaxinawás - huni kuins - e outro com os povos nukinis, na Serra do Divisor. Vivi na Amazônia nos meus últimos vinte e cinco anos, fazendo entre outras coisas, trabalhos voluntários como socorrista e técnica de enfermagem entre os povos ribeirinhos. ​

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