Eu Interior – Notícias sobre o Eu Interior

Eu Interior – Notícias sobre o Eu Interior>> Aquelas pessoas materialmente absortas, cegas ao conhecimento sobre a verdade última, ouvem muitos temas comentados na sociedade humana, ó imperador.” – Srimad Bhagavatam 2.1.2.

Há cerca de 60 ou 70 anos atrás, um eminente político da Índia veio encontrar-se com meu Guru Maharaja, perguntando sobre nossas atividades.

Entre outras coisas, informaram-lhe que meu Guru Maharaja estava publicando mensalmente ensaios em inglês, bengali, hindi, oriya e assamese, além de um jornal diário em bengali, cujo título era Nadiya Prakash.

O político ficou surpreso Eu Interior

“Ó, vocês estão publicando diariamente um jornal em bengali?”
“Sim, por que sua surpresa?”

Ele estava surpreso. Como político, pensava: “O que alguém pode falar de Deus, ou Krishna, todos os dias num jornal?”

Ele ficara surpreso porque as pessoas geralmente pensam: “Algumas vezes, vamos ao templo e rezamos: ‘Deus, dai-nos o pão de cada dia’ e, em seguida, terminamos nossos negócios com Deus”.

Meu Guru Maharaja respondeu: “Por que você está surpreso? Esta cidade de Calcutá é uma parte muito insignificante do Universo e está produzindo tantos artigos”.

Krishna diz no Bhagavad-gita, “Todo o mundo material está situado numa parte de Minha energia.” Ekamsena sthito jagat. Quando Arjuna perguntou sobre a opulência de Krishna, Ele descreveu parte do mundo material.

Eu Interior

Em seguida, resumiu:
atha va bahunaitena
kim jnatena tavarjuna
vistabhyaham idam krtsnam
ekamsena sthito jagat

“Mas qual a necessidade, Arjuna, de todo esse conhecimento minucioso? Com um simples fragmento de Mim mesmo, Eu penetro e sustendo todo este Universo”. [Bhagavad-gita, 10.42]

O mundo espiritual representa três quartos da criação. Suponhamos que um quarto da energia de Krishna esteja atuando.

Assim, a partir deste um quarto, o mundo material é criado. O que é este mundo material?

Eu Interior

yasya prabha prabhavato jagad-andakoti-kotisv
asesa-vasudhadi-vighuti-bhinman
tad brama niskalam anantam asesa-bhutam
govindam adi-purusam tam aham bhajami
[Brahma-samhita 5.40]

Em algum canto da refulgência de Brahman está mahat-tattva, a energia material. E esta energia material está descrita em outro trecho:

yasyaika-nisvasita-kalam athavalambya
jivanti loma-vilaja jagad-anda-nathah
visnur mahan as iha yasya kala-viseso
govindam adi-purusam tam aham bhajami
[Brahma-samhita 5.48]

O Mundo Material X Eu Interior

O mundo material engloba os universos incontáveis que emanam da respiração de Maha-Visnu. Universos incontáveis. Não somos capazes de descrever o universo em que vivemos e existem planetas inumeráveis.

Todos já tiveram a experiência de observar as estrelas e os planetas. Tudo isto é um universo.

E milhões destes universos estão emanando da respiração de Maha-Visnu. Quando Ele expira, os universos brotam; quando ele inspira, os universos se recolhem.

Isto explica os estados da criação e não-criação.

O mundo material é apenas a manifestação ou materialização de um quarto da energia de Krishna.

Dentro do mundo material, há incontáveis universos e, dentro de cada universo, há inúmeros planetas. Vivemos num destes planetas.

Neste planeta, existem cidades incontáveis – Calcutá, Bombaim, Madras, Delhi, Paris, Londres e outras centenas de milhares.

Em cada cidade, existem jornais. E cada um está publicando três ou quatro edições diárias. Este é o planeta mais insignificante e, ainda assim, há tantas notícias para se ouvir.

Portanto, aqui se diz que: srotavya-dini rajendra nrnam santi sahasrasah: “Existem milhões e milhões de temas a ouvir”. Isto é um fato.

Principalmente no Ocidente, qualquer jornal lança três ou quatro edições todidos os as.

Desta forma, se eles têm tantas notícias do mundo material a publicar neste planeta insignificante, imaginem quantas notícias haveria nos três quartos restantes da manifestação da energia de Deus.

Eu Interior

Assim, meu Guru Maharaja disse: “Estais surpreso de que estejamos publicando um jornal diariamente. Mas podemos publicar um jornal a cada minuto. Infelizmente, não existem interessados”.

Eles têm fregueses para seus jornais, mas para nossos jornais precisamos conquistar potenciais fregueses dizendo: “Por gentileza, fique com um. Por gentileza, leve um”.

Eles não estão interessados. Eles se interessam por notícias materiais – rádio, jornal, revista, uma edição depois da outra.

Não têm tempo para ler as notícias sucintas que estamos oferecendo sobre Deus na revista De Volta ao Supremo (Back to Godhead). Por que? Apasyatam atma-tattvam.

Eles não sabem o que é atma, o princípio ativo de todas estas atividades. Eles não sabem.

Na te viduh svartha-gatim hi visnum durasaya ye bahir-artha-maninah [Srimad-Bhagavatam 7.5.31]

Durasya significa que eles têm tantas novidades para ouvir, na esperança de que consigam existir aqui e serem felizes. Durasya significa “esperança inútil”.

Tomemos como exemplo o Arco de Napoleão [o famoso monumento Arco do Triunfo em Paris] . Napoleão estava conquistando toda a Europa e pensava que seria capaz de usufruir a sua conquista.

Contudo, onde está Napoleão? O arco está lá, isto é tudo. As coisas são assim. Contudo, ele se esforçou tanto. O arco permanecerá porque é de pedra, mas ele se foi. Ele acabou.

Isto é conhecido como apasyatam atma-tattvam. As pessoas não sabem o que é a realidade. Elas simplesmente estão atrás da falsa realidade.

Este é um ponto muito importante. Tentem entender. Atma-tattvam.

Aquele que não sabe o que é atma – o que é a alma, ou a natureza da alma – não conhece a realidade.

A PRIMEIRA LIÇÃO DE ARJUNA

Por esta razão, no Bhagavad-gita, Krishna começa explicando a constituição de atma, ou alma espiritual.

Quando começou a ensinar o Bhagavad-gita a Arjuna, a primeira lição foi convencê-lo da alma que está dentro do corpo. Isto é conhecido como atma-tattvam. Ninguém sabe sobre isto.

Portanto, bahir-artha-maninah: eles estão aceitando o elemento externo. Nós podemos entender muito facilmente que o corpo é o elemento externo. O “Eu” verdadeiro está dentro.

Eu Interior

Logo que largamos este corpo, o componente externo passa a ser tão inútil quanto lixo na rua.

As pessoas não entendem isto. Elas estão ocupadas catando lixo. “Tragam mais lixo, mais lixo”. Elas pensam: “Este lixo irá salvar-me”.

Por outro lado, atma-tattvam significa pensar: “Agora eu estou dentro deste lixo. Depois de deixar este lixo, eu ajuntarei muitos outros lixos.

E, desta forma, trabalhando inutilmente por toda minha vida, por fim transmigrarei deste corpo para um outro corpo de lixo”.

Apasyatam atma-tattvam descreve aqueles que não sabem disto. Apasyatam signica “não ver”.

A significa “não” e pasyatam significa “ver”, ou “aquele que vê”. Ele está vendo da seguinte forma: “Este lixo é tudo”. Ele não compreende atma-tattvam.

Apasyatam atma-tattvam grhesu. Grha significa “casa”. Vocês tomam este corpo como casa, porque estamos vivendo dentro do corpo.

Da mesma forma, estamos vivendo neste planeta e dentro deste universo, que também são casas.

Posso ter uma pequena casa ou apartamento com três metros quadrados, isto é tudo. Isto também é casa.

Nós temos apego por esta casa, três por três, ou milhões por milhões de metros quadrados.

LIBERDADE” DE CACHORRO

Somos seres vivos que se encontram dentro desta casa. O universo inteiro é a casa, porque estamos vivendo aqui.
Assim também, mudamos de um lugar para outro. De Bombaim posso viajar para Paris.

Tudo isto é a mesma casa – dentro do universo ou dentro deste planeta.

Vemos que as pessoas estão muito ocupadas, dirigindo automóveis a 100 km por hora. Contudo, dentro de Paris, as pessoas podem dirigir a 70 a 80 km, mas não podem passar disto.

Um dos nossos conterrâneos, o poeta Rabindranath Tagore, estava em Londres e viu que as pessoas andavam muito apressadas.

Diante disto, ele disse: “Estas pessoas andam muito rápido. Contudo, como este país é muito pequeno, elas cairão no mar”.

Vocês entendem? Isto irá acontecer. [Risos.] Um cachorro solto no parque pula e corre. Mas logo que seu dono diz:

“Venha, venha”, o cão precisa obedecer: “Sim, senhor”.

“Dê-me o seu pescoço”.
“Sim, senhor”.

Liberdade Ilusória – O Eu Interior

O cão pensa que é livre, mas logo que seu dono chama, ele precisa atender. Esta é a nossa posição.

Estamos muito ocupados, mas o dono é a natureza material. Daivi hy esa guna-mayi mama maya duratyaya. [Bhagavad-gita, 7.14]

O fato é que estamos sob as leis rigorosas da natureza material. Não temos liberdade e disto não sabemos. Lutamos tanto por isto.

As guerras espalham-se por todo o mundo, principalmente na Europa, em nome da liberdade. Vocês têm a Estátua da Liberdade. E na América, também, há liberdade.

Contudo, onde está a liberdade, senhores? Isto eles não sabem responder.

Por que? Apasyatam atma-tattvam. Eles não sabem o que significa liberdade.

Por esta razão, lançam tantos jornais pela liberdade, a chamada liberdade. Contudo, não existe liberdade. Mesmo os mais eruditos leitores não têm liberdade, o que dizer de nós.

O Eu Interior

Por esta razão, Krishna realça no Bhagavad-gita [13.9] que a verdadeira liberdade conquista-se quando você se liberta dos seus problemas: janma-mrtyu-jara-vyadhi-duhkha-dosanudarsanam.

Se você libertar-se destas quatro coisas – nascimento, morte, velhice e doença -, isto é liberdade.

Contudo, onde se encontra esta liberdade? Os chamados cientistas, grandes e eminentes cientistas, fizeram importantes progressos científicos, mas não se libertaram da morte.

Eles devem morrer na data determinada. O professor Einstein ou qualquer outro grande cientista não seria capaz de fabricar qualquer instrumento científico e mantê-lo sob a guarda do seu estudante, dizendo: “Logo que eu morrer, ligue imediatamente este aparelho. Eu voltarei a viver”.

Onde está a liberdade?

O chamado progresso científico, o avanço da civilização, é semelhante aos saltos de um cão. Isto é tudo.

Não tem qualquer valor. O valor verdadeiro é entender atma-tattvam: O que eu sou? Por que a morte me é imposta? Eu não quero morrer. Por que tenho que envelhecer? Não desejo tornar-me um homem ou uma mulher velha. Quero continuar jovem e belo”.

“Não senhor, isto não é possível”

Então, onde está sua liberdade? Por que vocês estão saltitando tanto? Logo o dono chegará e vocês dirão: “Sim, senhor, amarre-me”.

Vocês estão totalmente sob o controle da natureza. A natureza está lhes conduzindo pela orelha.

“Venham aqui”.
“Sim, senhor”.

“Venham aqui”.
“Sim, senhor”.

E vocês acreditam que são livres. Vocês estão absolutamente sob o controle dos modos da natureza material.

prakrteh kriyamanani
gunaih karmani sarvasah
ahankara-vimudhatma
kartaham iti manyate

O Eu Interior

“Confusa, a alma espiritual que está sob a influência do falso ego julga-se a autora das atividades que, de fato, são executadas pelos três modos da natureza material”. [Bhagavad-gita 3.27]

Isto é conhecido como falso ego: “Eu sou alguém. Sou Napoleão Bonaparte. Sou Mussolini. Sou Hitler. Isto é ahankara-vimudhatma. Tolos e patifes pensam desta forma”.

“Não há liberdade, senhor. Nenhuma liberdade”

Por estar enfatuada com falso prestígio, uma pessoa pensa: “Eu sou alguém. Eu posso fazer alguma coisa”. Esta é a doença.

Para tais pessoas, estes jornais parecem ser muito úteis.

Contudo, para alguém que está estabelecido em atma-tattvam, não há necessidade de tomar conhecimento das chamadas notícias.

KRISHNA ACESSÍVEL – O Eu Interior

“Eu sou Brahman. Não tenho nada com este mundo material”. As pessoas que sabem disto devem tentar entender Krishna. Esta é a única atividade. Não há qualquer outra.

E como vocês poderão conhecer Krishna? Através do serviço. Krishna concordou: “Eu aceitarei seu serviço”.

Assim, Ele aparece como a deidade no templo. Vocês não podem servir a Krishna em sua forma ilimitada.

Vocês têm potências limitadas, mas Krishna acedeu em vir sob essa forma, para que vocês possam tocá-lo.

Vocês podem tocar em Seus pés de lótus. Podem fazer roupas para Krishna com devoção. Podem vesti-Lo e preparar alimentos de acordo com sua capacidade.

Podem oferecer as preparações para Krishna e Ele comerá. Ele diz:

patram puspam phalam toyam
yo me bhaktya prayacchati
tad aham bhakty-upahrtam
asnami prayatatmanah

“Se alguém me oferecer, com amor e devoção, folhas, flores, frutas ou água, eu as aceitarei”. [Bhagavad-gita 9.26]

Krishna é tão gentil que, embora seja onipresente e ilimitado, Ele concordou em aceitar seu serviço, apenas para lhes dar a liberação desta ignorância, desta falta de atma-tattva.

O movimento para a consciência de Krishna foi criado para ajudar todos a servirem a Krishna.

Krishna, Deus, é grande. Vocês não podem imaginar como Ele é grande. Contudo, ainda assim, ele concordou em aceitar seu serviço, tornando-se pequeno.

Isto é grandeza. No mundo material, algo muito grande não pode tornar-se pequeno. O elefante é um animal enorme.

Vocês podem pedir ao elefante: “Por favor, torne-se pequeno como uma formiga”.

“Ó, isto é impossível, senhor. Isto não é possível”.

Contudo, Deus é tão grande que, embora seja ilimitado, Ele pode entrar no átomo.

Anor aniyan mahato mahiyan: “Maior do que o maior de todos, menor do que o menor de todos”. Este é Deus. No Brahma-samhita 95;35), diz-se que:

eko ‘py asau racayitum jagad-anda-kotim
yac-chaktir asti jagad-anda-caya yad-antah
andantara-stha-paramanu-cayantara-stham
govindam adi-purusam tam aham bhajami

O Eu Interior

Apenas para criar este mundo material, uma porção de Krishna – Paramatma – entrou no maha-tattva sob a forma de Maha-Vishnu e no universo como Garbhodakasayi-Vishnu.

Ele entrou no coração de cada um como Superalma (Ksirodakasayi-Vishnu) e entrou no átomo – embora seja tão grande.

Pela misericórdia de Krishna, Ele pode tornar-se menor do que o menor de todos e maior do que o maior de todos.
Não podemos conceber quem é maior do que o maior de todos. Isto não é possível.

Portanto, por Sua misericórdia, Krishna assumiu uma forma adequada para ser manuseada por vocês.

A deidade no templo é conhecida como arca-murti ou arca-vigraha. A adoração à deidade é arcanam. Este é um dos nove itens do serviço devocional.

Vocês podem ouvir sobre Krishna, cantar as glórias de Krishna, oferecer orações a Krishna. Existem nove diferentes formas.

Tentem apenas compreender Krishna por todos estes nove processos, por alguns destes processos, ou até mesmo por um deles.

Krishna aceitará. Ele é muito bondoso.

E logo que vocês compreenderem a natureza de Krishna, então serão liberados. Tyaktva deham punar janma naiti mam eti so ‘rjuna. [Bhagavad-gita 4.9] Este é o processo.

O Eu Interior

O verdadeiro problema é como sair da existência material. Se continuarmos presos à existência material – seja ao corpo, à sociedade ou à nação -, esta será nossa prisão.

Devemos nos esforçar por entender a posição da alma e como voltar para casa, voltar ao Supremo, para encontrarmos novamente a Superalma, Krishna, e vivermos lá permanentemente numa existência de bem-aventurança plena de conhecimento.

É disto que precisamos.

Muito obrigado.

(Palestra proferida por Sua Divina Graça,
A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada em
11 de junho de 1974, em Paris.)
Por Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
Fundador-Acarya da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna

srotavyadini rajendra
nrnam santi sahasrasah
apasyatam atma-tattvam
grhesu grha-medhinam

créditos de imagem destacada: asia-2153512pixabay.com



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