Luiz Gama, 1º advogado negro do Brasil
Luiz Gama, 1º advogado negro do Brasil>> O primeiro advogado negro do Brasil, Luiz Gonzaga Pinto da Gama, nasceu em Salvador (BA) em 1830.
Filho de uma guerreira negra, a ex-escrava Luiza Mahin, e de um português senhor de engenho.
Luís Gama foi também o primeiro grande líder negro de São Paulo
Gama nasceu livre, mas foi vendido como escravo aos 10 anos pelo próprio pai.
Na juventude aprendeu a ler e tomou ciência de sua condição de homem livre, tornou-se autodidata e enveredou pelo exercício da advocacia, mesmo sem ser formado, e da militância política.
Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu em 21 de julho de 1830.
Era filho de um português e de Luiza Mahin, negra acusada de se envolver com a Revolta dos Malês, na Bahia – a primeira grande rebelião urbana de escravos da história do Brasil. Aos 10 anos, tornou-se cativo, vendido pelo próprio pai.
Luiz Gama morou com a mãe em Salvador até os oito anos
Quando a líder rebelde teve que fugir para o Rio de Janeiro, buscando escapar da forte perseguição policial, Luiz foi entregue ao pai, um fidalgo português.
Jogador compulsivo e afogado em dívidas, seu pai lhe vendeu a um traficante e Luiz Gama virou escravo doméstico em São Paulo.
Aos 18 anos, sabendo ler e escrever, conseguiu provas irrefutáveis da ilegalidade de sua condição, pois era filho de uma mulher livre.
Já liberto, em 1848 assentou praça na Força Pública da Província.
Em 1854 teve baixa da Força Pública por insubordinação e em 1856 foi nomeado escrevente da Secretaria de Polícia.
Foi nesse período, como escrevente, que Luiz teve acesso à biblioteca do delegado, então professor de Direito.
Autodidata e dono de uma memória excepcional, Luiz Gama se tornaria um grande advogado (rábula).
Luiz Gama um dos abolicionistas mais atuantes de São Paulo
Foi um dos abolicionistas mais atuantes de São Paulo. Com seu trabalho nos tribunais, conseguiu a libertação de centenas de negros mantidos injustamente em cativeiro ou acusados de crimes contra os senhores.
Especializou-se nessa área.
Três anos depois, publicou seu único livro de poesias.
Seu célebre poema A Bodarrada ironizava os que tentavam negar a influência africana na formação da nossa identidade nacional.
Ao admitir no poema que também era bode – termo pejorativo usado para ridicularizar os negros –, Gama tornou-se o primeiro escritor brasileiro a assumir explicitamente sua identidade negra, sendo assim o fundador da literatura de militância dos negros no Brasil.
Luiz Gama um negro advogado e escritor
Também colaborou com diversos periódicos, escrevendo para jornais satíricos de São Paulo.
Em 1880, já tinha se transformado em um líder do movimento abolicionista da cidade.
Lutou nas cortes provincianas para estabelecer o princípio de que todos os escravos ingressos no país após a proibição do tráfico negreiro, em 1850, eram livres por lei.
Considerava legítima a defesa dos crimes cometidos por escravos contra seus senhores
Por insistência de Lúcio de Mendonça, advogado e amigo, Luiz Gama escreveu uma carta autobiográfica.
Graças a ela, a lembrança de Luiza Mahim chegou até os dias atuais.
Após longo período de doença, Luiz Gama morreu no dia 24 de agosto de 1882, em São Paulo.
Como advogado prático (rábula), obteve sua primeira grande vitória advogando em causa própria, livrando-se da condição de escravo.
Como poeta, especializou-se na sátira.
Como jornalista, polêmico, tinha por principal causa a luta contra a escravidão.
Sua militância culminava na advocacia em favor dos escravos
Mais de 500 negros foram libertados por ele nos tribunais.
E um de seus recursos era invocar a lei de 1831 que aboliu o tráfico interoceânico de escravos.
Incansável agitador das causas negras, Gama foi perseguido e ameaçado de morte.
Seu enterro, no dia 24 de agosto de 1882, foi uma apoteose que mobilizou toda a São Paulo da época.
No cortejo, da rua do Brás (atual Rangel Pestana), onde Luís Gama morava, até o Cemitério da Consolação, estava presente sua volumosa corte de admiradores, formada por negros humildes, estudantes da Faculdade de Direito, escritores, jornalistas, alguns membros da crescentemente poderosa elite cafeeira e até um membro destacado da mais rica família do período, Martinico Prado.
Seu túmulo ainda está no Cemitério da Consolação, identificado pela lápide: “Abolicionista Luís Gama, ✭ 21-06-1830 ✝ 24-08-1882”.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
Fonte: Folha de S. Paulo, revista Veja e o livro As mil vidas de Luiz Gama, da editora Summus
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