Princípio de conexão causal e o acausal Sincronicidade
Princípio de conexão causal e o acausal Sincronicidade>> Estamos acostumados a pensar em termos de que para todo efeito existe uma causa.
Assim sendo, sempre pensamos que o fato A gerou o fato B que gerou o fato C e consequentemente, o ocorrido é a resultante desses fatores.
Entretanto, isso reflete apenas o nosso pensar linear em função do tempo cronológico.
O tempo da terra e da matéria, como já vimos no artigo anterior.
Por outro lado, essa não é a única maneira de pensar, e nem é dessa maneira que ocorrem os fenômenos sincronísticos.
Decerto, fenômeno de sincronicidade é um fenômeno onde um evento do mundo exterior, físico, coincide significativamente com um estado mental psicológico.
Já vimos todavia, que o tempo psicológico, tempo do inconsciente, não funciona dessa maneira e está distante dessa regra.
Princípio de conexão causal e o acausal Sincronicidade
A sincronicidade consiste de dois fatores:
a) uma imagem inconsciente vem a consciência diretamente ( isto é, literalmente ).
Ou então, indiretamente ( simbolizada ou sugerida ), sob forma de um sonho, ideia ou premonição.
b) uma situação objetiva coincide com esse conteúdo. Uma é tão enigmática quanto a outra.
Portanto, essas experiências de sincronicidade foram associadas por Jung, à relatividade do espaço e do tempo, bem como a um certo grau de inconsciência e ele cita em seu livro “A Natureza da Psique “:
“Os aspectos realmente diferentes e confusos desses fenômenos, até onde posso perceber, no presente são [perfeitamente explicáveis com a suposição de um continuum espaço – tempo, psiquicamente relativo.
Tão logo um conteúdo psíquico cruze o limiar da consciência, o fenômeno marginal sincronístico desaparece, tempo e espaço reassumem seu poder habitual, e a consciência uma vez mais se isola em sua subjetividade…
Reciprocamente, os fenômenos sincronísticos podem ser evocados, colocando-se o sujeito em um estado inconsciente”
Assim sendo, ele definiu a sincronicidade como um princípio de Conexão Acausal.
Em outras palavras, uma conexão misteriosa entre a psique do indivíduo e o mundo físico, material, que se baseia no fato de que no fundo são apenas diferentes formas de energia.
Jung concluiu que a psique e a matéria seriam apenas dois aspectos diferentes de uma mesma coisa.
Ademais, porque os fenômenos sincronísticos mostram que o não-psíquico comporta-se como psíquico, e vice – versa, sem que haja conexão causal entre eles.
Princípio de conexão causal e o acausal Sincronicidade
O pensamento causal é uma forma de pensar linear de trás para frente e que por conseguinte, está vinculada à nossa consciência.
Nosso ego aceita bem porque tem uma ligação com o tempo, com o tempo linear, que é o tempo que rege a consciência.
Dentro desse pensar, todo efeito é uma decorrência de uma causa física ou psicológica.
Assim, ficamos imaginando que os fenômenos físicos se produzem uns aos outros, e que ainda podem exercer um efeito causal sobre os eventos psicológicos.
Portanto, podemos observar isso, em cima da nossa própria experiência, pois sempre que algo acontece na nossa vida, ou mesmo ao nosso redor, o que fazemos?
Buscamos retroceder linearmente no tempo, para algum fato passado, que pudesse ter sido o fatos gerador daquela ocorrência.
E vamos buscando da frente para trás, todos os fatos ou eventos que a eles possam estar coordenados.
Princípio de conexão causal e o acausal Sincronicidade
Entretanto, os físicos modernos têm nos provado a relatividade desse modo de pensar.
Nós já não podemos pensar na causalidade como sendo uma lei absoluta.
De fato, ela é tão somente, como uma tendência, pois alguns fatos fogem a essa regra dominante até então.
A ideia da relação de incerteza já se encontra em germe na teoria do atômico grego Leucippe, que ensinou que os átomos possuíam um certo livre arbítrio.
Ademais essas são as concepções que tocam o espaço-tempo e que são muito interessantes.
Elas se fundamentam sobre a imagem arquetípica de uma onipresença da divindade ou sobre a onipresença de um pneuma divino.
Platão já havia feito alusão, assim como Plotino falava de maneira explicita:
“Deus é uma bola de espírito onde a circunferência está em todo lugar, e o centro em lugar nenhum”.
Princípio de conexão causal e o acausal Sincronicidade
Decerto, no modo acausal de pensar o centro é o tempo.
Assim sendo, parece que o feito ocorre antes da causa, ou melhor, ambos acontecem conjuntamente , ao mesmo tempo.
Entretanto, no fenômeno sincronístico, não é feita distinção entre fatores psicológicos e/ou fatores físicos.
Neles, os fatos internos e os externos, estão reunidos.
Na sincronicidade, Jung enfatiza o fato de que se o nexo entre causa e feito é estatisticamente válido, ele é só relativamente verdadeiro.
Isso, porquanto, a ligação entre acontecimentos em determinadas circunstâncias, pode ser diversa da ligação causal.
Contudo, na China, esse é o modo clássico de pensar.
Os chineses exercitam o hábito de um tipo de pensamento em campos.
Nesse pensar, não existe a preocupação em buscar o porque tal coisa ocorre, ou que fator causou tal efeito, mas o que é provável que ocorra conjuntamente, de modo significativo, no mesmo momento?
O fenômeno tempo é muito mais central na forma sincronística de pensar.
Nele existe o momento crítico, que é um certo momento no tempo que vai surgir como elemento unificador, como um ponto focal para observação desse complexo de eventos.
Continuamos no próximo artigo
Ler parte 1 http://www.grupomeiodoceu.com/internas/2018/11/03/sincronidade-e-as-duas-qualidades-de-tempo/
Ler parte III http://www.grupomeiodoceu.com/internas/2018/11/05/sincronicidade-e-a-forma-qualitativa-de-pensar/
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