SEMPRE TE AMEI – temas de sinastria

SEMPRE TE AMEI>> Costumamos qualificar e quantificar nossos sentimentos como se esses fossem mensuráveis, especialmente aqueles que são de signos de ar.

Intelectualmente buscamos entender e encontrar nexo em questões que desobedecem tanto a lógica como o raciocínio.

Assim, seguimos pela vida rotulando como amor sentimentos de paixão que pela força que exercem sobre nós são entendidos como algo eterno.

Em primeiro lugar, sabemos por intermédio do próprio exercício de vida que nada nesse plano da matéria é eterno.

Ademais, só podemos colocar expectativas de eternidade nas coisas que transcendem à matéria.

Nutrimos profundos sentimentos por nossos filhos; entretanto, em condições normais, não nos desesperamos a cada vez que eles se afastam de nós.

Nos basta saber que estão bem

Da mesma forma, desejamos que nossos filhos sigam suas vidas.

Desejamos que encontrem seus caminhos, mesmo que esse encontro signifique não morar ao nosso lado, e até mesmo viver em outro país.

Mesmo sem desesperar-nos, não questionamos nosso amor, porque esse está, e sabemos o quão profundo ele é.

Por outro lado, passamos pela vida encontrando pessoas que julgamos amar pelo impacto que provocam em nós.

E, além disso, pela falta que fazem para nossa própria vida, vivenciamos a sensação que nos causam de incompletude em suas ausências.

Elas se tornam vitais e isso tem reflexos.

A sensação de ser algo tão essencial como o próprio ar que respiramos.

Pelo desconforto que nos causam suas ausências e pela sensação de falta em que são capazes de nos deixar.

Costumamos rotular esses sentimentos de amor sem conjecturarmos sobre o quanto ele difere do que somos capazes de nutrir em relação aos nossos próprios filhos.
nunca te vi mas sempre te amei,

SEMPRE TE AMEI – o amor e a paixão

Fomos educados de tal maneira que insistentemente somos levados a confundir necessidade com amor, assim como temas da matéria com temas do espírito.

Um dos sintomas mais visíveis do estado de necessidade é a manifestação de ciúme e possessividade.

Quando precisamos do outro – e para que possamos estar tranquilos, necessitamos acreditar que é nosso, vale ligar o alarme.

No amor, ao contrário, o objetivo não é a posse, outrossim, a necessidade se dirige para a própria felicidade do outro.

Tão importante é esse outro para nós que é mister seja feliz a qualquer preço.

Mesmo que sua felicidade seja estar fisicamente distante de nós somos capazes de lutar por ela.

Entretanto, sabedores de que a distância não será capaz de rouba-los de nós, porque onde ele se encontrar, permanecerá para sempre, em nós mesmos.

Ele faz parte de nós, vive eternizado em nossos corações.
nunca te vi mas sempre te amei,

O amor alimenta nossas mais nobres virtudes, a paixão exalta nossa doença interior

Na realidade, o estado de paixão nada mais é do que um envolver-se consigo mesmo e com a própria alma.

Somente pela falta de contato com ela, buscamos no outro aquilo que necessitamos e que acreditamos só ele será capaz de nos dar.

Contudo, o que vemos e acreditamos pertencer ao outro como num espelho, é nosso.

“O todo de meu amor inclui meu hymeros, meu desejo por você, o meu querer alguma coisa com você e minhas tolas idealizações de que você melhorará, crescerá, se transformará e encontrará suas asas; inclui também meu pothos, aquele anseio, necessidade, saudade de você, e minha necessidade de seu anteros, de seu amor respondendo de volta – todas essas coisas que tornam embaraçoso admitir que estou tão envolvido com você, o outro, ou comigo mesmo e minha própria alma” Aldo Carotenuto

O estado de paixão liga as partes “doentes” dos dois envolvidos.

Por isso, ele ativa em ambos, as partes de sombra.

Ele como que “conecta” nosso lado mais feio, nossas partes sombrias, fazendo muitas vezes com que nos tornemos  vítimas de nossa própria paixão.

Pela paixão equivocadamente chamada de amor, somos capazes muitas vezes de matar, mentir, ferir, agredir, insultar, destruir.

Nos tornamos manipuladores e auto-indulgentes, preguiçosos e incapazes, descobrindo em nós mesmos, o que não sabíamos existir em nós.

Ela nos revela a nós mesmos.

Em nome do amor ( paixão) se cometem os mais bárbaros delitos.

Por isso, por saber do quão frágil se torna nossa consciência e autonomia no estado de paixão, anelamos e tememos esse sentimento.

Rougemont descreve esse estado:

“a paixão é uma espécie de intensidade nua e que despe…

uma obsessão da fantasia concentrada numa só imagem e, a partir daquele instante, o mundo se esvai,

“os outros” deixam de estar presentes, não há mais nem próximo nem deveres, nem vínculos que se mantenham, nem terra nem céu”

Mesmo depois de ter escrito essas coisas, é necessário esclarecer que nada do que foi dito é uma exortação a que a pessoa fuja de tal sentimento.

Todas as vezes que rejeitamos a experiência amorosa através da racionalização, estamos obedecendo à uma lei coletiva interiorizada.

Evidentemente, não podemos ter um conceito de valores formado em relação aquilo que não experienciamos em nós mesmos.

Essa vivência é a possibilidade de nosso próprio crescimento individual.

Momento de sairmos do estado de estagnação para livremente sermos capazes de enfrentar a vida em toda a sua plenitude.

Inclusive, experimentando o que de mágico também existe na experiência amorosa, pois é ela o que nos incita a seguirmos em frente, a enfrentarmos a vida.

Esse sentimento nos supre muitas vezes da esperança que necessitávamos para viver.

A exortação é no sentido do despertar da consciência para o sentimento pelo qual nos estamos deixando possuir.

É muito mais para que evitemos as ilusões da eternidade em sentimentos que fogem à alçada do humano e nos conectam com algo que a nós mesmos transcende.

Na paixão não somos humanos, somos arquétipos e por nosso intermédio é encenada uma peça, um drama arquetípico, atemporal, eterno, mas finito

Na Astrologia, o que mais costumamos assistir quando um cliente pede uma sinastria ( comparação de mapas), é o estado de paixão constelado.

Assim sendo, o indivíduo acaba vivenciando um drama cósmico que foge completamente ao seu controle.

Alternando entre os sentimentos de mais feliz dos mortais e o mais desgraçado, não entende o que ocorre já que não existe controle sobre a situação que vivencia.

Em função disso, desse desespero de medo pela possível falta do outro, pede auxílio.

Quase sempre espera que o profissional que buscou lhe diga que existe muito que ainda não foi dito, mas que está apenas subentendido e a espera para ser vivenciado.

Entretanto, a paixão se alimenta não do que é dito, ou do que é claro; muito ao contrário, ela se alimenta do que ficou sem dizer.

Conquanto, é na ausência de significado do outro que meu mundo interno é projetado, e acabo por me envolver.

Envolver-me comigo mesmo e minha própria alma projetados em um outro, o objeto da minha paixão.

Quase sempre o que se assiste é a momentânea constelação de um arquétipo, quer por progressões, direções, trânsitos, ou tão somente pela simetria entre os dois mapas.

Portanto, é isso o que possibilita o desenrolar do tema arquetípico ou drama cósmico

Vênus e Martes se encontram, sóis e luas se conjugam, e está aberta a cortina para o primeiro ato

Nesse momento, cada um de nós perde a condição de simples mortal para que nos tornemos deuses, desempenhando uma tragédia que nos antecedeu.

O que coube a nós? reeditar em um novo cenário, com novas roupagens, e fisionomias modernas, o drama ancestral.

Não somos os atores, nem mesmo os sujeitos. Somos tão somente títeres de uma história que atravessou os tempos.

Diante desse cenário muito há que se esperar de tragédias a serem vividas, e também muito de crescimento.

Mas como dizer ao cliente que naquele instante se encontra enfeitiçado que é apenas um doente de paixão, que vive aquilo apenas para que por intermédio de sua paixão, e leia-se paixão em seu sentido literal, pathos, doença, possa crescer, se reconhecer, e em última instância estar apto a almejar um verdadeiro ato de amor?

Impossível, incompreensível.

Na paixão também somos acometidos de sintomas específicos.

Dentre eles, a adoção de uma linguagem própria incapaz de reconhecer os sinais para o entendimento de qualquer outra que não seja a que lhe caracteriza, a dos subentendidos e das metáforas.

Trazer o cliente à realidade: algo impossível!

SEMPRE TE AMEI – a cegueira da paixão

Talvez a meta seja exorta-lo a um tempo de espera, o tempo necessário para que a paixão se exaura por si só.

Para que aquele reconhecido como o sempre amado, antes mesmo de ter sido encontrado, seja esvaziado de seu significado e inserido uma vez mais no contexto dos mortais.

Ou então, que entenda que ao dizer sim aquele sentimento, disse também um não, porque quando dizemos sim em se tratando de vida terrena e material, dizemos um sim à vida e à morte.



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Claudia Araujo

Aquário com Gêmeos, sou muitas e uma só. Por amar criar com as mãos, sou designer de biojóias e mantenho o site terrabrasillis.com, assim como pinto aquarelas e outras ¨manualidades¨. Por não me entender sem a busca do mundo interno do outro, sou astróloga com 4 anos e meio de formação em psicologia analítica sob a supervisão de José Raimundo Gomes no CBPJ – ISER e já mantive por anos o site Meio do Céu. Nessa nova etapa mantenho o site grupomeiodoceu.com. Dou consultas astrológicas e promovo grupos de estudo de Jung e Astrologia, presenciais e online. São várias vidas vividas numa única existência, mas minha verdadeira história começa aos 36 anos, e o que vivi antes ou minha formação acadêmica anterior, já nem lembro, foi de outra Claudia que se encerrou em 1988. Só sei que uso cotidianamente aquilo em que me tornei, e busco sempre não passar de raspão pelo mapa astrológico do outro. Mergulhar é preciso, e ajudar o outro a se transformar, algo imprescindível. Só o verdadeiro autoconhecimento pode gerar transformação. Não existe mágica, e essa autotransformação não ocorre via profissional, mas apenas através do real interesse do cliente em buscar reconhecer como se manifesta em sua vida cotidiana e qual seu potencial para a transformação. Todos somos mais do que aquilo que vivenciamos. A busca deve passar sempre pelo reconhecimento daquele eu desconhecido que em nós mesmos habita. A Astrologia é um facilitador nessa busca porque nela estão contidos tanto nossos aspectos luz quanto sombra. Ela resolve nossos problemas? A resposta é não. Ela apenas orienta no sentido do reconhecimento de nossa totalidade. A busca é do cliente. A leitura é do astrólogo, mas só o cliente poderá encontrar o caminho de sua totalidade e crescimento responsável. websites : www.terrabrasillis.com e www.grupomeiodoceu.com Fale com Claudia direto no Whatsapp

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