CLEMENTINA DE JESUS

CLEMENTINA DE JESUS OU QUELÉ

Cantora brasileira de samba, mais conhecida por Clementina de Jesus e Quelé.

Clementina de Jesus da Silva, a Clementina de Jesus, ou, como os amigos carinhosamente a chamavam, Quelé.

Nasceu, na comunidade de Carambita, bairro da comunidade de Valença, município localizado no Sul do Estado do Rio de Janeiro.

Com toda a certeza, há divergências quanto à data de seu nascimento.

Alguns pesquisadores consideram o dia 7 de fevereiro de 1901 e outros a data de 17 de fevereiro de 1902.

Contudo, nasceu em uma família que pulsava ritmo e musicalidade.

Seu pai foi mestre tanto de capoeira quanto violeiro.

Com a mãe aprendeu também os cantos de trabalho, partido-alto, ladainhas, jongos e pontos de macumba.

Em torno dos 8 anos de idade, mudou-se com a família.

Foi para o bairro Oswaldo Cruz, cidade do Rio de Janeiro, onde passou a adolescência.

Quando tinha aproximadamente 12 anos, saía como pastorinha no bloco carnavalesco Moreninha das Campinas.

Nesse período, possivelmente em torno dos 15 anos, passou a cantar no couro da igreja do bairro Oswaldo Cruz.

Ademaism, começou a frequentar rodas de samba.

Em 1940, casou-se com o mangueirense Albino Pé Grande e, consequentemente, foi morar no Morro da Mangueira.

Inicialmente, costumava cantar somente para os amigos.

Conciliava o trabalho doméstico, que exerceu por mais de 20 anos, com as rodas de samba.

Entretanto, no início da década de 1960, em uma dessas rodas de samba, conheceu o poeta e compositor Hermínio Bello de Carvalho.

Hermínio ficou fascinado por sua voz melodiosa.

Em decorrência, a convidou a participar do show “O menestrel”, iniciativa que ambicionava integrar as músicas popular e erudita.

Seu lançamento para o grande público aconteceu meses depois, ainda na década de 1960.

Foi no musical “Rosa de Ouro”, organizado por Hermínio Bello de Carvalho, que despontou na carreira.

Contando com a presença de vários artistas, dentre os quais Elton Medeiros e Araci Cortes.

Clementina, nesse período, tinha provavelmente 64 anos.

Em 1965, o musical “Rosa de Ouro” foi transformado pela Odeon em LP, constituindo-se, portanto, na estreia de Clementina em disco.

Em 1966, viaja para Dacar, Senegal, representando o Brasil no “Festival de Arte Negra”, juntamente com Paulinho da Viola, Elisete Cardoso e Elton Medeiros.

Clementina continuou colhendo os frutos do show “Rosa de Ouro”, pois em 1967 teve o lançamento do LP Rosa de Ouro – Volume II.

Nesses discos, cantou diversos jongos, como “Benguelê” e “Boi não berra” (de domínio público), dentre outros sambas consagrados.

O show “Rosa de Ouro” foi decerto um marco na vida artística de Clementina

Além do estrondoso sucesso, que lhe possibilitou gravar dois LPs, os sambistas que participaram das gravações a homenagearam com a gravação do partido-alto criado por Elton Medeiros “Clementina, cadê você?”.

Desde então, a cantora, com sua voz grave e melodiosa de partideira, passou a ser convidada para tomar parte em vários espetáculos.

Fez sucesso tanto no Brasil quanto no exterior, além de começar a participar em gravações de diversos LPs.

No ano de 1968, Clementina, ao lado de Pixinguinha e João da Baiana, participou da gravação do LP Gente da antiga.

Participou ainda, do LP Mudando de conversa.

Essa gravação foi ao lado de Ciro Monteiro e Nora Ney, ambos pela gravadora Odeon.

Dessa maneira, já consagrada, no ano de 1970, Clementina lançou um LP individual cujo título é Clementina, cadê você?.

Em 1973, meses depois de ter tido um trombose, com força e perseverança, gravou mais um LP individual.

O LP chamava-se Clementina de Jesus – Marinheiro só, pela Odeon.

Desse LP constava “Marinheiro só” (folclore popular adaptado por Caetano Veloso), dentre outras canções antológicas.

No ano de 1976, lançou o LP Clementina de Jesus – convida Carlos Cachaça.

No ano seguinte, em 1977, participou como convidada de Clara Nunes no LP As forças da natureza.

Enquanto que no ano de 1982, a Escola de Samba Lins Imperial apresentou-se com enredo em sua homenagem, “Clementina – Uma Rainha Negra”.

Além disso, nesse mesmo ano, gravou o LP Canto dos escravos, com Tia Doca e Geraldo Filme, lançado pela gravadora Eldorado.

Em 1983, Clementina foi homenageada com um espetáculo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com participação de Paulinho da Viola, Elisete Cardoso, João Nogueira, Gilberto Gil, Beth Carvalho, Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal e da bateria da Mangueira.

No ano de 1984, participou do disco Partido-alto nota 10, de Aniceto do Império.

Em 1985, gravou pela EMI Music o disco Clementina e convidados.

O LP contou com a participação de João Bosco, Roberto Ribeiro, Martinho da Vila, Dona Ivone Lara e Clara Nunes, dentre outros cantores consagrados no mundo do samba.

Nesse disco, Clementina também expressou-se como compositora.

Clementina estava em uma fase de grande energia criativa.

Além de gravar vários LPs, apresentou-se com Nelson Cavaquinho em vários shows, em turnê no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.

Incansável, Clementina atuou em shows até maio de 1987, quando fez sua última apresentação no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro.

Clementina, a Rainha Quelé, faleceu em 19 de setembro de 1987, no Rio de Janeiro, deixando um legado de uma das mais finas expressões da música afro-brasileira

Um afro abraço.

Claudia Vitalino.
Pesquisadora-Historiadora-Comissão estadual da verdade da escravidão negra – CTSPN/UNEGRO/Coordenadora do grupo de pesquisa do Instituto Perola Negra

fonte: http://www.dicionariompb.com.br/clementina-de-jesus




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Claudia vitalino

UNEGRO-União de Negras e Negros Pela Igualdade -Pesquisadora-historiadora CEVENB RJ- Comissão estadual da Verdade da Escravidão Negra do Estado do Rio de Janeiro Comissão Estadual Pequena Africa. Email: claudiamzvittalino@hotmail.com / vitalinoclaudia59@gmail.com

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