Vamos colocar o centro no centro

00Vamos colocar o centro no centro

“No círculo, como imagem espelhada do universo, as contradições estão suprimidas e toda potência está contida. Início e fim coincidem nele, seu centro é o colo do mundo”.

Maria-Gabriele Wosien

Vamos colocar o centro no centro
Vamos colocar o centro no centro

“Colocar o centro no centro” é uma frase muito dita em rodas de Dança Circular. Nós, focalizadoras, costumamos dizer a frase quando o círculo de dançantes perde sua forma redonda, o que gera um descentramento da organização espacial e simbólica dessa prática coletiva de dança.

Quem já participou de rodas de Danças Circulares teve a oportunidade de estar diante de um centro, materialmente organizado e, normalmente, concebido com um primoroso senso estético. O centro das rodas é parte constitutiva do próprio conceito de Dança Circular; é um elemento essencial e orientador da prática.

Buscando a unidade

O centro organiza a dança, concreta e simbolicamente

Quando estamos em um círculo de dança, nós nos colocamos lado a lado aos demais dançantes. Ombro a ombro. De mãos dadas. Na geometria sagrada do círculo, não há frente e trás ou em cima e embaixo. O círculo se forma justamente quando nos juntamos, anulando as diferenças e buscando a unidade.

O que nos possibilita trazer à consciência a noção de unidade durante a dança é a atenção plena ao centro do círculo porque ao o considerarmos como referência para nossa organização – para o nosso modo de estar naquele círculo – é preciso cuidar para não ficar à frente ou atrás dos que estão ao nosso lado. Desse modo, estar atento aos nossos passos é um modo de também cuidar do outro e do círculo como um todo. Assim, a Dança Circular nos possibilita o valioso exercício de perceber a combinação perfeita entre mim, os outros e o todo.

Espaço Sagrado

O ponto central do círculo de dança poderia ser um lugar imaginário, no entanto, tornou-se tradição que o centro do círculo seja também um espaço intencionalmente sagrado, ou seja, o centro é concretamente concebido por quem o organiza como um espaço que simboliza e significa. Simboliza a própria ideia de unidade, de totalidade, que os dançantes buscam e ao mesmo tempo ajudam a criar, compondo uma dinâmica troca de força criativa entre nós e o círculo.

 

Vamos colocar o centro no centro
Vamos colocar o centro no centro

 

Sensações e sentimentos que nos tomam durante algumas coreografias advêm dessa relação que estabelecemos com o centro, o qual, com sua força centrípeta, nos puxa em sua direção O centro também significa, porque muitos centros são temáticos, ou seja, são compostos por objetos que representam algo maior, como os quatro elementos, arquétipos de deusas, a natureza, santos ou orixás, sentimentos. A intenção colocada em cada objeto que compõe o centro emanará para os dançantes e, quiçá, destes para o planeta.

Estruturalmente, o centro deve estar igualmente distante de cada dançante. Se imaginarmos que o centro é um novelo com várias pontas e que cada dançante segura uma delas, teremos uma bela imagem mental de uma flor ou dos raios do Sol. Pelo centro, imaginemos também, passa um outro eixo imaginário, vertical, simbolizando a conexão terra e céu.

Vamos colocar o centro no centro
Vamos colocar o centro no centro

 

Ir ao centro nas coreografias tem força significativa própria. Embora cada coreografia possua seu significado particular, normalmente o “ir ao centro” simboliza um momento importante da narrativa da dança. Representa o momento em que encontramos o divino; bebemos da fonte primeva; lidamos com nossa força criativa; percebemos nossa unidade; avançamos na nossa espiral da vida e, ao voltarmos de lá, recomeçamos nossa jornada, compassando nosso futuro, às vezes dando alguns passos para rever o passado; mantendo ou perdendo o ritmo; trocando de par ou não.

E o centro está lá, em seu silêncio acolhedor, esperando que nos concentremos nele para recebermos o melhor que podemos dar a nós mesmos.

Autora substituta
Lilian Abram
Sou linguista, pesquisadora e docente na Universidade Federal de Goiás, onde trabalho com formação de professores das áreas de língua portuguesa e línguas indígenas. Tenho 47 anos, Sol em Sagitário e Capricórnio como Ascendente. Sou mãe de Dora e amiga de meus gatos e cachorros. Aprendiz de Tarô e Astrologia. Participei de minhas primeiras rodas de Dança Circular em 2010 e me apaixonei por seu alcance terapêutico e sua força motivadora em direção à cura. Fiz minha formação com Renata Ramos e desde março de 2015 focalizo rodas regulares. Minhas primeiras rodas foram em Alfenas (MG). Desde 2016, faço uma roda semanal no Ateliê Hermético O Arcano, em Goiânia (GO). Nessa experiência, dançamos com o Tarô. Desde outubro de 2017, ofereço, junto com outras focalizadoras, uma roda aberta mensal num dos parques da cidade. Desde 2010, quando comecei a frequentar as rodas de Dança Circular, tenho participado de workshops e, atualmente, estou fazendo outra formação com Cristina Bonetti, no Centro Livre de Artes, de Goiânia.

Lilian Abram
Lilian Abram




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Andiara Maria

Canceriana, com Ascendente Áries, Lua em Libra, Nodo Sul em Gêmeos, Sol aspectado por Marte e Urano. A inquietude em pessoa. Não praticasse regularmente a Meditação Transcendental-Sidhis há mais de 30 anos, já estaria em outra dimensão. Jornalista, pós-graduada em Jornalismo Literário, acumulando 38 anos de experiência em emissoras de TV, impressos, assessorias de imprensa, produtoras de vídeo, rádio agências de publicidade. Buscadora constante, cursei também uma especialização em Psicologia Analítica, passeei pela Astrologia, Florais, Xamanismo, Benzições... A dança sempre esteve presente em minha vida. Desde a primeira infância rodopiava e sonhava com sapatilhas e frufrus. Vibrei com o clássico, jazz, dança do ventre, dança cigana, morri de paixão pelo Flamenco. Mas o encontro com as Danças Circulares Sagradas foi definitivo. Logo desejei e me tornei focalizadora. Assim como a MT-Sidhis, a roda me faz sentir inteira, alimenta meu ser, me leva ao encontro do Absoluto. Para entrar em contato com Andiara: andiaramaria@hotmail.com

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