Os 7 Astros errantes – Vênus

Os 7 Astros errantes – Vênus

Na antiguidade os sábios que estudavam o céu das estrelas perceberam que alguns astros se movimentavam através do cinturão das constelações do Zodíaco, razão pela qual os chamaram de “Astros errantes”.

Estrela dos Magos – Vênus

Vênus

Vénus é um planeta do tipo terrestre ou telúrico, tido como um planeta irmão da Terra, já que ambos são similares quanto ao tamanho e massa. Em função da sua grande luminosidade no céu, é considerado como um planeta benéfico na Astrologia tradicional.

Astrologia

Vênus tem analogia com o Amor, a harmonia, a conciliação, a associação, a complementação, a diplomacia, a simetria, a estética, os cosméticos, o perfume, o espelho, as joias, as flores, a arte em suas diversas manifestações, como música, canto, dança, pintura, escultura, poesia, costura.

Venus, Codex Schürstab, A treatise on medical astrology Nürnberg, 1472

Suas qualidades são a simpatia, a graciosidade, o romantismo, a compaixão, o humanismo, a calma, a gentileza, a delicadeza, a cortesia, a cordialidade, a docilidade, a brandura, a pureza, o decoro, a decência, a suavidade, a sensibilidade artística, o charme.

Tem que tomar cuidado com a superficialidade, a futilidade, a ociosidade, a preguiça, a sensualidade desregrada, o exibicionismo, a leviandade, a vulgaridade, a infidelidade, o ciúme doentio, uma vida focada em luxo e prazeres, a imoralidade, escândalos.

Astronomia

Vênus é um planeta um pouco menor do que a Terra, com um diâmetro médio de 12.103,6 quilômetros, apenas 650 km menor que o do nosso planeta.

Sua massa equivale a 81,5% da massa da Terra, igual a 4,8685 ×1024 kg e sua densidade é de 5,243 g/cm³, um pouco menor do que a terrestre, de 5,515 g/cm³.

Está a uma distância média equivalente a 72% da distância da Terra ao Sol. Seu afélio é de 108.942.000 quilômetros e o periélio é de 107.476.000 quilômetros, numa órbita elíptica com uma excentricidade orbital mínima, de 0,006772.

Quando Vênus se coloca entre a Terra e o Sol, numa posição conhecida como “conjunção inferior”, ele faz a maior aproximação da Terra entre todos os planetas, ficando a uma distância média de 41 milhões de quilômetros

Conjunções inferiores sucessivas de Vénus se repetem numa ressonância orbital muito próxima a 13:8, ou seja, a Terra orbita 8 vezes para cada 13 órbitas de Vénus, criando uma sequência na forma de um pentagrama.

Pentagrama de Vênus

Seu período de translação ao redor do Sol é de 224,7 dias. Sua velocidade orbital média é de 35,02 km/s. Porém, enquanto a maioria dos planetas gira sobre seu eixo no sentido anti-horário, Vênus gira em sentido horário, em uma rotação conhecida como retrógrada.

Ele gira sobre seu eixo a cada 243 dias terrestres, a mais lenta rotação entre todos os planetas. Assim, um dia sideral venusiano é mais longo do que um ano venusiano (243 contra 224,7 dias terrestres).

Vênus tem uma atmosfera extremamente densa, composta principalmente de dióxido de carbono (96,5%) e uma pequena quantidade de nitrogênio e outros gases.

A massa atmosférica é 93 vezes maior que a da Terra, enquanto a pressão na superfície do planeta é 92 vezes maior que a de nosso planeta, uma pressão equivalente àquela encontrada a 1 km de profundidade em nossos oceanos.

Acima da densa camada de CO2 estão espessas nuvens constituídas principalmente de gotículas de dióxido de enxofre e ácido sulfúrico, que refletem de volta para o espaço cerca de 60% da luz do Sol que incide sobre elas.

Estrutura das nuvens na atmosfera venusiana em 1979, revelada pelas observações em ultravioleta da sonda ‘Pioneer Venus Orbiter’

Estas condições climáticas geram o mais forte efeito estufa do Sistema Solar, criando temperaturas medias na superfície em torno de 460 °C, o que torna o planeta Vênus impossível de ser habitado pela espécie humana.

Sua gravidade é de 8,87 m/s2. aproximadamente igual à da força gravitacional da Terra, de 9,8 m/s².

A maior parte da superfície venusiana parece ter sido formada por atividade vulcânica, com um número de vulcões várias vezes superior ao da Terra, possuindo 167 enormes vulcões que têm mais de 100 km de diâmetro. Além disto, há quase mil crateras de impacto em Vénus.

Como é um astro situado entre a Terra e o Sol, só pode ser observado no nascente ou no poente, porque durante o dia é obscurecido pela luz solar. O afastamento máximo de Vênus ao Sol é da ordem de 47°.

Devido a alta reflexibilidade de sua atmosfera,  é o objeto mais brilhante do céu noturno, depois da Lua. Quando surge de manhã é chamado de “Estrela Matutina” ou “Estrela D’Alva”, ao passo que quando aparece a tarde é denominado de “Estrela Vespertina” ou “Vésper”.

Por ser um dos objetos mais brilhantes do céu, Vênus é conhecido desde a antiguidade. É citado em textos babilônicos cuneiformes, como a placa de Vênus de Ammisduqa, que relata observações que possivelmente datam de 1600 a.C.

Os gregos chamavam a estrela matutina de Phosphoros, “o que traz a luz”, ou Eosphoros, “o que traz o amanhecer”. A estrela que surgia ao entardecer era chamada Hésperos, a “estrela da noite”.

Os romanos, cujo panteão religioso derivou da tradição grega, chamaram o astro errante de Vênus, a sua deusa do amor e da beleza. Hésperos seria traduzido para o latim como Vésper e Phosphoros como Lúcifer, o “Portador da Luz”.

Galileu Galilei observou o planeta no início do século XVII e descobriu que ele apresentava fases como a Lua, variando de crescente para cheia e vice-versa.  Isto só seria possível se Vênus orbitasse o Sol e esta foi uma das primeiras observações a contradizer o modelo geocêntrico do astrônomo grego Cláudio Ptolomeu, vigente na época.

A missão americana Mariner 2 em 14 de dezembro de 1962 ela se tornou a primeira missão interplanetária com sucesso, passando a 34.833 km da superfície de Vênus. Suas pesquisas revelaram que o topo das nuvens venusianas era frio, mas a superfície do solo era extremamente quente.

A sonda soviética Venera 3 provavelmente chocou-se com o solo de Vênus em 1 de março de 1966. Era o primeiro objeto fabricado pelo homem a entrar na atmosfera de outro planeta, embora o seu sistema de comunicação tenha falhado antes que pudesse transmitir qualquer dado.

A sonda norte-americana Magellan foi lançada em 4 de maio de 1989, com a missão de mapear a superfície de Vênus com radar. As imagens de alta definição obtidas durante os 4 anos e meio de operação superaram de longe todos os levantamentos anteriores.

Imagem obtida por radar da superfície de Vénus, centrada à longitude 180° Leste, colhida pela sonda Magellan

A sonda Venus Express foi projetada e construída pela Agência Espacial Europeia. Lançada em 9 de novembro de 2005 por um foguete russo Soyuz-Fregat, ela assumiu com sucesso uma órbita polar de Vénus em 11 de abril de 2006 e está realizando um estudo detalhado da atmosfera e nuvens venusianas.

Mitologia

Afrodite é a deusa grega do Amor e da beleza, cujo nascimento nos remete a Teogonia, o conceito da criação do mundo adotado pelos gregos. Uranos, o céu se unia a Gaia, a Terra e produzia diversos filhos, como os Ciclopes, Titãs e as Titânidas.

Porém, quando seus filhos nasciam, Urano os colocava novamente no útero de Gaia. Desgostosa, ela instigou os filhos para que se revoltassem contra o pai. Cronos, o mais novo dos Titãs foi o único que teve coragem de se opor a Urano.

No momento em que Urano se aproximou de Gaia para fertiliza-la, Cronos utilizou uma foice de sílex para cortar as genitálias do pai. Do sangue de Urano que caiu na superfície da terra foram gerados as Erínias ou Fúrias, os Gigantes e as ninfas Melíades.

Do esperma que caiu no oceano surgiu uma espuma da qual se originou Afrodite, a última criação de Urano, sendo que após isto teve fim a magia da união do céu e da terra, deixando-nos isolados em nossa dimensão telúrica.

Afrodite já nasceu adulta e grávida dos gêmeos Eros e Himeros, sendo Eros o princípio de atração entre os seres e Himeros o deus do desejo sexual.

Nascimento de Vênus, Noël-Nicolas Coypel, 1732

Cronos depois de castrar seu pai tomou o poder. Havia uma profecia que ele seria destronado por seu filho, o que de fato aconteceu. Depois de uma guerra de dez anos, conhecida como a Titanomaquia, Zeus destrona seu pai Cronos e assume o poder, indo governar no Olimpo.

Ele convida Afrodite para fazer parte da corte real do Olimpo, convite este aceito por ela. Algum tempo depois, a contragosto, ela se casa com Hephaistos, filho de Zeus e Hera, feio, coxo e que era o ferreiro dos deuses.

Porém ela gostava mesmo de Ares, o deus da guerra e irmão de Hephaistos. Assim ela traia seu marido com seu cunhado durante a noite, até que um dia eles não acordaram a tempo e ao alvorecer o deus Helios, portador do Sol que tudo vê, presenciou a cena do adultério.

Ele contou a Hephaistos que planejou sua vingança. O hábil ferreiro armou uma rede com um fio invisível sobre o leito e aprisionou o casal no próximo encontro que tiveram. Em seguida, todos os outros deuses foram chamados para testemunhar o ocorrido.

Vulcain surprenant Venus et Mars, Johann Heissmemmingen, 1679

Após o flagrante Vênus foi para Chipre e Ares partiu para a Trácia. Eles tiveram três filhos, dois rapazes, Phobos e Deimos, o temor e o pavor, que acompanhavam o pai e uma garota, Harmonia, que permaneceu com a mãe.

Afrodite depois conheceu Adonis, cujo nascimento foi fruto de uma relação incestuosa entre Smirna e seu pai Téias, rei da Assíria, que entrou sem ser vista no quarto do pai e teve relações com ele. Descobrindo a trama, Téias quis matá-la e Mirra pediu ajuda aos deuses.

Estes a transformaram em uma árvore que foi chamada de Mirra em sua homenagem. Esta árvore produz uma seiva que exala um perfume inebriante. Após alguns meses, a casca da árvore se partiu e dela saiu um menino.

Este menino era Adonis, que se tornou um rapaz de rara beleza e quando Afrodite o viu, imediatamente se apaixonou pelo jovem. Viveram uma tórrida paixão e Afrodite estava feliz em sua companhia.

Certo dia, Adonis quis ir caçar, mas Afrodite, com maus pressentimentos, pediu para ele não ir. O jovem disse para ela não se preocupar e foi caçar, mas um javali selvagem o feriu mortalmente. Afrodite se desesperou e no lugar onde ele faleceu cresceram anêmonas, nascidas do seu sangue.

Venus e Adonis, Francois Lemoyne, 1729

Anquises era um pastor, filho de Cápis e de Temíste da Dardânia. Quando se encontraram Afrodite postou-se diante dele na forma de uma bela e delicada donzela mortal. Anquises contemplou-a, ficou maravilhado pela sua beleza e o amor apoderou-se de Anquises.

Ele ajoelhou a seus pés e tratou-a como uma deusa, mas a deusa mentiu-lhe, dizendo-se uma donzela mortal, uma princesa frígia que também sabia falar a língua dos troianos. Contou que Hermes a arrebatara, e a transportara pelo ar para ser a esposa do pastor Anquises.

Mas desejava que o pastor não a tocasse enquanto não a tivesse apresentado a seus pais e irmãos, porém Anquises, possuído pela paixão, disse que queria ama-la agora, imediatamente, mesmo que depois viesse a morrer.

O mortal deitou-se com a deusa imortal, sem saber o que estava fazendo. Quando acordaram, Afrodite mostrou-se em sua verdadeira forma e beleza. Ele ficou apavorado e implorou sua clemencia, pois nenhum mortal continua com boa saúde depois de ter dormido com uma deusa.

Afrodite o acalmou e eles tiveram um filho, Eneias. Ele se casou com Creusa, filha do rei Príamo de Troia, com quem teve um filho, Iulo.  Eneias lutou na guerra de Troia e sobreviveu, depois partiu para Creta, Sicília e Lácio, onde plantou a semente do que viria a ser Roma.

Venus e Anchise, Annibale Carracci, Fresco de la bóveda del Palacio Farnesio, Roma, 1597

Por falar em guerra de Troia, Afrodite estava envolvida na motivação deste conflito. Tudo começou no casamento de Peleu e Tetis, quando a deusa Eris, a da discórdia, que não havia sido convidada, evidentemente, trouxe uma maçã dourada para a mais bela das deusas.

Imediatamente três deusas tentaram pegar a maça: Hera, Palas Atena e Afrodite. Criado o impasse, pediram para Zeus resolver com quem ficaria a maçã, mas este, não querendo se comprometer determinou que o mais belo dos mortais, o pastor Paris, seria o juiz.

Hermes levou a maçã e as deusas até Paris. Este ficou atônito e pediu que as deusas se despissem para ele decidir quem era a mais bela. Elas se despiram, mas mesmo assim ele ainda estava em dúvida, tamanha era a beleza das deusas. Então cada uma delas fez uma proposta para o mortal.

Hera lhe prometeu o poder absoluto, Palas Atena lhe garantiu a vitória nas guerras justas e Afrodite disse que ele ficaria com Helena, a mais bela das mortais. Ele retrucou que ela era casada com Menelau, rei de Esparta, ao que Afrodite respondeu que isto não seria problema.

Paris entregou a maçã dourada para Afrodite, o que provocou um mal-estar com as outras deusas. Paris e Afrodite foram para Esparta, e a deusa pediu para seu filho Eros flechar o coração de Helena, que ficou imediatamente apaixonada pelo troiano.

Aproveitando a ausência do marido que estava viajando, Paris rapta Helena e a leva até Troia. Considerando isto um ultraje, os gregos montam uma enorme expedição para trazer Helena de volta, o que provocou uma guerra que durou dez anos, até a destruição total de Troia.

El Juicio de Paris, Enrique Simonet, 1904

Certa vez, seu filho Eros se apaixonou por uma mortal, a princesa Psiquê. Abandonada pelo pai, que segundo um oráculo iria se casar com uma criatura monstruosa, Psiquê é transportada pelo vento Zéfiro até um palácio onde não havia ninguém.

Porém todas suas necessidades eram atendidas, se tinha fome, uma refeição lhe era servida, se tinha sede, uma jarra d’água surgia a sua frente. À noite, uma voz suave a chamava e ela terminou por se entregar as delícias do amor, mas sempre no escuro.

Esta era uma condição para que o romance continuasse, que ela não soubesse quem era seu companheiro noturno. Tudo ia bem até que recebeu uma visita de suas irmãs. Estas a instigaram a que acendesse uma luz e descobrisse quem era seu amado, pois ele poderia ser um monstro.

Na próxima noite, percebendo que ele havia dormido, acendeu uma lâmpada e iluminou o rosto de seu amante e viu que era um lindo jovem com asas. Deslumbrada por sua beleza, ela deixa cair uma gota de azeite quente sobre o ombro dele, o que o faz acordar.

Eros fica muito irritado e diz que ela estragou tudo, acrescentando que nunca mais iria vê-lo. O castelo desaparece e Psiquê vaga pelo mundo, desesperada, até que resolve consultar-se num templo de Afrodite. A deusa decide impor à pobre alma uma série de tarefas.

Venus punishing Psyche with a task, Luca Giordano, between 1692 and 1702

Cumpridas as tarefas, sendo que ao final contou com a ajuda de Eros, que nunca deixou de ama-la, Psiquê é levada até a assembleia dos deuses onde é tornada imortal. Eros e Psique tiveram uma filha, cujo nome foi Hedonê a deusa do prazer.

Vénus foi uma das divindades mais veneradas entre os antigos, sobretudo na cidade de Pafos, em Chipre, onde havia um magnifico templo em homenagem a deusa. Pafos era o nome da filha de Pigmaleão e Galateia, uma mulher que tinha sido uma estátua.

Pigmaleão era um hábil escultor e devoto fervoroso de Afrodite. Ele vivia sozinho cansado das iniquidades dos homens e não confiando em nenhuma mulher. Ele fez a estátua de uma mulher tão perfeita que ele acabou se apaixonando por ela.

Penalizada pelo sofrimento de Pigmaleão, Afrodite concede que a estátua ganhe vida e ela passa a se chamar Galateia, porque era branca como o leite. Eles se casaram e tiveram uma filha que deu nome a cidade onde foi construído o templo.

Pygmalion e Galatea, Jean-Léon Gérôme, 1890

Simbologia

Dia da semana: Sexta-feira.

Metal: Cobre (Cuprum), símbolo Cu.

Cor: Verde.

Nota musical: Fá.

Pecado capital: Luxuria.

Virtude: Temperança.

Arquétipo junguiano: a Donzela.

Anão da Branca de Neve: Dengoso.

Venus de Milo, Museu do Louvre, Paris

Douglas Marnei




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