Trump e Bolsonaro no Reino da Floresta.

Trump e Bolsonaro no Reino da Floresta

Primeiro dia: navegando em meio a tubarões…

EEEm um dos meus inúmeros pensamentos,  me surpreendi com um “insight” inusitado: a visão de Trump e Bolsonaro, entrando na floresta.

Poderia parecer estranho…

(Washington, DC – EUA 19/03/2019) O Senhor Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos da América e o Presidente da República Jair Bolsonaro..Foto: Alan Santos/PR

Mas, uma abelhinha me contou que este é um sonho íntimo dos dois, ou seja,  o de realizar  um “tour” pela Amazônia. Claro, nada parecido com o relacionamento entre o Bob Esponja e Patrick do ponto de vista da ministra Damares e sim, algo bem mais “estratégico”, como os jogos de War.

Esta abelhinha inclusive me disse,  que este sonho pode estar perto de ser realizado, mas que, para que isto aconteça, nenhum dos dois deverá saber quando e como vai acontecer. Faz parte de uma logística secreta, muito bem elaborada.

Ah! Sinto muito, não dá para explicar, pois se eu explicar, não é estratégia.

Na verdade, não sei se isto é fake ou fato de minha cabeça, mas, acredito na minha abelhinha.

Sem dúvida seria melhor se tudo ficasse no anonimato e eu não contasse nada.

Mas que fique então entre nós: com certeza irão se disfarçar e sumir por uns três dias.

Nada impossível na missão: coturnos e roupas camufladas, rostos pintados juntos aos soldados de selva, poucos saberão que estão por ali e se souberem, não serão reconhecidos.

Mas, terão uma condição: Bolsonaro não poderá falar “taókei” perto de ninguém e Trump terá que esconder o cabelo loiro sueco para não levantar suspeita.

Fico imaginando agora… como os dois, com “litros” de repelentes nos corpos, os usariam para momentos estratégicos, onde as eventuais necessidades as beiras dos igarapés os tornariam alvo de mosquitos.  Como qualquer mortal em meio à selva, talvez pudessem ser atacados por milhares de micuins e piuns. Seria um ataque a presidentes sem precedentes na história contemporânea de nossos país, pois os piuns não os distinguiriam dos homens comuns. A alva brancura dos dois os tornariam pintados de vermelho. Seria conflitante. Depois de picados, continuariam a  viajem comendo alguns biscoitos grotescos, daqueles feitos pela NASA.  Com certeza, teriam receio de comer qualquer prato com mandioca, tão propagado pela ex-presidente Dilma.

Também não comeriam a farinha da mandioca, como é costume dos caboclos, junto ao delicioso peixe tambaqui. Deixariam de comer o açaí, por medo de sofrerem alguma indigestão ou doença. Tem americano que  é assim no Brasil: cuidadoso ao extremo.

Não sei se conseguiriam ouvir algum canto dos pássaros, que como fieis guardiões de seus territórios, acompanhariam os botes até seus limites. Talvez se eles conseguissem ver e ouvir o canto dos passarinhos, ou até mesmo do uirapuru, o silvado do seringueiro, quem sabe poderiam sofrer algum ataque de paixão e isto não era desejado pela “Inteligencia”. Paixão é para os fracos, ainda mais se for pelas florestas.

 

Isto seria perigoso para os interesses do capitalismo internacional:

Ouvir o canto dos passarinhos e vê-los no trajeto, não era recomendável. O fato poderia amolecer seus corações e miolos, fazendo  com que desistissem de desflorestar certas regiões da Amazônia para grandes empreendimentos.  Poderiam ficar com pena dos passarinhos… ou dos macaquinhos que poderiam ser queimados e não teriam como sobreviver.

Depois colocariam bois nos pastos.

Então, para que a paixão pelas florestas não viesse acontecer, foram orientados a ouvir as notícias do mundo ou músicas metálicas, as mais pesadas possíveis. A ira não poderia ser esquecida.

Talvez, para que seus corações não se enfraquecessem  diante de tanta magnificência da floresta, seriam aconselhados a se conectarem diretamente com assessores em fones de ouvidos acoplados ao Smartphone. Deixariam assim,  de serem conquistados pelo maior presente que o planeta já recebeu do universo, que é a beleza pura da floresta virgem e o perfume de sua  natureza florida, mesmo com tantas defesas que ela possui.

Sim, a natureza possui defesas: cobras, jacarés, tucandeiras e malária. Por isso é preciso respeitá-la e saber conviver com ela. Se brigar é pior… viemos dela.

Fico  imaginando  então,  se conseguiriam desgrudar os olhos das telas de celulares, enquanto no céu azul, as altas florestas e pássaros coloridos passariam sobre suas cabeças: tucanos, garças, ciganas, socós, gaviões, harpias, araras, beija flores e uma infinidade de aves das mais variadas cores e tamanhos.

Os presidentes  poderiam também,  se assustar  ao ver os jacarés tomando sol nas beiras dos igarapés, enquanto  os peixes pululariam  para dentro de seus botes em meio à piracema. Trump se lembraria de seus netos e pensaria, no por que não os trouxe junto a ele. Afinal, piuns e mosquitos não existem em todas as praias e nem em todos os lugares da Amazônia.

Bolsonaro talvez pretendesse falar a todo o momento  sobre seus projetos e com isso, não conseguiria saborear a viajem. Iria usar o seu tempo procurando obter uma parceria  com os EUA para  proteger  a Amazônia. Assim, poderiam explorar a floresta  em vários sentidos.

Mas, além do presidente Bolsonaro não falar  inglês, o motor da canoa tinha um barulho estridente. Trump não estaria a fim de perder aquela maravilhosa paisagem naquele momento sagrado. Nunca vira nada parecido. Pensava sem parar na Ivanka e nos netos e o porque não os havia trazido…já pensava em retornar.

Para ele, seria difícil murar toda a fronteira. Então qual seria a estratégia para ajudar o Brasil?  “O que fazer?” Trump,  pensaria com seus botões… drones? Dirigíveis? Hotéis? Quais investimentos? Poderiam ser muitos… Águas poderiam ser purificadas e vendidas para o mundo,  resorts de selva, mas, e quanto ao desatino das imobiliárias  com suas destruições? E o perigo das mineradoras poluindo as águas?  Madeiras levadas? Bichos cercados? Tribos desfeitas? Safáris?  Caças? Tráficos? Quantas bases militares  teriam que ser colocadas para proteger tudo aquilo ali? Sim, ele precisaria de foco: Bases….Venezuela…Cuba, não poderia se esquecer da missão principal.

Enfim, com o tradutor sem vontade nenhuma de traduzir o politiquês diante da baita paisagem e com o barulho dos motores, nada seria declarado. Melhor calar.

Ao anoitecer, chegariam em  alguma aldeia, cercados de militares e seguranças.

E os indígenas, desarmados, teriam as seguranças dos céus.

(Abaixo,  geoglifos da Amazonia)

Do lado de fora, fortemente armados, os soldados perceberiam ser totalmente inúteis, ante o sorriso humilde e desdentado dos velhos e velhas  indígenas da aldeia, ante a curiosidade ingênua das crianças, entre os olhares curiosos e dóceis das mulheres e o respeito prudente dos caciques.

Na hora de tomarem um banho em uma bica no meio da mata, os presidentes seriam acometidos por outra grave paixão: o cantar ensurdecedor das cigarras e o coaxar de sapos na beira dos rios. Nus, quase no escuro, talvez conseguissem  desvendar o imenso céu cheio de estrelas, piscando como jamais viram. Totalmente entregues aquela imensidão, escutariam a vida por todos os lugares e talvez por alguns minutos apenas, sentiriam uma paz nunca desfrutada em nenhum lugar do mundo.

À noite, em uma rede, ouviriam  um esturro de onça  e estarrecidos, seriam acalmados pela visão de alguma linda jovem indígena, que quase descoberta, sorria com sua irmã, achando graça de todos eles.

Lá, Bolsonaro, conformado em nada dizer,  se despediria  de Trump com um breve “good night”, batendo  continência e dizendo:

– “ Taokei Trump, tomorrow, tomorrow”.

Ao invés do que planejou, perceberia aflito a  existência de um outro mundo que antes não via. Um mundo sagrado, de  paz, onde  as  expectativas se tornariam vazias.

Veria estar em um quase paraíso na Terra,  em um reino maravilhoso pelo qual se apaixonou  o Marechal Rondon  e posteriormente os irmãos Villas Boas, os quais  perceberam que tudo estava  altamente interligado com os poderes do universo: cada formiga, cada abelha, cada raiz de árvore  em conexão intergaláctica com  todas as estrelas. Existia um elo deixado por elas e este elo estaria também entre os povos indígenas, os quais eles protegiam.

 

 

Acima, o carinho do marechal Rondon para com os nativos e abaixo, os irmãos Villas Boas dando continuidade ao projeto de Rondon que era a proteção dos povos indígenas. https://www.youtube.com/watch?v=IVcz34egKYQ

Esta é a nossa história.

 

https://www.youtube.com/watch?v=9s4a3_6Eisg

Nota: o segundo dia da viagem – fake ou fato –  de  Bolsonaro  a Amazônia,  continuará na próxima coluna:

“ A ayahuasca, deu-lhes orientações, insights do espírito sagrado do universo”




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Eliane Rocha

Venho de uma família humilde e bem brasileira. Sou uma mistura de raças. Meu avô por parte de minha mãe, era filho de indígenas da etnia  tupi guarani do Vale do Paraíba e me ensinou valores como dignidade, amor à natureza e às pessoas humildes. Alto, moreno, era militar e foi o homem mais incrível que conheci. Fui muito apegada a ele e, ele a mim. Se casou com uma italiana sorridente que gostava de contar estórias. Segundo ela, descendíamos de uma família proveniente da Áustria e assegurava que tinha certa realeza no meio. Ficava toda boba por ela me dizer...mas,não sabia se era verdade ou apenas imaginação. Meu pai, era filho de espanhóis. Meu avô com sobrenome judeu e minha avó, um sobrenome bonito: Jordão. Vieram da Europa ainda jovens, eram aventureiros. Vieram sem nada, talvez fugindo da primeira guerra mundial. Começaram  a vida no Brasil costurando colchões de palha e fabricando móveis artesanais. Lembro quando eu passeava com eles, entre sombras e sóis, ao entardecer, por caminhos cobertos de folhas e cidreiras. Comecei a desenhar e escrever bem cedo, aos oito anos, mas, foi aos quinze, que tive minha primeira coluna em um jornal de minha cidade. Sempre no meio da comunicação, continuei a escrever em jornais de outros Estados. Também fiz teatro  e  alguns trabalhos em emissoras de TV. Na televisão, me marcou muito, ter trabalhado com o jornalista Ferreira Netto, o qual me ensinou muitas lições. Me formei na UNISUL, em cinema e produção multimidia. Fiz parte da Antologia Mulheres da Floresta, da Rede de Escritoras Brasileiras, de onde surgiu dois documentários, feitos apenas como uma hand cam: um com os povos kaxinawás - huni kuins - e outro com os povos nukinis, na Serra do Divisor. Vivi na Amazônia nos meus últimos vinte e cinco anos, fazendo entre outras coisas, trabalhos voluntários como socorrista e técnica de enfermagem entre os povos ribeirinhos. ​

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