A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje Parte V

A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje

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Uma autoridade de tal natureza, proporcionada pela experiência religiosa profunda. Pode, segundo Willian James (1995) chegar a destruir as bases da formal concepção lógico-racional de realidade. Pois os “estados místicos, quando bem desenvolvidos (…) quebram a autoridade da consciência não mística ou racionalista. Que se baseia apenas no intelecto e nos sentidos.

Mostram que esta não passa de uma espécie de consciência. Abrem a possibilidade de outras ordens de verdade nas quais. E assim na medida que alguma coisa em nós responda vitalmente a elas, continuemos livremente a ter fé.” (p. 263, grifo meu).

Assim sendo, para ele, há várias formas de consciência que dão acesso a vários tipos de realidades. Portanto, a religiosa, aquela que se tem nos estados místicos, seria uma delas.

A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – Sonhos valorizados

Deste modo, as experiências religiosas possuiriam um fundamento real, peculiar ao tipo de consciência que lhe corresponde, e não falso. Foi o que ocorreu com Enoch e Isaías, que tiveram experiências religiosas em estado extra vigília. Consequentemente autênticas à sua maneira, desde um ponto de vista espiritual.

Atualmente, a valorização dos sonhos parece estar retornando. O ceticismo arbitrário, aquele que está fixo na dúvida unilateral. E busca adaptar os fatos à teoria (crença) e métodos ao invés de adaptar estes últimos às evidências, está retrocedendo.

Logicamente a realidade do mundo onírico sendo levada em consideração.

Conforme, Sanford (1988) entende que hoje a ciência está investigando com mais cuidado e seriedade os desafios cognitivos lançados pelos sonhos:

“Atualmente, estamos nos aproximando da mudança. Durante o século XX, o sonho volta a se tornar objeto válido de estudo e investigação. E temos, por exemplo, as pesquisas sérias relativas ao sono e aos sonhos que começaram a ser feitas depois da Segunda Guerra Mundial.” (p.15)

A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – Atualização dos conceitos – Existem objetos psíquicos

Compreender a importância de explorar o mundo dos sonhos. Ao invés de esquivar-se ingenuamente dos problemas postos por ele é ampliar as fronteiras da ciência.

É também aproximar-se mais da visão de Isaías, Enoch, Jó, dos povos ágrafos atuais e das culturas antigas e “pagãs”.

Desta forma recuperando as bases verdadeiramente espirituais do cristianismo primitivo, descartadas pela igreja.

A idéia de um mundo interior real é compartilhada por Saiani (2000) para quem o pressuposto de que a “realidade objetiva” e o “puramente subjetivo”.

Assim sendo, diferem é preconceituoso uma vez que a realidade abrange eventos físicos e psíquicos.

Consequentemente, levada adiante, significa que existem objetos psíquicos assim como existem objetos físicos e que nem sempre o psíquico é subjetivo.

A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – Jung e a alma

Além disso, Jung (1986) entendia que o eu, está contido em um mundo. Sim, que esse mundo era a alma e que seria razoável atribuir-lhe a mesma validade. Já que se atribui ao mundo empírico uma vez que ela possui tanta realidade quanto ele.

Segundo seu pensamento, a psicologia deveria reconhecer que o físico e o espiritual coexistem na psique.  E que, por razões epistemológicas, esse par de opostos foi cindido pelo homem ocidental ( idem).

Dentro do homem há um universo verdadeiro. Que é feito de imaginação, que se faz notar incessantemente por meio de pensamentos, sentimentos, recordações e dos sonhos.

Assim, quando então se faz mais espesso e tangível.

Esse mundo no qual a ciência está penetrando aos poucos, pertence a uma dimensão desconhecida do espírito humano.

A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – Dimensão do inconsciente

Nós a chamamos de inconsciente porque não temos, usualmente, contatos conscientes e diretos com ela (Sanford, 1988):

Assim:”(…)eis uma teoria básica sobre os sonhos:

Originam-se em outra dimensão de nossa personalidade a qual, pelo fato de não termos consciência da mesma, é chamada de inconsciente. (p.29, grifo meu)

Além desta dimensão em que vivemos durante a vigília, há outra: a dimensão do inconsciente.

As regiões provenientes dos sonhos parecem ser pouco acessíveis à investigação científica no nosso atual estágio de desenvolvimento.

Entretanto, a consideração séria dos mesmos. Enquanto realidade passível de estudo livre. Também os relatos de pessoas que os experimentam conscientemente pode abrir novas portas nesse campo. Portanto, ajudar a dissipar nossa ignorância. Além de ocupar um espaço que de outra forma poderia ser destinado ao charlatanismo e às mistificações irresponsáveis.

Autor: Cleber Monteiro Muniz

A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje: Parte I; II; III; IV e V.

Dados do autor para bibliografia:

De acordo com: Monteiro Muniz C – A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje, in. PsiqWeb Psiquiatria Geral, 2001, disponível em http://sites.uol.com.br/gballone/colab/cleber.html

Referências bibliográficas:

Conforme, JAMES, William. As Variedades da Experiência Religiosa: Um Estudo sobre a Natureza Humana. (The Varieties of  Religious Experience). Trad. de Otávio Mendes Cajado. Décima edição, 1995. São Paulo, Cultrix.

Conforme, JUNG, C.G. & Wilhelm, R. (organizadores). O Segredo da Flor de Ouro: Um Livro de Vida Chinês. Trad. de Dora Ferreira da Silva e Maria Luíza Appy. Terceira edição. Petrópolis, Vozes, 1986.

O Livro da Ascensão de Isaías. In TRICCA, Maria Helena de Oliveira (org. e comp.). Apócrifos : Os Proscritos   da Bíblia. Edição de 1995. São Paulo, Mercúrio, 1992.

O Livro de Jó. In: A Bílblia Sagrada: O Antigo e o Novo Testamento. Trad. de João Ferreira de Almeida. Segunda edição. Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

O Livro dos Segredos de Enoch (II Enoch). In TRICCA, Maria Helena de Oliveira (org. e comp.). Apócrifos : Os Proscritos   da Bíblia. Edição de 1995. São Paulo, Mercúrio, 1992.

Conforme, SAIANI, Cláudio. Jung e a Educação: Uma análise da relação professor/aluno. Primeira edição. São Paulo: Escrituras, 2000.

Conforme, SANFORD, J. A. Os Sonhos e a Cura da Alma (Dreams and Healing). Trad. de José Wilson de Andrade. Terceira edição. São Paulo, Paulus, 1988.




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