IROKO, O PACIENTE
IROKO, O PACIENTE
O yorùbá não vê na planta apenas um elemento para lhe servir, mas um irmão que com ele coabita o planeta. Consegue enxergar numa árvore um deus, Ìrókò.
Ìrókò, a árvore sagrada que é Òrìṣà. Finca-se na terra para crescer frondoso em direção ao céu. Suas raízes nascem dos galhos, de cima para baixo, como cordas para que os espíritos possam descer por elas.
Ìrókò é paciente. Entende o tempo das coisas. Sabe esperar os pequenos príncipes se tornarem reis, a tempestade passar, a maré subir e descer, o sol se pôr e renascer, a lua apontar no céu semana após semana, iluminando o sono de toda a Humanidade. Ìrókò sabe que tudo passa. Sabe que o futuro existe e que sempre chegará. A árvore que assistiu ao começo do mundo, ensina “sùúrù”, a virtude da paciência.
Ìrókò pode tombar, mas sempre irá renascer. É o pilar que sustenta o céu. É a copa que dá sombra, acolhe, abraça e ameniza o calor. É morada de espíritos. Ìrókò é a divindade que se veste de árvore.
Ìrókò, a árvore dos ancestrais que foi plantada no passado, existe até hoje no presente e enxerga do alto, o porvir que aponta no horizonte.
Árvore que fala, aconselha, ensina, depura. Ìrókò é árvore que anda, que dança, que incorpora.
Saudamos Ìrókò dizendo: Ẹ̀rọ̀! (Calma!). Nos dê a sua calma, Grande Árvore! Que possamos também aprender com paciência os mistérios do tempo!
Rio, 01/3/16
Márcio de Jagun
(Série “ORIXÁS” – CASA DE OXUMARÊ)
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