OBÁ, A RESSENTIDA

OBÁ, A RESSENTIDA

Obá é a paixão que cega, a devoção desmedida, a fidelidade ao Ser amado. É também um rio turbulento que corta a Nigéria, assim como o amor que corta o coração.

É a esposa mais velha de Ṣàngó. Decerto Ọbá é a síntese da mulher madura que se vê rejeitada por outra pessoa.

É tanto uma caçadora quanto uma guerreira incansável. Usa o arco, usa a flexa, e igualmente usa a espada. Não se humilha, também não se abate, entretanto, quer a reparação.

Ọbá rege as águas agitadas dos rios, tanto quanto as quedas d´água, as enchentes, as paixões. Ọbà está no ciúme, na fúria feminina, na dor da perda amorosa.

O rio Ọbá até hoje atravessa Ọ̀yọ́. Caudaloso, barulhento, perigoso. Abastece de água e de ameaças a quem não souber nadar nas suas águas de mistério.

Ọbá é a dona do lado esquerdo do corpo. É sobretudo, incompreendida e enigmática. Madura, é Senhora que participa da sociedade secreta das mulheres. É a mãe dos Àbíkú.

Seu culto é originário da cidade yorùbá de Elẹkò, mas se estendeu mundo afora. Onde há paixão, está Ọbá. Onde há a mulher sofrida, Ọbá irá protegê-la.

Ọbà ṣiré! (Festejemos Ọbà!).

Rio, 03/3/16
(Série “ORIXÁS” – CASA DE OXUMARÊ)



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Marcio Righetti

Márcio de Jagun, Babalorixá, professor de cultura e idioma ioruba na Uerj e na Uff, escritor e advogado. tel.: 99851-6304 (cel/wz) e-mail: ori@ori.net.br Facebook: Márcio de Jagun blog.ori.net.br

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