A árvore dos Dispositores – parte IV

A árvore dos Dispositores é um diagrama auxiliar na interpretação do mapa astrológico que leva em conta a relação dos planetas regentes com os ocupantes dos signos, formando uma estrutura hierárquica com diretores, assessores e subalternos.

A árvore dos Dispositores é uma outra forma de relacionamento entre os planetas no mapa, diferente dos aspectos, que vem da palavra em latim “aspectum”, que significa observar, olhar.

Para definirmos o topo do diagrama na elaboração da árvore dos Dispositores deveremos considerar, nesta ordem:

  1. Planetas Domiciliados
  2. Mútua recepção
  3. Recepções múltiplas

É importante indicar o Regente do Ascendente para saber como a pessoa trata seu corpo.

Vamos verificar a importância das áreas do mapa ocupadas pelos planetas situados no topo do diagrama, bem como as dificuldades das áreas relativas aos da parte de baixo.

Para demonstrar a importância deste instrumento, vamos analisar o mapa de cinco cantoras famosas, examinando particularmente suas casas II, relativa à sua potência de voz, a casa V quanto a sua presença de palco e a casa X, referente a sua carreira.

Vamos examinar o mapa da quarta cantora:

Elis Regina Carvalho Costa, ou simplesmente Elis Regina nasceu em 17 de março de 1945 as 14 horas e dez minutos em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filha de Romeu Costa e de Ercy Carvalho, é uma cantora conhecida por sua competência vocal, musicalidade e presença de palco, considerada por muitos críticos a melhor cantora popular do Brasil a partir dos anos 60.

Elis começou sua carreira como cantora aos 11 anos de idade em um programa de rádio para crianças chamado “O Clube do Guri”, na Rádio Farroupilha, em Porto Alegre. Em 1958 foi contratada pela Rádio Gaúcha, passando a ser chamada de “a estrelinha da Rádio Gaúcha”.

Revelando enorme precocidade, aos dezesseis anos viaja para o Rio de Janeiro e grava o primeiro LP da carreira – “Viva a Brotolândia”. Depois lançou mais três discos sem muito sucesso.

Em 1964, assinou um contrato com a TV Rio para participar do programa “Noites de Gala”.  O músico Dom Um Romão a leva para o Beco das Garrafas, onde participa de espetáculos dirigidos por Luís Carlos Miele e Ronaldo Bôscoli.

Ali conhece o coreografo americano Lennie Dale, que se tronou seu grande amigo e a ensinou a ter uma melhor expressão corporal.

Em 1965, ela foi a maior revelação do I Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior quando cantou “Arrastão” de Vinicius de Moraes e Edu Lobo, música que venceu o festival, sendo que ela também ganhou o troféu de melhor intérprete.

Entre 1965 e 1967, ao lado de Jair Rodrigues, apresentou o programa “O Fino da Bossa”, na TV Record em São Paulo. O programa gerou três discos, sendo que o primeiro – “Dois na Bossa” – vendeu um milhão de cópias.

Em 1967 se casou com Ronaldo Bôscoli, com quem teve um filho – João Marcelo Bôscoli, nascido em 1970.

Elis tinha um temperamento explosivo, o que lhe valeu o apelido de “Pimentinha”, dado por Vinicius, além do fato de ser muito competitiva.

Em 1968 se apresentou duas vezes no Olympia de Paris.

Fã incondicional de Ângela Maria, a quem prestou várias homenagens, Elis cantou muitos gêneros: da MPB, passando pela bossa nova, pelo samba, pelo rock e pelo jazz. Notabilizou-se pela uniformidade vocal, primazia técnica e uma afinação a toda prova.

Em uma entrevista no ano de 1969, declarou que o Brasil era governado por “gorilas”. Sua popularidade a manteve fora da prisão, mas foi obrigada pelas autoridades a cantar o hino nacional durante uma comemoração cívica, fato que despertou a ira da esquerda brasileira.

Durante os anos 70, aprimorou constantemente a técnica e domínio vocal, registrando discos de grande qualidade técnica, tais como “Em Pleno Verão” (1970), “Elis” (1972), “Elis” (1973),  “Elis &Tom” (1974), “Elis” (1974),  “Falso Brilhante” (1976),  “Transversal do Tempo” (1978), “Elis, Essa Mulher” (1979), “Saudade do Brasil” (1980) e  “Elis”  (1980).

Em 1973, a cantora casou-se com o pianista César Camargo Mariano, com quem teve os filhos Pedro Camargo Mariano (1975) e Maria Rita (1977).

Em 1975, com o espetáculo “Falso Brilhante”, que originou um disco com o mesmo nome, atinge enorme sucesso ficando mais de um ano em cartaz e realizando quase 300 apresentações.  Outros espetáculos foram “Transversal do Tempo” em 1978, “Saudades do Brasil” em 1980 e “Trem Azul” em 1981, todos também com grande êxito.

Em apenas 18 anos de carreira, Elis vendeu 4 milhões de discos. Ela era muito exigente e criteriosa na escolha de seu repertório e na montagem dos espetáculos, exigindo sempre  um alto padrão de excelência.

Elis Regina faleceu em 19 de janeiro de 1982 aos 36 anos de idade, enquanto era levada para o Pronto Socorro do Hospital das Clínicas em São Paulo, devido a complicações decorrentes da overdose provocada pela ingestão de cocaína juntamente com tranquilizantes e bebida alcoólica.

Se fosse pela vontade de Elis, a gravação ao vivo de duas apresentações na 13ª edição do Montreux Jazz Festival em julho de 1979 jamais teria sido lançada em disco. Mas dois meses após a morte da cantora, a gravadora Warner Music mandou para as lojas um LP póstumo extraído destas apresentações.

Elis tinha o Sol em Peixes, Lua em Touro e Ascendente Câncer.

Sua casa II está no signo de Leão, com seu regente o Sol na casa IX, mostrando a nobreza de seus artifícios vocais. A presença de Plutão próximo a cúspide desta casa traz um acréscimo sobre o potencial energético de sua voz.

A casa V inicia-se em Escorpião, com o regente Plutão em Leão, o que proporciona profundidade e intensidade quando entrava no palco, além do dar um forte magnetismo pessoal.

A casa X tem sua cúspide no signo de Aries, com seu regente Marte em Aquário na casa VIII, indicando que ela sempre foi a luta em busca de seus objetivos profissionais, carregando consigo um tom de dramaticidade, alternando perdas e ganhos.

A árvore dos Dispositores de Elis Regina tem dois departamentos. No primeiro temos Vênus em Touro domiciliada na casa X, prometendo uma profissão dedicada às artes.

A disposição de Vênus temos a Lua em Touro na casa X, reforçando o prognóstico anterior, acrescentando sensibilidade e emotividade em suas obras. A Lua tem a sua disposição Saturno em Câncer próximo a cúspide do Ascendente, o que lhe conferiu uma rigidez corporal que foi trabalhada para melhorar suas performances.

Também a disposição de Vênus temos Netuno em Libra na casa III, o que fez com que na sua comunicação sempre estivesse presente a fantasia. A disposição de Netuno encontramos o Sol em Peixes na casa IX, indicando os critérios de justiça que ela procurava comunicar, além de seu sucesso internacional. A disposição do Sol temos Plutão em Leão indo para a cassa II.

No outro departamento temos uma tripla recepção com Marte em Aquário na casa VIII a disposição de Urano em Gêmeos na casa XI, próximo a cúspide da XII, que está à disposição de Mercúrio em Áries na casa IX, fechando o circuito. Podemos dizer que este era o lado “pimentinha” de sua personalidade.

Finalizando, a disposição de Mercúrio temos Júpiter em Virgem na casa III, mostrando os minuciosos critérios de escolha da cantora.

As áreas do mapa ocupadas pelos planetas no topo da árvore dos Dispositores são a casa X com Vênus em Touro, onde ela se mostrava como uma profissional extremamente dedicada e laboriosa, tendo produzido inúmeros discos com muito esmero.

Por outro lado, temos a tripla recepção entre Marte em Aquário na casa VIII a disposição de Urano em Gêmeos na casa XII a disposição de Mercúrio em Aries na casa XI. Aqui temos a conexão ente as áreas da emotividade profunda, do magnetismo pessoal com a dos projetos coletivos e com a da ética, da justiça, sempre com muita força e dinamismo.

O planeta situado na parte inferior da árvore é Plutão em Leão situado na casa I próximo a casa II, regente da casa V, mostrando a intensidade e a profundidade que atingia com seu potencial vocal que se refletia nas suas apresentações e na sua criatividade, que porém traziam problemas em seus relacionamentos sociais.

O regente do Ascendente é a Lua, que está em Touro na casa X, onde vemos que o seu corpo foi um instrumento para seu sucesso profissional.

Douglas Marnei




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