IANSÃ OU ỌYA, A GUERREIRA

IANSÃ OU ỌYA, A GUERREIRA

Brisa suave que decerto refresca, porém, se transforma de repente em vendaval que destelha.

Ninguém sabe quando o vento vira tempestade… Tampouco, ninguém sabe quando Ọya é brisa, ou vendaval.

Iansã ou Ọya é o vento em todas as suas intensidades, em todos os seus humores.

Decero que o vento de Ọya faz o mundo se mover.

Não há estagnação onde Ọya está.

Ọya não se esconde, não dissimula. Ọya é, o que é.

Ela é tanto intensa quanto espontânea.

É a borboleta que voa pelo mundo, que sobretudo ama a liberdade e que quer mostrar sua beleza por onde passar.

Dona dos nove céus, portanto, é também Ọya aquela conduz os espíritos.

É a mãe que recebe os mortos e os leva pela mão, deslizando no vento, deslizando no tempo.

Corajosa guerreira, vira um búfalo no campo de batalha.

Destemida, determinada, enfrenta leões lutando pelos seus.

Ọya está na sensualidade da mulher.

Tanto seu olhar quanto seus gestos, assim como sua dança, encantam e apaixonam.

Ela é vibrante, intensa, sedutora.

Em síntese, é mulher que arrebata, assim como é furacão de emoções.

Conheceu os segredos do fogo e dele fez uma arma.

Ọya come fogo, cospe fogo e das bolas de fogo fez comida, fez àkàrà, para alimentar seus filhos.

O àkàrà é comida do corpo, mas também é comida da alma.

“Àkàrà n´jẹ!” (Venha comer àkàrà!), gritava Ọya para alimentar suas crias.

Até hoje com o àkàrà Ọya nos dá forças, nos aquece e nos proteje.

Eèpàà hey, Ìyá Mẹ̀sàn Ọ̀run (Salve, Mãe dos Nove Céus!).

Rio, 04/3/16
Márcio de Jagun
(Série “ORIXÁS” – CASA DE OXUMARÊ)




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Marcio Righetti

Márcio de Jagun, Babalorixá, professor de cultura e idioma ioruba na Uerj e na Uff, escritor e advogado. tel.: 99851-6304 (cel/wz) e-mail: ori@ori.net.br Facebook: Márcio de Jagun blog.ori.net.br

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