Vidas Negras e a Violência
Vidas Negras e a Violência
No Brasil a maior parte das vítimas são pessoas jovens, negras e com baixa escolaridade.
Assim, o racismo colabora para a distribuição seletiva da justiça e da violência.
Identificamos perfis diversos de juventudes, com múltiplas identidades pessoais e sociais que precisam ser reconhecidas.
Tais especificidades demandam novas políticas públicas que dêem conta dos distintos perfis desses jovens.
Políticas que enfrentem o racismo e suas consequências, traduzidas na violação dos direitos, estigmatização, criminalização e extermínio da juventude negra.
Refletir acerca das produções atuais, estejam elas relacionadas à literatura, artes, moda, música ou aos conteúdos produzidos por grandes veículos de massa ou web, é imprescindível.
Isto porque, pensar narrativas capazes de refutar o protagonismo que até então é usurpado por um
contingente extenso de perfis padronizados, perpassa não só uma demanda de diversidade estética ou
por um representante de uma causa, mas sobretudo, a necessidade de uma diversificação das narrativas.
Vulnerabilidade negra no BRASIL
Entende se por vulnerabilidade a característica de quem ou do que é vulnerável, ou seja, frágil, delicado e fraco.
A vulnerabilidade é uma particularidade que indica um estado de fraqueza.
A qual pode se referir tanto ao comportamento das pessoas, como objetos, situações, ideias, de acordo com (SIGNIFICADOS, 2018).
Esse entendimento, hora exposto pelo dicionário, retrata um dos pontos para o entendimento do
presente contexto, atribuído a um grupo especifico étnico estudado para melhor compreensão.
Falar sobre a juventude negra e tantas outras “minorias sociais” no Brasil
É atentar-se constantemente às narrativas e aos discursos em construção
Sobretudo quando parte de um imaginário racista e perverso que as configurações de ferozes e vitimistas são desempenhadas por estes.
Se liga: De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, (2015), a cada 100 (cem) pessoas assassinadas no Brasil, 71 (setenta e uma) são negras;
Possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros e outras raças;
Isso já descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência, a taxa de homicídios de cidadãos negros subiu 18,2%, enquanto a de não “negros” caiu em 12,2.
A democracia racial do Brasil é uma das formas de incidência de racismo institucional que traz um prejuízo muito forte à população negra existente.
Dessa forma, acentuando uma forte presença no sistema carcerário penal, exibida pela realidade dos presídios.
A violência física contra o negro e as mortes sem justificações coloca-os em grau de vulnerabilidade frente a outros grupos étnicos presentes nesta sociedade.
Essa vulnerabilidade é vista do ponto onde mesmo que sane em determinada situação concreta individual, logo se repete como algo natural.
Sem pudores e sem que haja uma manifestação repugnante por parte da sociedade já acostumada com essa pratica banalizada.
A realidade demonstra estatísticas de homicídios de jovens negros da sociedade e que não chegam se quer à fase adulta.
Nem ao menos a um grau de escolaridade para acompanhar o desenvolvimento educacional proposto pelo Estado.
Estes vistos em um rol de garantias instituídos no Estatuto da Igualdade Racial Lei de nº 12.288 de 20 de julho de 2010;
Tais como: a saúde, educação, cultura, esporte, lazer, ter moradia adequada, trabalho sendo o principal objetivo desta lei, no seu Art. 48 que dispõe:
I – promover a igualdade étnica e o combate às desigualdades sociais resultantes do racismo, inclusive mediante adoção de ações afirmativas;
II – formular políticas destinadas a combater os fatores de marginalização e a promover a integração social da população negra;
III – descentralizar a implementação de ações afirmativas pelos governos estaduais, distrital e municipais;
IV – articular planos, ações e mecanismos voltados à promoção da igualdade étnica;
V – garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos criados para a implementação das ações afirmativas e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
O perfil típico das vítimas fatais de maneira qual são homens, jovens, negros e com baixa escolaridade.
Os quais são destacados nas principais pesquisas realizadas sobre o assunto, corroborando com a atualidade de violência e medo enfrentada pelos jovens negros no Brasil.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
Pesquisadora-Historiadora – ativista do movimento negro
Fonte:ibge/onu
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