Tarot: Porque minha leitura deu errado?

Tarot: Porque minha leitura deu errado?

Acontece comigo e com amigas que são tarólogas. Acontece pouco, mas acontece.

Às vezes ouvimos isso de alguém que passou por uma leitura de orientação e, depois de alguns meses, volta e diz que “a leitura deu errado” . Sobretudo, porque as coisas não aconteceram como esperado no tempo esperado. 

Bom, vamos começar do começo:

Não existe nada que seja inevitável no seu caminho a não ser a morte.

Sem dúvida, a única coisa que podemos esperar sentadinhos com certeza absoluta de que vai chegar é a morte.

Esse é o único destino que está traçado para nós. Fora isso, o restante é escrito pelas nossas escolhas. Somos os autores da nossa história.

Tudo o que acontece entre o nascimento e a morte é fruto de escolhas, quer conscientes quer não.

O que é, então, esse futuro que o Tarot aponta?

É o resultado das nossas escolhas passadas. Estamos portanto onde estamos porque caminhamos até aqui.

E deste ponto, o leque tanto de possibilidades quanto oportunidades gerados por nós é xyz – é o que diz o Tarot.

A cada escolha feita, abrimos um leque de possibilidades e fechamos outro. Contudo, se escolhemos não fazer nada, ficamos onde estamos.

Com as mesmas possibilidades diante de nós – porém a vida continua girando, e essas oportunidades passarão.

Uma leitura de Tarot que diz simplesmente “vai acontecer isso”, a meu ver é muito superficial, pois toma os acontecimentos como se não tivessem nenhuma relação com a pessoa, como se houvesse alguém de fora programando a vida dela, independente do que a própria pessoa faça ou não.

E, fora isso, ainda tem outra questão (muuuito importante): as cartas falam de acontecimentos como um fator secundário, vinculado aos aspectos principais – as características, pontos fortes e fracos, necessidades e ferramentas, estados mentais e emocionais, os processos pessoais de vida da pessoa a quem elas se referem. Esse é o ponto.

“Nesse momento, você está em uma fase de revisão em que se faz necessário reavaliar e reorganizar xyz para que no momento seguinte você possa abrir a porta abc que se apresentará depois de você ressignificar xyz na sua vida”. 

É assim que o Tarot fala. Ele fala de você.

Não de um filme que você vai sentar e assistir, mas de como você pode elaborar o seu roteiro, somando sua vontade + onde você está + o que você pode fazer pela sua realização.

Se neste momento, o Tarot diz revise, ressignifique, desenvolva, cure, e você acha que isso vai acontecer automaticamente sem que você se envolva no processo, e que automaticamente a porta que você quer vai aparecer diante de você aberta e com um tapete vermelho, você fica onde está. Pelo tempo que quiser.

Você atrasa decerto a oportunidade de abrir aquela porta, porque a condição para que ela exista é a sua revisão. É a sua mudança.

E, se demorar demais no mesmo lugar, pode ser que ela não apareça, porque o leque de possibilidades fechou e algumas opções já não estão disponíveis.

Se você se empolga com isso, mergulha de cabeça na revisão e se reinventa, a porta aparece antes do prazo.

Ou chega uma porta mais legal ainda. E, ainda assim, você tem que abrir.

O Tarot sempre vai apontar primeiramente para o seu papel dentro da história que você está vivendo. Apenas depois, o que essa história pode se tornar.

Ele vai dizer primeiro o que é que você precisa fazer para sair do lugar e começar a criar novas portas. Entretanto, depois, que portas serão possíveis se você der esse passo.

Você precisa redefinir suas prioridades.

Você precisa se libertar do passado.

Você precisa trabalhar a auto estima.

Você precisa desenvolver autonomia.

É você que precisa. E é você que faz. Ou não.

Mas a condição para sair da situação atual para outra e caminhar na direção do que você deseja é fazer.

Não sabe como? Tem que procurar ferramentas. Tem que buscar ajuda. Tem que aprender o como. Não adianta esperar.

Já testemunhei uma orientação para três meses se realizando depois de um ano. Em virtude da pessoa ter demorado em aceitar suas reais condições e suprido sua própria necessidade.

Por outro lado, também Já testemunhei uma orientação para um ano se tornar impossível depois de seis meses, porque as escolhas seguintes não levaram em conta o que precisava ser levado. Já vi de tudo.

Erros de interpretação são responsáveis por menos de 1% dos casos de “leituras que deram errado”.

Claro que ninguém é à prova de erro, contudo, a esmagadora maioria é de pessoas que procuram o Tarot como um paliativo para a ansiedade e a angústia, sem a disposição de se comprometerem consigo mesmas.

Estão em busca de “alívio imediato”, de poderem dizer para si mesmas “Ufa! Tudo vai ficar bem!”.

Então, quando o tarólogo diz “você precisa”, elas acham que é algo que virá dos céus sobre elas, da mesma forma que a porta que o Tarot “previu” virá e da mesma forma que veio o alívio por “saber o futuro” e poder “ficar despreocupadas”.

A grande maioria das pessoas não tem consciência de que a vida delas está em suas mãos.

De que a responsabilidade pelo destino é só delas.

Entretanto, algumas das pessoas que fazem atendimentos com cartas também não tem.

Também acreditam que estão ali para “prever o futuro” e não para dar a orientação sobre como chegar até ele, como construí-lo agora.

Se isso não vem no pacote, busque outro profissional.

E não tem que ser psicólogo Junguiano para entender sobre os arquétipos do Tarot e saber que eles estão falando sobre as pessoas e o que elas podem fazer por si mesmas, e não de acontecimentos sem nenhuma conexão entre si – porque a única conexão é a pessoa e as escolhas que ela é capaz de fazer.

Quando Jung chegou até o Tarot, ele já era usado há séculos para definir o perfil psicológico de alguém, para apontar dificuldades e recursos pessoais, para mostrar o caminho até algo.

Faz parte do significado das cartas desde o começo.

É implícito e explícito nelas. Esses elementos são os desencadeadores dos acontecimentos.

A pessoa em questão é o centro de sua própria existência, e não um boneco colocado aqui ou ali por razões desconhecidas e aleatórias.

É preciso conhecer realmente a simbologia do Tarot e, conhecendo, não tem como excluir a pessoa do protagonismo na vida dela.

A própria pessoa é que acaba por se eximir de ser protagonista.

Ela quer ser apenas figurante, e ficar no fundo da cena esperando por algo.

Pela minha experiência, vai esperar muito. Até cansar. E quando cansar, vai fazer o que é preciso – e vai ver que o Tarot não errou nem mentiu.

Foi ela que mentiu pra si mesma.

Foi ela quem errou consigo mesma.

Porque quando o tarólogo disse “você está assim e assado” ela respondeu “Oh! Que perfeito! Me vi na sua descrição!” e quando ele completou “e precisa fazer isso e aquilo” essa parte foi deixada de lado.

Se o Tarot apresentou pra você a descrição exata do ponto em que você está e como você chegou até ali, ele também te apresentou o caminho exato para a solução e a condição necessária para que aquele futuro que a próxima carta mostra exista.

Não tem meio termo nem “mais ou menos”.

Somos os protagonistas até mesmo quando a orientação vem de fora.

Somos protagonistas até mesmo quando o Tarot aponta um destino.

Somos protagonistas até mesmo quando outra pessoa “adivinha” algo sobre nós.

Somos protagonistas. Não tem jeito.

Se a leitura “deu errado”, então é hora de realmente olhar para dentro e perguntar o que eu fiz com aquela informação toda.




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