Nem tudo que reluz é ouro – Júpiter e Sagitário
Nem tudo que reluz é ouro – Júpiter e Sagitário
Sempre me gera um certo incômodo o excesso de luz projetada tanto sobre Júpiter quanto Sagitário. Pretendo explicar a razão.
Em primeiro lugar, sempre que nos referimos quer a signos, quer a planetas, estamos falando de arquétipos.
Em segundo lugar, vale a reflexão de que arquétipos são amorais, e como tal, convivem tanto com seu aspecto luminoso quanto com sua sombra. Sem culpa.
Em terceiro lugar, o conceito de moralidade é um conceito humano. Criado portanto por humanos, para que organizem a civilização e a vida na matéria.
Os arquétipos, todos eles, estão livres desse conceito e juízo de valores. As diversas mitologias que o digam.
Júpiter, tido como o Grande Benéfico, não foge à regra. Necessita visceralmente daquele que é considerado o Grande Maléfico, Saturno, para que lhe coloque limites.
Talvez seja Júpiter quem mais necessidade tenha de Saturno para que funcione a contento. Para que não transborde nem invada os terrenos que não lhe pertencem.
Caso não haja uma parceria com Saturno, nenhuma conquista jupteriana se sustenta. É efêmera e desaparece por encanto, da mesma maneira como apareceu.
Sagitarianos são regidos por Júpiter, assim como piscianos o tem como co-regente. Ele era o antigo regente de Peixes.
Vale a pena refletirmos sobre o mito de Zeus, o deus do Olimpo grego. Em seu lado luz, está associado à justiça, à expansão de conhecimentos e de conceitos filosóficos e religiosos.
Contudo, sua justiça sob a ótica humana, não se apresenta como a mais justa.
Ademais, embora paladino da justiça, era um embusteiro injusto.
Castigou severamente Prometeu porque desmontou sua trapaça em relação aos humanos num banquete oferecido tanto aos mortais quanto aos imortais. Foi Prometeu quem se preocupou em estabelecer a justiça nessa passagem mitológica.
Em relação a Tirésias, lhe cegou por simplesmente falar a verdade.
Zeus não era muito afeito às verdades que não fossem de seu agrado.
Sobretudo, é um arquétipo que sempre pautou sua trajetória por conquistar aquilo que era de seu agrado sem medir consequências.
Se metamorfoseava no que considerasse indispensável para obter as mulheres que desejava.
Com Europa se transformou em Touro Branco para sequestrá-la. Com Dânae, se transformou numa chuva de prata para engravidá-la, etc…
Normalmente, seu arquétipo não fala de fidelidade e sequer de confiabilidade. Outrossim. de blefes, máscaras, disfarces, para que tal como um psicopata alcançasse seus objetivos sem que medisse as consequências.
Não há como dissociá-lo de Sagitário, afinal é o seu regente.
O lado sombra do Sagitário, está incontestavelmente associado à sombra de Júpiter.
Por essa razão, vemos tantos sagitarianos que transbordam, excedem os limites do bom senso, invadem terrenos que não lhes pertencem. Contudo, geralmente, usando as mesmas máscaras das quais Zeus lançava mão conforme seus interesses.
E por falar em máscaras, nos aproximamos mais ainda do ascendente Sagitário, especialmente se ele tem Júpiter em conjunção. Podemos nos enganar por um tempo, para que um dia nos apercebamos de que não nos relacionávamos com um ser real, mas apenas com uma máscara.
Mas enfim, o Sol acaba de entrar em Sagitário e nosso foco é o signo.
Em seu lado Luz temos a nos apontar saudáveis caminhos o sábio centauro Kíron. O Mestre do zodíaco.
Aquele que ensinava e educava os filhos dos deuses e heróis.
Aquele que decerto atirava longe suas flechas, mas com objetivo definido, levar avante os que estavam aos seus cuidados no caminho do conhecimento. Do conhecimento filosófico assim como ético e moral mais profundo.
Entretanto, nem todo centauro é Kíron. Nem todo centauro possui sua sabedoria. Centauros inferiores, atiram suas flechas para qualquer lado, e a esmo, e se aproximam da sombra do signo oposto: Gêmeos.
Flecha para lá, flecha para cá, criam uma caleidoscópica rede de distrações para desconcentrar e abater sua presa.
A sombra de Sagitário não faz um caminho reto, tampouco um reto caminho. Ele mesmo se perde dentro de seu caleidoscópio e não consegue conquistar o que almeja. Não há como recolher com sabedoria tantas flechas atiradas.
Não é portanto de se estranhar quando é tomado pela inveja e pelo despeito em relação aqueles que seguem linearmente seus objetivos. E como isso lhe incomoda!!! Zeus não se conformaria em ficar por baixo.
Não por mero acaso, o centauro Kíron, o sábio lado de sagitário, era filho de Saturno com Equidina. Um imortal que mesmo ferido com a flecha envenenada com o sangue da Hydra, sofria, mas não morria e nem abandonava sua missão.
E você sagitariano, qual sua opção? Absorver a sabedoria de Kíron ou se transformar num caleidoscópio e se perder dentro dele? Reflita!!!
Outros artigos interessantes deste mesmo autor:
- Quer viajar comigo?
- EROS E ANTEROS duas das faces dos Erotes
- Sinastria Cármica IV, Jung e Planetas Transpessoais
- Grupo de Estudos Junguianos
- De Amor e de Sombras
- Programação Completa de Março de 2021