Quatro dicas da Chapeuzinho Vermelho

Quatro dicas da Chapeuzinho Vermelho para o caso de você estar lidando com um predador, como um lobo disfarçado de ser humano:

1.Não acredite em quem diz ser bonzinho como uma vovozinha mas age como lobo, tem jeito de lobo, orelhas e boca de lobo e agride até com o tom de voz quando fala com você.

2. Não chegue perto dele a não ser que tenha uma arma nas mãos (e esteja disposta a atirar) ou conheça bem artes marciais ou seja amiga de um caçador. Se não, o mais indicado é ficar na parte “não chegue perto dele”.

3. Ouça o que dizem sua intuição e percepção, mesmo se elas já fizeram você se desviar do caminho.
As vezes nos metemos numa trilha proibida justamente para ficarmos mais fortes aprendendo a combater um lobo.

4. Contudo, se quiser mesmo entrar numa trilha proibida, leve as dicas acima.

Achou essas dicas uteis? Do mesmo modo, as dicas da Cinderela são uteis quando você está se sentindo Gata Borralheira. Ela sabe fazer a transformação de alguém caída para linda princesa. De modo indireto, embutidas nos enredos dos contos de fadas, coisas assim sempre foram ensinadas pelas avós para suas netinhas.

Acontece que os mitos têm várias funções, e uma delas é nos ensinar a viver. Contos de fadas também, só que disfarçados em historinhas para crianças.

E os contos estão ligados a nós, mulheres, desde quando eram transmitidos apenas de forma oral. A própria origem do termo evoca essa ligação.

 

O que são contos de fadas?

A etimologia da palavra “conto” vem de “o que se conta” e por volta de 1840 designava apenas os contos de fadas*. Só mais tarde o sentido literário mudou. E sabe quem era que contava “o que se conta”?

As avós, mães, tias.

Na maioria das culturas, especialmente a europeia, ao longo da história eram principalmente as mulheres que narravam esses contos para as novas gerações. Por isso eles sempre foram considerados “coisas de babás, de velhas e de crianças” e desprezados pela alta cultura (o que ainda não mudou muito). Claro; mulheres, velhas, babás e crianças também não eram muito prezadas pela cultura (isso mudou um pouco, mas não muito).

Hoje, chama-se popularmente de “conto de fadas” as histórias que não precisam ter fadas, mas têm certas características próprias, como cenários fantásticos e mágicos.

Esse nosso mundo parece muito tecnológico e moderno, mas, pode crer, isso também é só disfarce. Nele ainda estão os lobos, as fadas e florestas encantadas onde cada uma de nós tem que descobrir sua própria trilha.

Trilha que com certeza será uma daquelas que os contos conhecem desde há muito, muito tempo atrás…

* Fonte: Aurelio Buarque de Holanda & Paulo Ronai, “Mar de histórias”, Vol I, Ed Nova Fronteira




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Beatriz Del Picchia

Beatriz Del Picchia faz palestras, vivências e conduz círculos de mulheres e de meditação. Seus temas são os contos de fadas e mitologias do feminino, simbologias, oráculos e práticas meditativas. É autora em antologias e coautora de 3 livros publicados pela Ed Ágora do Grupo Summus: O Feminino e o sagrado - mulheres na jornada do herói, (2010, 2 edição); Mulheres na jornada do herói- pequeno guia de viagem (2012), e Círculo de Mulheres - as novas irmandades (2019). Site www.femininosagrado.com.br, facebook Bia Del Picchia, instagram Bia Picchia, contatos: biapicchia@gmail.com

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