A CRIANÇA INTERIOR e SUA FORMAÇÃO II

A CRIANÇA INTERIOR e SUA FORMAÇÃO II

Regências da Lua

Regente do signo que contem a LUA na casa I:

O “mestre”, muitas vezes apresentado sob a forma da mãe ou do pai, diz para a criança que, se ela não se contiver, não for bem comportada, seu projeto de vida não se realizará, ela não será ninguém, sua vida não terá significado. Pode se impor a criança uma necessidade de competir sempre, com a obrigação de vencer todas as vezes, isto inibe qualquer competitividade, pois se não podemos perder, não nos arriscamos a competir.

Em alguns casos surge a competitividade obsessiva, vencer sempre passa a ser uma forma de apaziguar o medo de perder que esta criança aprendeu.

Quem tem medo de perder, luta o tempo todo para manter seu lugar, acredita que apenas chegar em primeiro significa vencer, não considera que podem existir também outras formas de vencer.

Observe que os competitivos radicais são quase sempre conservadores, não aceitam critica ou mudança em suas vidas, são coniventes com os significados mais rígidos de SATURNO.

Complexo de falta de perspectiva, ou do eterno primeiro lugar.

Regente da LUA na casa II:

O padrão cultural determinado pelo planeta dispositor sugere que a criança não terá valor se não se submeter às regras, não terá segurança e nunca vai construir nada de consistente em sua vida.

O castigo será a pobreza. O medo de ficar pobre eventualmente produz comportamentos mesquinhos.

Os educadores desta criança, representados pela casa e signo do planeta dispositor da LUA, ensinam que, só quem tem pode, e a gente precisa conservar o que tem para continuar tendo.

Dar algo espontaneamente? Só se vier algo em troca.

O regente do signo lunar define, de modo geral, os padrões de comportamento para que a criança interior de uma pessoa se mantenha sob controle, pois assim o adulto não se assusta, e nem precisa ficar mudando as coisas em sua vida, como se fosse uma criança qualquer.

No caso dele se encontrar da casa II, os modelos padronizadores sempre envolvem alguma relação com bens ou com o sentimento de segurança.

Complexo de pobreza

Regente da LUA na casa III:

Ouvir dizer que é um “burro”, que nunca vai saber nada, que não conseguirá se explicar, que o que diz e faz não tem sentido, que a ignorância será seu destino, faz com que qualquer pessoa se torne tímida, viva assustada, com medo de expressar suas idéias ou sentimentos, especialmente aquelas que contrariem a expectativa que os outros têm sobre ela.

A criança, atada pela medo de não conseguir se explicar, cria um universo racional, totalmente baseado em palavras e conceitos lógicos, onde o sentimento e a criatividade é limitado pela capacidade de descrever, e as descrições possíveis da realidade são circulares e repetitivas, pois se sustentam em padrões repetitivos.

Complexo de esperteza. (o espertinho é um reacionário que quer levar vantagem sobre um estado de coisas pré-definido, sempre previsível e imutável)

Regente da LUA na casa IV:

Toda estrutura familiar conspira para manter esta criança bem comportada.
O apego ao lar é imposto como um amor obrigatório pela família.
Argumentos como, quem não tem família não presta, ou os parentes são as únicas pessoas com quem você pode contar ou confiar nesta vida, mantém a criança atrelada aos dogmas, valores e preconceitos instituídos por aquela família.

O passado funciona como um instrumento de coação.

O modelo familiar, determina-dor da história pessoal, passa a funcionar como um programa rígido e imutável que não pode ser transgredido.

O passado é sempre melhor que o futuro, e o velho é inegavelmente melhor que o novo, e a segurança e proteção daqueles com quem temos laços de sangue é nossa única esperança de salvação e conforto.
Complexo de família

Regente da LUA na casa V:

O argumento do dispositor, simbolizando as pessoas e circunstâncias da casa é que se a criança não for bem comportada, ela não vai sentir prazer.

Em muitos casos, as experiências prazerosas, sejam de ordem sexual, alimentar ou cultural, por exemplo, são apresentadas à criança impregnadas da ideia de pecado, são o passaporte para a punição nos mundos infernais.

Outras vezes o prazer e a afirmação criativa da identidade, sempre ligada aos mecanismos prazerosos, tem um preço, a obediência, a submissão aos modelos paternos.

A imposição do regente lunar na casa V também pode se manifestar através da ideia de que criança é ruim, criança não presta, criança enche e precisa ser controlada e educada.

Aliás, neste caso, os conceitos de educação implicam em obediência sem questionamento, dependência e submissão, conceitos que podem ocorrer em outras configurações envolvendo a formação repressiva da criança interior.

É conveniente ressaltar que a casa V carrega também o significado de ser a II da IV, ou seja, a forma, a materialização dos conteúdos familiares.

Complexo de adulto (nega as qualidades das crianças, só ser adulto é bom)

Regente da LUA na casa VI:

É sugerida a ideia de que as crianças são inúteis e incompetentes.

Só merece o amor dos educadores, dos pais e adultos em geral, a pessoa eficiente e com uma conduta impecável, e certamente as crianças não podem ser assim.

Portanto, se a criança quiser ser bem sucedida na vida, precisa trabalhar, obedecer, ser produtiva, responsável e principalmente, limpa.

É claro que a criança não tem esta preocupação, e portanto torna-se importante para ela manter em segredo a natureza infantil, – que é oposta a estas exigências – resguardar-se das ameaças de fracasso, fingir-se adulto, esta é sua defesa.

Inclusive, não obedecer às regras da VI casa pode ser a causa de somatizações freqüentes.
Complexo de eficiência, ou de ordem.

Regente da LUA na casa VII:

A criança recebe a mensagem de que, se não for bem comportada, se não se submeter a todas as regras culturais e morais sugeridas por seus educadores, o castigo será a solidão, a rejeição, o relacionamento infeliz.

Torna-se muito complicado para esta criança aceitar a espontaneidade, a alegria de um relacionamento criativo.

As associações, especialmente as afetivas, são situações ameaçadoras para quem liberar seu lado criança.

A perspectiva de ficar só é terrível, e apenas as pessoas responsáveis e sérias, conforme lhe foi passado, merecem viver um relacionamento “adequado”.

É fácil perceber este modelo educacional nas pessoas que, assim que se casam ou assumem um compromisso afetivo, tornam-se “sérias”, taciturnas, perdem a alegria e a leveza (próprias do nosso lado criança) como se isto fosse demonstração de leviandade ou irresponsabilidade.

Complexo do ‘bom marido’ (ou esposa).

Regente da LUA na casa VIII:

A criança entende que sempre pode existir alguém melhor do que ela, alguém que pode mais porque possui mais, porque conquistou mais, porque é mais forte ou viril.

Ela tem que se manter em seu lugar para não ser ameaçada pela superioridade ilusória das outras pessoas.

A casa VIII é a II da VII, ou seja, representa também os valores do outro, a possibilidade do “outro” ser mais ou ter mais do que ela, e isto impõe uma aparente condição de inferioridade, outro instrumento para se implantar um profundo medo da transformação, uma mordaça na criança.

Esta imposição dos valores externos como refecerias pode gerar inveja, e a inveja é um veneno amargo que faz a pessoa estacionar no que é e tem, e nunca se es-forçar para ser melhor, para conquistar mais.

O regente lunar na oitava casa também pode gerar uma focalização na morte, no medo da morte.

Afirmações do tipo “se transgredir, se mudar alguma coisa em seu comportamento, você vai morrer!”, povoam as referencias da criança interior e impedem qualquer movimento para ser feliz e livre.

O medo da morte também pode ser sentido através da sexualidade, especialmente no temor de não experimentar o orgasmo, “a pequena morte”. Todas estar referencias podem funcionar como imobilizadores da criança.

Regente da LUA na casa IX :

Existe um modelo moral que se impõe sobre a criança interior.

Regras, dogmas, provavelmente religiosos.

Parece que a imagem castradora de um Deus conveniente para o sistema, apresentada pelos pais e educadores, cobra e exige da criança uma conduta moral bastante rígida, só que não é uma moral natural, é na verdade uma série de regras estabelecidas para que a criança se sinta limitada e contida.

Tudo que é espontâneo e simples e puro parece ser pecado.

Tudo que represente liberdade parece ser algum tipo de desobediência.

A criança, atada desta forma, impede que o ser que a abriga obedeça seus instintos, transgrida a ordem estabelecida por um sistema que nem sempre o faz feliz. Ele sente que é pecado, que é crime. A ideia de “certo e errado” está sempre entre seus desejos e a realidade limitadora e “correta”.

O medo de crescer também pode se manifestar com este dispositor lunar, o medo de ser alguém diferente do que se espera dele. Ser um bom cidadão parece ser a sua única e derradeira alternativa, mesmo que o preço disso seja sua felicidade e desenvolvimento pessoal.

Existe um desenvolvimento, é claro, mas não é segundo a própria natureza, é muito mais de acordo com o modelo externo, que muitas vezes não tem nada com a pessoa, gerando conflitos internos e uma insatisfação constante consigo mesmo.

DISPOSITOR DA LUA NA CASA X:

Uma ameaça constante parece se impor sobre a criança.

A ideia de que vão pensar mal, que todos estão observando o que ela faz, que sempre tem alguém de “olho” no comportamento dela, impede que esta criança aja espontaneamente.

Ela apenas reage aos estímulos externos, se submete aos padrões que lhe foram ensinados, faz tudo para ser uma pessoa aceitável e responsável, e impede a pessoa de ser ela mesma.

Normalmente este dispositor impõe um modelo externo de comportamento e torna este cidadão um exemplo de “boa pessoa”, mesmo que seja um rebelde, ele sempre esta reagindo ao padrão social.

A sociedade na qual vive é sempre mais importante que ele mesmo! O “status” é muitas vezes mais importante que a felicidade e a liberdade.

Quem não obedecer as regras não irá progredir, não ocupara um lugar no mundo, etc.

DISPOSITOR DA LUA NA CASA XI:

Seus amigos estão de olho em você, eles te observam e te cobram tudo.

A sensação que a pessoa tem, a partir da referencia que vem da criança interna é deu que o grupo social está sempre policiando sua conduta, e se “ela” não se submeter às exigências do grupo, será abandonada, ficará só, nunca terá amigos, não terá com quem contar se precisar.

A casa XI também representa a cristalização dos contatos associativos (V da VII), e simboliza o momento no qual o relacionamento se afirma, se fixa, e neste caso, o dispositor da lua, como modelo de contenção da criança interior, sugere a impossibilidade de que algum relacionamento se cristalize e se mantenha.

Isto significa um medo de ousar para, mais uma vez, não ficar só. A sugestão é que os relacionamentos acontecem, mas nunca são realmente consistentes, nunca se mantém, a pessoa pode ser abandonada a qualquer momento e sofrer a dor de ficar só, a dor do abandono e da rejeição.

DISPOSITOR DA LUA NA CASA XII

Esta é uma posição complexa, pois pode ocorrer uma grande dificuldade em reconhecer e aceitar que existe uma criança que pode estar sofrendo, reprimida e limitada dentro de si mesmo, e que existem mecanismos formativos que levaram esta criança a se submeter a este tipo de amarras.

A informação que a lua recebe, a partir de seu dispositor na casa XII, evidentemente envolve questões muito subjetivas, próprias desta casa, daí a dificuldade de reconhecimento deste tipo de informação.

Ela é mais sutil, talvez mais insidiosa, e a palavra “culpa” tem um peso muito grande na formação do caráter lunar contido da pessoa.

Castigos divinos são invocados pelos formadores da pessoa.

A ameaça do isolamento cruel, o rompimento com a vida social, através da doença ou de outro fator isolante qualquer, também aparece com algum peso.

A necessidade de sacrificar-se sempre pelo outro, como uma premissa básica para não ser punido pelo divino, é outro elemento importante a ser considerado. E o sacrifício principal envolve sempre a obediência a regras e dogmas mal explicados, a submissão às necessidades do outro, como se fossem as próprias, para não ser renegado e isolado da realidade, enfim, é uma situação que exige delicadeza para ser abordada, pois dificilmente é reconhecida como um mecanismo opressor, pela sua subjetividade esta obrigação é vista como um fato natural da existência. Como se fosse a única alternativa possível.




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