O Caldeirão de bronze na cultura chinesa
O Caldeirão de bronze na cultura chinesa
O surgimento do Caldeirão na China antiga
A dinastia Xia começa em 2200 a.C. e vai até 1750 a.C., na região conhecida como Vale do Rio Amarelo. Ela marca o início do desenvolvimento da era do bronze na China. Daquela dinastia em diante o bronze foi utilizado na manufatura de vários objetos, inclusive na forma de caldeirão.
O Caldeirão na Culinária
Na China antiga, utilizava-se o caldeirão para cozinhar alimentos. Geralmente os caldeirões eram grandes, redondos e fundidos em bronze. Tinham duas alças, tendo três ou quatro pernas de forma a facilitar a preparação da comida.
Os antigos faziam uma fogueira, um buraco no chão e colocavam o caldeirão por cima. Dessa maneira, com o processo do cozimento, o alimento passava por uma transformação. Assim, o que era duro tornava-se macio, o que era líquido tornava-se vapor, o que era rígido tornava-se maleável.
O alimento transformado pelo caldeirão alimentava a todos. Porém, mais tarde, seu uso foi destinado quase que exclusivamente aos sábios e aos imperadores. Com o desenvolvimento da sociedade chinesa, apenas em ocasiões especiais em que os sábios eram recebidos pelo imperador, a comida era feita de modo antigo, no caldeirão. Assim servir um banquete a um sábio com a comida preparada de acordo com a tradição do caldeirão significava certamente optar pela sabedoria e pela virtude.
O Caldeirão a serviço do Imperador
A história chinesa diz que o Imperador Yü mandou confeccionar nove caldeirões de bronze, simbolizando nove continentes. A capital do reino se localizava onde estivessem os caldeirões. Desde então, o caldeirão de bronze passou a ser visto como símbolo do poder real. Logo que um novo Imperador chegava ao poder, a primeira coisa a se fazer era fundir um novo caldeirão e inscrever em suas paredes externas as novas leis do reino.
O caldeirão representava não só a instalação ou início de uma nova pátria, mas também o marco de um novo tempo. Ele precisava ter alças porque elas representam a capacidade de levantar e nesse caso, simbolizava a potencialidade daquele governo erguer seu povo e seu reino. Decerto, ao gravar as leis no caldeirão o Imperador tinha a intenção de demonstrar o quanto deveria durar as suas leis. Gravar as leis no caldeirão era demorado e tornava trabalhosa qualquer alteração que fosse feita. Além disso o fato de inserir as leis no caldeirão simbolizava que se fossem necessárias mudanças nas leis essas deveriam ser “cozinhadas” e e não realizadas de forma abrupta.
O Caldeirão nos Templos
Até hoje é costume colocar um imenso caldeirão na porta de entrada dos templos chineses. Na sua superfície são gravadas selos mágicos com o intuito de afastar maus fluídos e espíritos. Nesse caldeirão uma imensa quantidade de incenso é mantida o tempo todo acesa. Na tradição taoísta o incenso que se transforma em fumaça no caldeirão e sobe em direção ao céu representa a própria elevação do espírito.
O Caldeirão na Medicina chinesa
Já na concepção da medicina chinesa o caldeirão é considerado um centro energétic. Por esse motivo, o caldeirão no corpo humano chama-se Dantian e é um lugar de transformação, onde se fundem o yin e o yang.
Hexagrama Caldeirão no I Ching
O caldeirão também vai estar igualmente presente no I Ching. O I Ching tem 64 hexagramas e cada um deles representação uma situação. Confúcio quando escreve sobre o I Ching chama esse Hexagrama de Caldeirão – Ding.
A decisão do Hexagrama Caldeirão – Ding diz “O Caldeirão traz princípio, boa fortuna e abertura.”
A imagem do Hexagrama Caldeirão é o trigrama Fogo sobre o trigrama Vento. Fogo sobre madeira. Madeira aumenta o fogo, bem como é usada para cozinhar. Madeira é suavidade enquanto Fogo é expansão. Madeira é o início do movimento, vento é o sinal de movimento suave. Fogo é o movimento ascendente e dilatador, expansão.
Portanto, a transformação qualitativa de uma pessoa depende tanto da suavidade interior quanto da clareza exterior. Suavidade interior para lidar com a situação e clareza exterior para enxergar a realidade. Assim, tendo suavidade interior não cria pressão interior. Do mesmo modo, tendo clareza exterior não causa equívocos e enganos.
Concluíndo, o Caldeirão na linguagem do I Ching é o local, a abertura interior que permite a transmutação e o crescimento, alcançando a boa fortuna.
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