A pandemia, 2020, e nosso estranho modo de vida

A pandemia, 2020, e nosso estranho modo de vida

A vida muitas vezes nos parece ficção. Esse ano de 2020, com efeito, faz com que essa sensação seja tanto palpável quanto introjetada em nosso cotidiano.

Tempo em que amar é manter distância. Quanto mais longe melhor

Sempre tivemos a certeza de que quanto mais perto estamos, mais somos capazes de demonstrar nosso amor. Estar perto também se constitui em dar apoio queles que amamos.
Essa lógica decerto se subverteu. Me pergunto a médio e a longo prazo, o que tal mudança será capaz de ocasionar internamente em cada um de nós.

O toque, o abraço, o beijo são as demonstrações mais claras de nosso afeto.

Já nada mais é assim, através dessas usuais demonstrações de nossos afetos, poderemos colocar em risco aqueles que mais amamos.

Estamos tendo que nos reinventar, reinventar uma maneira de nos sentirmos juntos, embora fisicamente separados.

Decerto, o advento da internet em muito contribuiu para diminuir essa distância. Entretanto, não temos ferramentas substitutivas quer para o toque, quer o cheiro, ou as carícias.

Sairemos com hábitos transformados devido a isso? Normatizaremos a distância física?

São perguntas que me inquietam porque não são hábitos comuns apenas à humanidade. Os animais também lambem suas crias, tanto lhes tocam, quanto demonstram seu afeto por essa via.
Não raro é vê-los em bandos, caminhando juntos, um servindo de proteção ao outro de sua espécie.

Hoje não somos proteção, somos nós o maior risco

Nosso distanciamento pode significar a sobrevivência de ¨todo o bando¨.

Isso extrapola o ambiente familiar.

O outro, aquele que apertávamos a mão num gesto de cordialidade e apreço, se transformou em nosso inimigo

As perguntas irrespondíveis nesse momento são no que nos transformaremos?
Qual será o nosso normal após esses tempos tão fora da curva?
Custaremos a voltar a confiar que podemos demonstrar nosso afeto sem medo?
Viveremos por quanto tempo com medo do outro e seu contato?

Está claro que esses questionamentos não são válidos para todos.

Vemos muitos que na ânsia de viverem com mais plenitude, nem se apercebem de suas próprias pulsões de morte.

Assim sendo, vemos bares cheios, praias lotadas, pessoas aglomeradas nos shoppings.
Pessoas buscando tanto pelas coisas mais dispensáveis quanto menos essenciais para sua própria sobrevivência.

E torna-se inevitável não se observar seu bailado abraçado a própria morte.

Deixo a inquietante pergunta: quantos de nós ainda não nos demos conta de que desistimos da vida sem nos apercebermos disso? Quantos de nós inconscientemente não desejamos o derradeiro suspiro?

Numa sociedade em que o suicídio é um tabu, ao que parece, muitos encontraram uma saída pela tangente.

A lamentar, o fato de que esse suicídio não seja um ato solitário. Covardemente, outros são arrastados pera esse baile macabro à revelia.




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Claudia Araujo

Aquário com Gêmeos, sou muitas e uma só. Por amar criar com as mãos, sou designer de biojóias e mantenho o site terrabrasillis.com, assim como pinto aquarelas e outras ¨manualidades¨. Por não me entender sem a busca do mundo interno do outro, sou astróloga com 4 anos e meio de formação em psicologia analítica sob a supervisão de José Raimundo Gomes no CBPJ – ISER e já mantive por anos o site Meio do Céu. Nessa nova etapa mantenho o site grupomeiodoceu.com. Dou consultas astrológicas e promovo grupos de estudo de Jung e Astrologia, presenciais e online. São várias vidas vividas numa única existência, mas minha verdadeira história começa aos 36 anos, e o que vivi antes ou minha formação acadêmica anterior, já nem lembro, foi de outra Claudia que se encerrou em 1988. Só sei que uso cotidianamente aquilo em que me tornei, e busco sempre não passar de raspão pelo mapa astrológico do outro. Mergulhar é preciso, e ajudar o outro a se transformar, algo imprescindível. Só o verdadeiro autoconhecimento pode gerar transformação. Não existe mágica, e essa autotransformação não ocorre via profissional, mas apenas através do real interesse do cliente em buscar reconhecer como se manifesta em sua vida cotidiana e qual seu potencial para a transformação. Todos somos mais do que aquilo que vivenciamos. A busca deve passar sempre pelo reconhecimento daquele eu desconhecido que em nós mesmos habita. A Astrologia é um facilitador nessa busca porque nela estão contidos tanto nossos aspectos luz quanto sombra. Ela resolve nossos problemas? A resposta é não. Ela apenas orienta no sentido do reconhecimento de nossa totalidade. A busca é do cliente. A leitura é do astrólogo, mas só o cliente poderá encontrar o caminho de sua totalidade e crescimento responsável. websites : www.terrabrasillis.com e www.grupomeiodoceu.com Fale com Claudia direto no Whatsapp

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