Jung e o Embrião da Psicoterapia A Alquimia
Jung e o Embrião da Psicoterapia>> Certamente, o estudo e a prática da Alquimia não são características da Civilização Ocidental. Tampouco nos são contemporâneos; outrossim, praticados desde períodos anteriores ao advento do Cristo.
Porquanto Jung tenha se dedicado aos seu estudo e pesquisa, decerto, pôde constatar que já no mundo árabe dos primeiros séculos da era cristã, assim como, na China antiga, ela já era conhecida e desenvolvida largamente.
Contudo, no que concerne ao mundo ocidental, seu desenvolvimento deu-se principalmente nos primeiros séculos depois de Cristo a partir da Alexandria, assim como, durante a Renascença, onde essa prática floresceu, tanto na Alemanha quanto na Itália.
Jung e o Embrião da Psicoterapia – os gnósticos
Sobretudo, os escritos gnósticos do primeiro século fascinaram Jung, e isso, devido ao seu poder e numinosidade . Jung então, parte em busca de uma verdade psicológica contida nesse material.
Antes de tudo, ele teve a percepção de que as imagens alquímicas representavam um mapa da dinâmica do inconsciente. Em síntese, de um processo que mais tarde ele próprio denominou de processo de individuação.
Jung percebeu, então, que a alquimia era uma fusão do físico com o psíquico, enquanto, não diferenciava entre matéria inanimada se estados interiores.
Com o propósito de propiciar transformações internas, Jesus, também um gnóstico, fazia uso de parábolas, assim como de perguntas em lugar de respostas, com a finalidade de levar o indivíduo, todavia, à sua própria verdade interior.
Jung e o Embrião da Psicoterapia nas palavras do próprio Jung
todo o procedimento alquímico… pode muito bem representar o processo de individuação num indivíduo particular, embora com a diferença não desprovida de importância de que nenhum indivíduo particular abarca a riqueza e o alcance do simbolismo alquímico.
Esse tem a seu favor o fato de ter sido construído ao longo de séculos…
É tarefa muito difícil e ingrata a tentativa de descrever o processo de individuação a partir de materiais de casos.
Na minha experiência, nenhum caso é suficientemente amplo para revelar todos os aspectos com uma riqueza de detalhes que o leve a ser paradigmático…
A Alquimia, por conseguinte, realizou para mim o grande e inestimável serviço de fornecer o material em que minha experiência pudesse encontrar espaço suficiente…
o que me possibilitou descrever o processo de individuação, ao menos em seus aspectos essenciais. Jung em Mysterium Coniunctionis
Jung e o Embrião da Psicoterapia – o papel do alquimista
Antes de mais nada, o alquimista nada mais era do que um transformador do caos natural da PRIMA MATÉRIA, era aquele que interferia na criação, a fim de melhorar o padrão evolutivo.
Ele fazia portanto, com que o indivíduo passasse a ser um participante da criação, uma vez que poderia tanto melhorá-la, quanto transformá-la, através do esforço individual. Isso proporcionava todavia, a possibilidade de uma dinâmica de evolução individual.
Sua pretensão, acima de tudo, era transformar a matéria rude da natureza humana até revelar seu potencial para que se aproximasse da divindade interior que nele reside.
Jung entendia ainda, esse processo como direcionado para a unificação e a totalidade, seguramente, o objetivo da alquimia.
O alquimista projetava seu inconsciente sobre suas próprias trevas com a finalidade de iluminá-las. Analogamente,
sua própria sombra projetada na matéria vil, acabaria se tornando consciente e sendo reconhecida e integrada.
Jung e o Embrião da Psicoterapia – a psicologia analítica
Em Memórias, Sonhos e Reflexões, Jung escreveu:
¨Cedo percebi que a psicologia analítica coincidia de maneira bastante similar com a Alquimia.
As experiências dos alquimistas eram, num certo sentido, as minhas próprias experiências, assim como o seu mundo era o meu mundo.
Foi, com efeito, uma descoberta marcante. Eu encontrara a contraparte histórica da minha psicologia do inconsciente
A possibilidade de comparação com a alquimia, bem como a cadeia intelectual ininterrupta que remontava ao gnosticismo, davam-lhe substância.
Quando me debrucei sobre aqueles velhos textos, tudo encontrou o seu lugar; as imagens-fantasia, o material empírico que recolhera em minha prática e as conclusões que dele retirara
Eu começara a entender o significado desses conteúdos psíquicos a partir de uma perspectiva histórica
A Alquimia é de grande valia para a psicoterapia já que suas imagens correspondiam às transformações porque todos passamos quando num processo psicoterapêutico
Na concepção dos alquimistas, analogamente, o interior e o exterior se refletem um no outro, assim como o que está em cima é igual ao que está embaixo e vice-versa, e assim, o milagre da unidade é obtido.
O trabalho alquímico era chamado de OPUS que é a palavra latina para designar obra. Era uma tarefa sagrada ou divina que valia o esforço de toda uma vida.
O alquimista via-se a si mesmo como alguém comprometido com um trabalho sagrado que consistia na percepção e consciência do seu valor supremo e essencial, aquele capaz de dar significado à sua vida e sua história.
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