Mulheres da floresta: as belas Huni kuins

Mulheres da floresta: as belas Huni kuins>> Elas são lindas. Mas, a beleza delas não é aquela que estamos acostumados a ver em revistas, tampouco em sites de beleza.

Elas também não possuem  malícia ou sensualidade exacerbada.

A beleza delas é integra, pura, tem completude, conquanto, não se destacando como uma roupagem externa separada do espírito.

Na verdade, elas nem possuem espelhos e quando possuem, é para se pintarem unidas, em ocasiões especiais, geralmente quando os homens vão caçar ou ainda, nas festas da aldeia.

Neste momento, elas parecem crianças brincando de se enfeitar: emprestam o batom umas para as outras, a pasta de urucum assim como os brincos, geralmente de penas.

Mulheres da floresta e suas pinturas de proteção

Portanto, em uma sala em separado, aqueles que possuem a arte da pintura dos “kenes”, pintam o corpo dos que querem se proteger com desenhos sagrados, os quais, segundo eles, dão força ao espírito.

Depois, as mulheres se enfeitam com pulseiras nos tornozelos, colares coloridos, também adornos nos cabelos, feitos com penas de pássaros que caçam para comer. Com pouca roupa, se vestem o suficiente para ficarem bonitas, mas não vulgares.

Nem mesmo nuas, assim seriam. O andar, a integridade e a confiança como se comportam, emana delas a pureza intrínseca daquelas que ainda desconhecem o poder que possuem, se quisessem usar da persuasão.

Sorrindo, são como crianças, embora mulheres.  Nas danças são solidárias e sérias, conquanto, são responsáveis.

Mulheres da floresta, mães, meninas

Mulheres da floresta
Mulheres da floresta – Bimi da etnia Kaxinawá

A maioria são mães desde os doze anos. Assim sendo, difícil passar dos dezoito sem estarem com uns quatro filhos em suas pernas.

Elas amam ficar com as crianças e com os maridos, e estes, amam vê-las em torno delas.  Aliás, a vida destas mulheres na comunidade é esta: a missão de serem mães, cozinheiras, buscadoras de água e fazedoras do fogo.

A deles, de suprirem com a alimentação, o bem estar das mulheres e dos filhos.

A essência da floresta

Às vezes, os homens possuem mais de uma mulher. Alguns caciques me disseram um dia, sorrindo, ter umas doze mulheres cada um! Era brincadeira, claro. Faziam graça com o meu inconformismo, pois, mesmo se tivessem,  faria parte de suas culturas.

Porém, como tudo evolui e tudo muda, hoje, talvez, já  não seja bem assim…

Entretanto, os caciques, no passado tinham realmente muitas esposas. Havia mais fartura e mais segurança para mantê-las.

Atualmente, certa consciência está vindo à tona entre as mulheres destas etnias, que percebem nas outras que vêm de fora, a liberdade de ser, a liberdade de existir, de trabalhar e de viajar.

Vanessa é uma delas: Vanessa Salles Kaxinawá, seu nome no cartório.  Porém, seu nome indígena é Panteani. Cada nome tem um significado oculto, segundo eles, que varia conforme a energia que traz a pessoa.

Como exemplo, o meu, me batizaram de Benke. O idioma às vezes parece francês, mas na verdade, é um dos milhares da língua tronco de seus familiares. E, são muitos espalhados.

Para os indígenas, a maioria deles são “parentes” como se chamam entre si.  Muitas mulheres das aldeias só falam e conhecem o dialeto tribal.  Os nomes delas são sempre bem diferentes: Bimi, Maspã (mulher forte), Panteani, entre outros.

Desta vez, estamos falando da etnia Huni Kuin, que significa povos verdadeiros. Fica no Acre, divisa com o Peru. Os huni kuins são chamados também de kaxinawás, nome que eles preferem deixar no passado, pois foi colocado por colonizadores.

Vanessa, ou seja, Panteani ama estar com os filhos.  Maspã ama estar com os netos. Duas gerações que percebem a necessidade de desenvolvimento cultural e estudos para os jovens da aldeia.

Sonhos das mulheres da floresta

Sonham para suas tribos, mais escolas, mais professores, mais conhecimento. Sonham em ter doutores, assim como dentistas, também, professores, embora não queiram perder suas culturas tradicionais: tanto as pajelanças, quanto as danças, festas.

Apreciam seu modo de vida simples, perto dos rios e igarapés, perto das matas, onde podem conviver com a fauna, andar pelas florestas e comer de seus peixes e suas caças.

As mulheres indígenas, sonham em obter um progresso verdadeiro para sua população; porém, sem modismos. Em síntese, sem as coisas supérfluas da cidade.

Ao invés de televisão, por exemplo, preferem desenvolver trabalhos e estudos com a ajuda da internet.  Mas, para as empresas brasileiras, não é interessante colocar antenas nesses lugares. Não é lucrativo.

Alguns governos, então, colocam internet comunitária nas cidades mais próximas.

Entretanto, isso não ajuda muito para quem precisa por exemplo, cursar uma faculdade.

As aldeias,  também querem  manter diariamente o contato com as centenas de amigos que possuem espalhados pelo Brasil e pelo mundo.

O pai de Panteani, por exemplo,  um honrado cacique da aldeia Flor da Mata, conseguiu com muito sacrifício e ajuda do Estado, uma escola para lá. Embora tenha quadro, carteiras e cadernos, faltam ainda professores. É a realidade brasileira nos rincões deste país.

Mesmo assim, Panteani conseguiu realizar um documentário, que alimentou ainda mais o seu sonho em ser jornalista. Um sonho que, quem sabe um dia, poderá realizar junto com outras tantas mães e jovens indígenas espalhados pelo Brasil.

É uma dívida de consideração com estes povos, que o governo brasileiro, por uma ética humanitária, deveria sempre honrar.

Foto detacada: Vanessa Salles Kaxinawá, Panteani

Foto Interna: Bimi da etnia Kaxinawá

Crédito foto: Eliane Rocha
Telefone Natural


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Eliane Rocha

Venho de uma família humilde e bem brasileira. Sou uma mistura de raças. Meu avô por parte de minha mãe, era filho de indígenas da etnia  tupi guarani do Vale do Paraíba e me ensinou valores como dignidade, amor à natureza e às pessoas humildes. Alto, moreno, era militar e foi o homem mais incrível que conheci. Fui muito apegada a ele e, ele a mim. Se casou com uma italiana sorridente que gostava de contar estórias. Segundo ela, descendíamos de uma família proveniente da Áustria e assegurava que tinha certa realeza no meio. Ficava toda boba por ela me dizer...mas,não sabia se era verdade ou apenas imaginação. Meu pai, era filho de espanhóis. Meu avô com sobrenome judeu e minha avó, um sobrenome bonito: Jordão. Vieram da Europa ainda jovens, eram aventureiros. Vieram sem nada, talvez fugindo da primeira guerra mundial. Começaram  a vida no Brasil costurando colchões de palha e fabricando móveis artesanais. Lembro quando eu passeava com eles, entre sombras e sóis, ao entardecer, por caminhos cobertos de folhas e cidreiras. Comecei a desenhar e escrever bem cedo, aos oito anos, mas, foi aos quinze, que tive minha primeira coluna em um jornal de minha cidade. Sempre no meio da comunicação, continuei a escrever em jornais de outros Estados. Também fiz teatro  e  alguns trabalhos em emissoras de TV. Na televisão, me marcou muito, ter trabalhado com o jornalista Ferreira Netto, o qual me ensinou muitas lições. Me formei na UNISUL, em cinema e produção multimidia. Fiz parte da Antologia Mulheres da Floresta, da Rede de Escritoras Brasileiras, de onde surgiu dois documentários, feitos apenas como uma hand cam: um com os povos kaxinawás - huni kuins - e outro com os povos nukinis, na Serra do Divisor. Vivi na Amazônia nos meus últimos vinte e cinco anos, fazendo entre outras coisas, trabalhos voluntários como socorrista e técnica de enfermagem entre os povos ribeirinhos. ​

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