A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje

A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje
PARTE I>>

“I was but a traveler floating endless through the sea, on the other side of knowledge through the pliancy of dream.”
(Solitude Aeturnus)

Enquanto nos tempos antigos, os sonhos eram considerados como a expressão de um mundo verdadeiro e diferente deste, isso difeere da atualidade,

O mundo espiritual era visto tanto  importante quanto real, ao contrário do que ocorre hoje.

As visões oníricas eram tomadas como o contato do homem com a dimensão desconhecida da existência.

Disso decorria a grande importância atribuída aos sonhos nas culturas antigas.

Confirmada por Sanford (1988) ao abordar a questão da depreciação dos sonhos nos dias atuais:

“(…) enquanto nosso tempo ignora e despreza o assunto dos sonhos, nos tempos antigos eles eram muito mais valorizados.

Tanto quanto conheço, não existe nenhuma cultura antiga na qual os sonhos não fossem vistos como extremamente importantes.” (p.12)

A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – Tudo existe

Ao contrário do que ocorre na cultura moderna, onde sobretudo, não se presta atenção cuidadosa aos sonhos e se os considera desprezíveis,o homem antigo avaliava  de outra maneira.

O homem antigo atribuía importância extrema às experiências oníricas. Essa valorização demonstra que eram entendidos como portadores de alguma forma de realidade. Pois do contrário não seriam tomados em tamanha consideração.
Não se dá importância ao que não existe.
Até mesmo uma mentira ou um boato precisam existir. Ainda que seja sob a forma de uma ideia vaga na cabeça de alguém. Para que se dê a eles alguma importância.
Assim, os comportamentos irracionais do homem, presentes ainda no mundo de hoje. Seriam, para os primitivos, sinais da existência de uma realidade espiritual. Que envolveria forças que os ultrapassavam.

A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – Outras realidades

Em síntese, tais forças, incompreensíveis, moveriam os seres humanos. E os arrastariam a comportamentos subversores do controle consciente.
Sendo, além disso, parte de um universo invisível e poderoso, mas acessível por meio dos sonhos, nos quais também irromperiam.
O mundo espiritual manifestado em sonhos corresponderia a uma forma específica de realidade. Que seria sinalizada pelo comportamento humano irracional.
A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – Comportamento humano

Haveria ligação entre o ato de nos comportarmos como se estivéssemos possessos e os sonhos pois um seria sinal do outro:
“O comportamento humano não é racional e a humanidade se comporta em todo o mundo como se fosse possessa. Para o homem primitivo tudo isso era sinal óbvio da realidade do mundo espiritual que lhe aparecia nos sonhos.
(…) Persistimos em nosso materialismo racionalista, sob a ilusão de que somos racionais e os outros não. Se há distúrbios em nossos sentimentos e em nossa afetividade, atribuímos a causa ao que os outros. Que nos fazem e continuamos pensando que só tem sentido o que nos parece lógico e racional. E que só é real o que vemos, ouvimos, cheiramos, tocamos e provamos.
Portanto, os sonhos tem sentido, mas um sentido que não é lógico. São muito reais, mas sua realidade não é apreendida por nenhum dos sentidos do nosso corpo.” (idem, p. 14, grifos meus)

A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje – A inexistência do que não se compreende.

Nos dias atuais, acreditamos que aquilo que não compreendemos não existe.
Segundo essa forma de pensar, a existência não possuiria um aspecto desconhecido, um lado não entendido.
Assim, o incompreensível seria inexistente.
Por isso, levada ao extremo, tal ideia nos leva a crer que sabemos tudo. Que não há mistérios. Trata-se de uma violenta inflação egoica.

Consequentemente, em decorrência dessa inflação, rechaçamos o mundo dos sonhos, enquanto modalidade especial de realidade, por não simplesmente não compreendermos.

 

Autor:  Cleber Monteiro Muniz



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material originário do antigo site Meio do Céu - Claudia Araujo, hoje denominado Grupo Meio do Céu - Claudia Araujo e composto por diversos novos colunistas. Essa é uma maneira de preservar o material do antigo site, assim como homenagear aqueles que não mais escrevem no site e/ou não mais estão entre nós nesse plano da existência. Claudia Araujo

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