Respiração e alimentação: as chaves da energia vital do ser humano

Respiração e alimentação: as chaves da energia vital do ser humano

A respiração e a alimentação carregam consigo a força vital, tão importante para a saúde e bem-estar dos indivíduos.

Fundamentais para todos os seres vivos, esses dois atos dão expressão ao conceito principal da palavra Ki, termo originário da língua japonesa, e sua tradução significa: “sopro da vida”.

Os orientais acreditam que, ao nascer, a pessoa é engendrada por este sopro que lhe concede a vida.

Quando a morte acontece, esse sopro se esvai.

No Japão, a energia que concede a vida é o Ki, para os chineses é o Chi, na Índia chama-se Prana.

O Ki
O Ki

Na linguagem japonesa, a palavra é escrita através de um ideograma, que também é chamado de kanji.

Quando se divide o ideograma da palavra Ki é possível entender como a respiração e a alimentação estão entrelaçadas ao “sopro da vida”.

Na parte superior do kanji Ki há o kigamae, que significa sopro, vapor ou éter. De modo geral, esse éter representa o elemento mais sutil que compõe o universo.

Ou seja, é o condutor mais fino, por onde circula a matéria mais sutil do corpo.

kigamae
kigamae

Na visão da acupuntura japonesa, essa forma imaterial é responsável pela energia que se absorve da natureza e do universo através do ato da respiração.

Por isso, a respiração é primordial para a existência humana.

O homem consegue passar alguns dias sem ingerir alimentos ou água, mas não sobrevive sem respirar.

Segundo a medicina oriental, o ato de respirar não representa apenas a absorção de oxigênio e a eliminação de gás carbônico.

A respiração permite que os pulmões absorvam a energia vital, matéria essencial para a vida.

Essa absorção acontece porque, ao inalar o ar, cargas de energia são assimiladas pelos pulmões e se concentram sobre uma área que a acupuntura chama de aquecedor superior.

O aquecedor superior localiza-se no tórax e o seu ponto central é no VC 17, onde está uma das usinas de energia do corpo. O aquecedor superior seria o equivalente a uma usina eólica, na qual através do ar se produz energia, principalmente para o sistema cardiorrespiratório.

Já o aquecedor médio, que se encontra no ponto VC 12, pode ser comparado a uma usina termoelétrica.

Responsável pelo sistema gastrointestinal, esse aquecedor, através da queima do fogo do sistema digestório e de todo o metabolismo, produz a energia necessária para o cozimento dos alimentos no baço, estômago e, consequentemente, para a assimilação dos nutrientes e energia para o corpo, por meio do sangue.

A segunda parte do ideograma Ki se chama Kome.

Esse termo, literalmente, possui o significado de arroz.

Na Ásia, o arroz é a base de toda a alimentação. Em todas as cozinhas e lares japoneses há esse alimento.

Justamente, por isso, essa tradução faz uma analogia com a alimentação, que é uma das bases para a captação de energia vital para o corpo.

Para que haja um estoque de energia saudável, indica-se a ingestão de alimentos vivos da estação, que estão com a energia vital em ascensão. Sinais que podem ser percebidos na maciez e sabor do alimento, que serão superiores aos que estão fora de safra.

Kome
Kome

 

Para evitar adoecimentos, é importante evitar as comidas processadas.

Ao contrário dos alimentos frescos, que trazem energia, os industrializados, além de não possuírem energia vital, pesam na digestão e produzem toxinas no organismo.

Esta forma de energia, que é absorvida pelo ato de comer, é processada exatamente no aquecedor médio, a usina termoelétrica.

Os principais órgãos responsáveis por esse processo, na visão da medicina oriental, são o baço e o estômago.

Esses dois órgãos vão absorver os nutrientes oriundos dos alimentos, bem como a energia vital dos alimentos.

Tais órgãos também vão transportar essa energia vital através do sangue para nutrir todos tecidos, células e órgãos.

A relação do sangue com a energia vital do corpo é bem explicada numa passagem clássica do Suewen.

O livro, base da medicina oriental, descreve o Ki como o mestre do sangue e o sangue como a mãe do Ki.

Isto quer dizer que, onde circula energia também será conduzido o sangue e, onde circula o sangue, transitará energia.

O Ki é considerado a forma mais sutil de energia, sendo caracterizado pela energia Yang.

O sangue, mais denso, representa a energia Yin.

Ambos são de suma importância para o estado de saúde ou de adoecimento do indivíduo.

Quando o Ki não flui adequadamente sobre os meridianos, o corpo apresentará distúrbios que, ao longo do tempo, transformar-se-ão em sintomas e, caso não sejam tratados, converter-se-ão em patologias.

Se o sangue não circula adequadamente pelo corpo, não ocorre o transporte das substâncias adequadas para a nutrição. Quando o sangue fica estagnado em determinada área do corpo, isso poderá produzir processos inflamatórios, distúrbios autoimunes e câncer.

Por isso, uma boa alimentação e prática regulares de exercícios físicos e respiratórios são primordiais para se manter uma boa saúde e obter longevidade.




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valerio lima

Sensei Valério Lima é especialista em terapias japonesas e medicina oriental para tratamentos de dores e equilíbrio emocional e físico, desde 2000. Também é diretor e professor do 1º curso de pós-graduação em Acupuntura Japonesa do Brasil e criador do método de shiatsu da Kangendô. Além disso, como professor, ministra cursos em todo o Brasil e em países da América Latina e América do Sul. Valério é especialista nas técnicas da acupuntura japonesa e moxaterapia Okyu do estilo Fukaya e Sawada, formado pelo Sensei Antônio Augusto Cunha. Membro certificado pela Associação Hari do Brasil, formado no sistema Hari de Acupuntura Japonesa, pelo Mestre Koei Kuwahara. Ele possui formação nas técnicas: de agulhamento da acupuntura japonesa com o Sensei Atsuki Maeda (EUA); de Kan-Shin-Ho de agulhamento indolor do estilo de Wachi Sugiyama, formado pelo Sensei Yoshihiro Odo e formação em Keiraku Chiryo (terapia de meridiano) com o Sensei Stephen Birch. Valério participou do Congresso Internacional de Acupuntura e Moxabustão da WFAS, em Tsukuba, no Japão, em 2016. Possui pós-graduação em acupuntura tradicional chinesa pela Associação Brasileira de Acupuntura (ABA). Valério é Mestre em Reiki com formações nos métodos tradicionais japoneses com o Daí Shihan Frank A. Petter. É também credenciado como Shihan Kaku, professor assistente, pelo Jikiden Reiki Kenkyukai (Instituto Jikiken de reiki, com sede em Kyoto, no Japão). Pelos serviços prestados em prol da medicina oriental no Brasil, Sensei Valério recebeu o título de Dr. Honoris Causa em Medicina Oriental, pela Faculdade Einstein (FACEI). Tem especialização em técnicas como Moxaterapia, Keiraku Chiryo (terapia de Meridiano), Suidamá (ventosaterapia japonesa), shiatsu e sotai. O fundador da Kangendô também é praticamente de New Seitai, formado pelo Sensei Hideshi Goto Praticante de Soati, com formação pela escola Yasuragi de shiatsu e sotai do Sensei Arturo Valenzuela. Valério é Sensei certificado com o grau de Nidan no Hakkoryu Jutsu e Koho Shiatsu Igaku, do Japão e Nidan em Hakko Denshin Ryu pelo Kokodo Renmei.

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