O Mito do Vampiro e seu simbolismo I
O Mito do Vampiro e seu simbolismo I
Claudio Rodrigues
“E aí se descobre que o vampiro é um complexo que foi dissociado de modo tão radical e poderoso que só lhe resta roubar energia”.
(Marie-Louise Von Franz)
A definição de vampiro mais utilizada é decerto a de que esse é um cadáver que, reavivado, levanta-se de seu túmulo para alimentar-se do sangue de suas vítimas.
Faz isso para manter-se imortal e com aspecto jovem.
No entanto, não podemos afirmar que todos os tipos de vampiros que aparecem nas mais variadas estórias encaixam-se na descrição acima.
Os tipos de vampiros e suas características sofreram variações de acordo com a origem cultural de suas estórias.
Apesar da definição clássica de que o vampiro ressuscitaria seu corpo através do sangue da vítima, muitas
versões falarão também de espíritos desencarnados, como, por exemplo, em estórias da Grécia e da Índia.
Em outra versão do mito, mais moderna, o vampiro aparecerá como uma forma mais avançada de vida.
Um ser mais inteligente que poderá ter vindo do espaço sideral ou ser o produto de uma mutação genética.
Há ainda aqueles que se apresentam como seres humanos comuns, porém são diferenciados dos demais.
Ou por beberem sangue ou terem poderes extraordinários, como o de sugar ou ‘drenar’ as pessoas emocionalmente.
O que há em comum nas estórias quanto à origem do vampiro,
é que em todos os casos, há um morto que vem para a vida.
Mais adiante veremos que, psicologicamente, esse episódio pode ser visto como aspectos do inconsciente que saem da escuridão e vêm para a luz da consciência.
Uma outra característica comum que aparece nas mais variadas origens do mito do vampiro, é o sugar sangue tanto de humanos quanto de animais.
Porém, em muitas estórias e mitos, os comportamentos das personagens que tomam uma forma vampiresca
por sugarem sangue de outras pessoas periodicamente, podem ser entendidos como uma forma de drenar a
força vital de sua vítima.
Assim, observamos que a descrição dos sintomas de quem é atacado por um vampiro e que tem perda de
sangue, são a fadiga, a perda da cor do rosto, a apatia, a desmotivação e a fraqueza.
É interessante observar que essas são características semelhantes àquelas apresentadas pelas pessoas que
demonstram pouca energia psíquica na consciência como em casos de depressão, onde a maior parte da
energia está no inconsciente.
Em grande parte dos contos, nas mais diversas culturas, aquele
que se torna vítima de um vampiro, acaba transformando-se em um novo vampiro.
O animal associado ao vampiro é o morcego.
Tal relação se estabelece devido a características específicas desse animal.
Uma delas é a de sobrevoar locais escuros, tal como o vampiro, que normalmente tem preferência em atacar quando chega a noite.
Segundo Chevalier e Gheerbrant, na arte germânica, o morcego simboliza algumas vezes a inveja.
Esses autores colocam que a inveja oculta-se nas sombras e não à luz da consciência.
Nesse sentido, também está associado ao escuro aquilo que não é visível nem perceptível.
O morcego também tem a característica de sugar o sangue de suas vítimas, assim como o vampiro.
Essa talvez seja a característica mais evidente entre os dois.
O vampiro, enquanto figura feminina, aparece em algumas variações de mitos.
Neste caso, simbolizam algumas mães que sugam a energia de seus filhos, vítimas de um “vampirismo”.
Tais filhos, no decorrer de suas vidas, podem transformar-se em vampiros e tornar as pessoas de seus
relacionamentos pessoais em novas vítimas.
Aprenderam desde cedo que crescer não é buscar recursos dentro de si mesmos, e sim nos outros.
Desta forma, a relação vampiresca continua até que alguém consiga romper tal dependência doentia.
Os vampiros podem se apresentar a suas vítimas de várias formas.
Em algumas versões, essas criaturas assumiriam um “corpo astral”, termo esotérico que corresponde a um
segundo corpo ou espírito, e através desta forma assumida nutrir-se-ia, sugando o sangue da vítima
enquanto estivesse dormindo.
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