SOBRE A DECEPÇÃO E A SUPERAÇÃO DA DOR

SOBRE A DECEPÇÃO E A SUPERAÇÃO DA DOR

A reflexão sobre a realidade da dor e de quão profunda ela pode ser nos leva à uma espécie de beco sem saída.

De fato, podemos estagnar de dor, assim como podemos nos fechar. Sobretudo, petrificar de pânico frente a possibilidade de re-viver situações que no passado nos destruíram emocionalmente.

Podemos também regredir para um padrão de defesa, desenvolvendo um tipo de comportamento de evitação da vida.

,
Mas Se pudéssemos nos acalmar e nos deixar afundar no coração desse pânico, se pudéssemos nos abrir para de uma vez por todas nos decepcionarmos com todas as nossas esperanças jamais atendidas, descobriríamos, surpresos, de que toda essa dor, todo esse pavor nada mais é do que uma poderosa ilusão.

Não há nada e nem ninguém no mundo que possa nos destruir a não ser essas ilusões que habitam o nosso ser profundo.

E aqui vou introduzir um texto que soa como se fosse uma poesia espontânea da minha alma.
Ela ocorreu em segundo plano, de fundo, enquanto escrevia o texto principal.

Mesmo assim foi possível pescá-la antes dela ir embora.

“Eu me sinto como se estivesse boiando no oceano de todas as possibilidades.

No passado, via a onda levantar-se diante de mim
E apressava-me por nadar, por fugir
Então, afundava.

Um dia experimentei me deixar morrer, pois era isso que eu temia.
Então, a mesma onda levantou-se mais uma vez e me abraçou por inteiro

No fundo do turbilhão, eu pensava:

daqui a pouco deixarei de existir
Percebi que estava me despedindo de mim mesmo e das pessoas que eu amava.
Nunca mais iria vê-las.
Fui tomado por uma profunda tristeza.
Enfim, seria um não ser, um nada.

Eu estava certo de que morreria no interior daquela onda gigantesca,
dotada de uma coloração verde azulada, dolorosamente bela.

O tempo passou…
Lentamente percebi que continuava vivo
E não só continuava vivo como continuava no mesmo lugar onde me encontrava antes da enorme onda se abater sobre mim.

Eu estava lá… boiando…
como sempre estive…
o céu azul…
a brisa suave…
as marolas que mais pareciam um ninar de uma mãe amorosa.

Foi assim que eu percebi a verdade de um ensinamento de um homem simples que ensinava que se alguém tenta salvar a própria vida, o pânico o destruirá, mas se essa mesma pessoa se deixar morrer voluntariamente, então se espantará, descobrindo-se vivo de uma vida indestrutível.”




Outros artigos interessantes deste mesmo autor:

Deixe seu like e siga nossa Rede Social:
0

José Raimundo Gomes

J. R.GOMES é psicólogo clínico no Rio de Janeiro. Tem consultório na Tijuca e na Barra. Contato: jrgomespsi@yahoo.com.br / WhatsApp: 21.98753.0356

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *