Sobre história: reflexão sobre descolonizar

Sobre história: reflexão sobre descolonizar

A História quando é transmitida de forma oficial, é colonial, cronológica e eurocentrada.

Assim sendo, é uma historia de hegemonia, que está inscrita nas relações de poder.

Centrada portanto em figuras masculinas, brancas, elitistas. Centrada sobretudo em instituições que legitimam e mantém os privilégios dessa classe social.

Em conseqüência dessa configuração colonial, as gentes e suas culturas que estão em outros lugares históricos, tendem a serem silenciados.

A África por exemplo, é um continente de grandes proporções territoriais. Além do mais, com diferentes culturas.

Os países africanos possuem outra lógica, e, ainda que tenhamos o capitalismo, as notícias que nos chegam por exemplo, pelas mídias, não tem o impacto semelhante dado às notícias da Europa.

Africanos muitas vezes são branqueados nas suas representações históricas quando se trata de mostrar uma posição de influência e poder.

Sobretudo, é o caso das aprendizagens sobre o Egito, por exemplo.

Imaginem Cleópatra por exemplo. Que cara ela tem?

Aqui no Brasil podemos pensar na imagem de Tiradentes.

Imagem construída com o intuito de ser mártir. Portanto, reparem na semelhança com a figura difundida de Jesus (outra construção de um imaginário ideal).

Aliás, Tiradentes não foi herói e muito menos mártir. Outrossim, foi o escolhido para morrer pois era o mais pobre dos insurgentes.

Que semelhanças trazem Cleópatra, Tiradentes e Jesus, sendo cada um de um tempo e espaços diferentes?

Fomos esmagados com uma história de branquitude, feita por homens ricos e com finalidade de sobrepor culturalmente as outras narrativas da existência.

Os povos que vivem em outras culturas têm outras formas de fazer os saberes durarem nas gerações e se alternarem conforme os ciclos.

As civilizações que existiam antes da escrita, ou que preferiram usar outras técnicas de comunicação, são costumeiramente relegadas a algo como “primitivo”, e isso é decerto um preconceito histórico.

Não escreviam, contudo, a palavra era tida como mágica. Ela portava a verdade.

Assim sendo, não era necessário assinar quer acordos, quer diplomas ou contratos.

As tradições e saberes eram passados pela oralidade.

A oralidade era carregada de símbolos, feitos heróicos, passavam por guerras, conquistas, vitórias, derrotas.

Era a memória dos antepassados viva.

No processo de colonização na África, na região do Congo, no século XIX, muitos reinados africanos foram violados pela capacidade do homem branco infiltrar documentos escritos falsos, contra a palavra de honra de um rei africano como, por exemplo, o caso do genocídio e das crueldades causadas com a frente belga de colonização.

Atualmente no Brasil a política de cotas é uma reparação histórica aos afrosdescendentes, como também para os povos originários.

Outros grupos humanos passam pelo processo da invisibilidade cultural criado pela presença da história oficial.

Isso quando não são silenciados, marginalizados, como as gentes pobres, os miseráveis, as pessoas comuns. Em síntese: os indivíduos que compõe o povo.

Os viciados em drogas, os jovens periféricos, as crianças do tráfico, as pessoas do trabalho escravo contemporâneo, as gentes que transcendem o binarismo homem-mulher, fabricado conforme as genitálias e as necessidades heteronormativas.

São presenças vivas que compõe a micro-história, a história oral, a história que descoloniza.

Há um processo ocorrendo de tomada de consciência histórica, de ocupar nossos lugares, de falar com nossas vozes.

O Brasil cria saberes, ciência, arte, entretenimento, cria o que precisamos para sermos autênticos e soberanos.

Na contramão do sucesso e bem estar social está um governo embotado em atraso, sujo de sangue, e comandando em ódio. Seguem colonizados e querendo nos neocolonizar. Só que basta!

As políticas neoliberais não levam em consideração as gentes, quem é quem no meio da massa?

Mas importa cada vida, cada consciência de seu lugar no contexto em que se encontra.

Somos a história acontecendo agora. A micro-história para a macro-história há que descolonizarmo-nos.



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Fabiane Marques

Astróloga e Historiadora, dançarina e poeta, vai entre os encontros da mente e da expressão, extraindo dos símbolos as conexões entre o existir e o sentir. No passo dos dias atendendo aos comandos do coração para fazer da vida a arte, da escrita a profissão, da dança o caminho, e da poesia a ação. Nada mais, nada a menos para Sol, Lua, Mercúrio e Ascendente em Gêmeos e uma Vênus em Touro, para o ar aterrissar. Contato: famarquescxs@hotmail.com Visite: http://trigonosastrais.blogspot.com/ http://fantasiasdoreal.blogspot.com/ Fabiane Marques

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