Drão, a cápsula orgânica e Plutão

Drão, a cápsula orgânica e Plutão

Há vários dias a música Drão do Gilberto Gil, que adoro, está me perseguindo. Volta e meia me vem à cabeça. Sobretudo, esse trecho:

¨Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer!
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela estrada escura¨

Sem dúvida, como todos sabemos, Gilberto Gil compôs essa música para sua ex mulher Sandra… ou Drão…Sandrão.

Contudo, ela poderia servir para n outras situações da vida. Existe um ¨quê¨ de plutoniano nessa música. Todo plutoniano seguramente conhece bem esse eterno ciclo de mortes e renascimentos.

Além disso, com toda a certeza, ele sabe que está sempre numa dura caminhada pela estrada escura da vida. Decerto não tem a ilusão de que a vida seja um eterno baile. E ela de fato não é, especialmente para um plutoniano.

Esse é, de fato, alguém que usa os serviços de Caronte para que faça a travessia até o Hades diversas vezes na vida.

Numa sucessão tanto de mortes quanto renascimentos, algo é incontestável: o quanto cresce com essas idas e vindas ao Inferno. Mesmo que ao seu Inferno interior.

O Inferno está nele, faz parte de sua natureza, e com ele se entende bem. Até porque sabe que o Hades também não é local eterno. O Hades não é o Tártaro. Também é cíclico como ele, e um rito de passagem em sua vida que tem que morrer para germinar.

A plutoniana Perséfone também sabe disso muito bem. Sobrinha, assim como parceira e amante de Plutão, ela própria é o grão. Tem que morrer para germinar. Seis meses sob a terra e seis meses brotando vida nova sobre a terra.

E qual a razão de escrever sobre isso agora? por ter um mapa plutoniano?

Com certeza sim, mas não apenas. Esse é meu mapa desde que nasci, e nem sempre abordo o tema.

O mote para esse artigo foi uma reportagem que li e que já havia lido antes, mas hoje voltou a passar pelo meu facebook.

A reportagem se linkou com a música Drão e com Plutão. Ela se intitula como ¨Adeus caixões! Cápsula orgânica transforma pessoas falecidas em árvores¨

Hoje me deixei fascinar por ela. Link abaixo.

https://www.awebic.com/planeta/adeus-caixoes-capsula-organica-transforma-pessoas-falecidas-em-arvores/

Me senti extremamente identificada com a reportagem assim como com a proposta. Tão plutoniana me pareceu.

A citada reportagem fala na transformação dos cemitérios em florestas. Fim dos túmulos e mausoléus, eternos em mármore definitivamente morto.

Túmulos e mausoléus não se transformam, florestas sim

De maneira análoga, túmulos e mausoléus não crescem, não se renovam, não viram vida. Coagulam a morte. São muito saturninos. O que resta neles são ossos e pele. Ainda Saturno no comando.

Ao contrário, florestas se desenvolvem, dão frutos, cada vez mais se transformam em vida. Vida nova.

A ideia da proposta é vida se transformando em vida após a morte. Uma morte ilusória, apenas mais um ciclo de morte e renascimento.

O projeto em foco é denominado de ¨The Capsula Mundi¨, e aquele que morreu para esse plano, segue vivo nele de alguma maneira. Transformado em árvore. Ele próprio é o adubo da nova vida em que se transformará.

Vale a pena entrar no link da reportagem.

Me agradou a ideia de me transformar num frondoso jambeiro cujos frutos ao apodrecerem no chão, gerarão outros jambeiros. Vivos.

Olho para o jambeiro da minha casa e penso em quantos outros jambeiros já se tornou pois distribuí muitas mudas.
Penso em seus frutos dos quais me alimentei por quase sete décadas de vida.

Meu olhar para ele é de carinho e gratidão.

Era em seus galhos que na juventude, ficava pendurado um balanço no qual me sentava para refletir sobre minha própria vida. Era nesse balanço em que me sentava para lamentar minhas perdas emocionais e planejar meu renascimento.

Era ele que fornecia a sombra para meu escorrega da infância. Sempre crescendo e se transformando em algo maior. Eu também.



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Claudia Araujo

Aquário com Gêmeos, sou muitas e uma só. Por amar criar com as mãos, sou designer de biojóias e mantenho o site terrabrasillis.com, assim como pinto aquarelas e outras ¨manualidades¨. Por não me entender sem a busca do mundo interno do outro, sou astróloga com 4 anos e meio de formação em psicologia analítica sob a supervisão de José Raimundo Gomes no CBPJ – ISER e já mantive por anos o site Meio do Céu. Nessa nova etapa mantenho o site grupomeiodoceu.com. Dou consultas astrológicas e promovo grupos de estudo de Jung e Astrologia, presenciais e online. São várias vidas vividas numa única existência, mas minha verdadeira história começa aos 36 anos, e o que vivi antes ou minha formação acadêmica anterior, já nem lembro, foi de outra Claudia que se encerrou em 1988. Só sei que uso cotidianamente aquilo em que me tornei, e busco sempre não passar de raspão pelo mapa astrológico do outro. Mergulhar é preciso, e ajudar o outro a se transformar, algo imprescindível. Só o verdadeiro autoconhecimento pode gerar transformação. Não existe mágica, e essa autotransformação não ocorre via profissional, mas apenas através do real interesse do cliente em buscar reconhecer como se manifesta em sua vida cotidiana e qual seu potencial para a transformação. Todos somos mais do que aquilo que vivenciamos. A busca deve passar sempre pelo reconhecimento daquele eu desconhecido que em nós mesmos habita. A Astrologia é um facilitador nessa busca porque nela estão contidos tanto nossos aspectos luz quanto sombra. Ela resolve nossos problemas? A resposta é não. Ela apenas orienta no sentido do reconhecimento de nossa totalidade. A busca é do cliente. A leitura é do astrólogo, mas só o cliente poderá encontrar o caminho de sua totalidade e crescimento responsável. websites : www.terrabrasillis.com e www.grupomeiodoceu.com Fale com Claudia direto no Whatsapp

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