Um Ano finda e outro se inicia. E daí?
Um Ano finda e outro se inicia. E daí?
Algo muda ou se transforma em apenas uma noite? A virada de um ano corresponderia a dormirmos no inferno e acordarmos no paraíso?
Não é apenas uma noite que finda e um dia que começa?
Sim e não.
Com certeza é apenas isso, mas existe algo mais. Nosso inconsciente registra como uma recriação da vida. Além disso, como a possibilidade de um recomeço com novas fundações.
Um eterno retorno como bem citou Mircea Eliade em seu livro O Mito do Eterno Retorno, mas existe muita coisa por trás disso.
Como astróloga, vejo a vida como uma sucessão de ciclos e possivelmente, como uma espiral evolutiva.
Essas viradas de ano a meu ver, têm uma certa semelhança com o primeiro retorno de Saturno e posteriormente, com o ciclo de Urano oposição a Urano.
Quer tenhamos conscientemente essa disposição ou não, no final de cada ano, acabamos revendo o que vivemos até então. Surge o desejo de transformar aquilo que pesou desagradavelmente e nos libertarmos de seu fardo gerando vida nova.
Me recordo bem do meu próprio primeiro retorno de Saturno. Me sentia uma velha para viver o que ansiava.
Entretanto, na crise de Urano em oposição a Urano, anos mais tarde, tudo mudou. Me via como uma jovem capaz de reconstruir seu mundo, mais livre, e com coragem de viver mais afinada com meus anseios.
O retorno de Saturno me dizia que seria insuportável viver tudo sempre igual até o último dos meus dias.
Contudo, eu não via saída, só o peso das responsabilidades, assim como a sensação de que assim haveria de ser, eternamente.
Contudo, a crise de Urano em oposição a Urano, foi o ano novo capaz da libertação e de uma nova construção. Construção livre e coerente.
Assim vivemos cada período de final de Ano e início de outro. Nos últimos dias, as lembranças pesadas e o balanço das nossas frustrações. A sensação de que nada é como ansiamos. Que estamos fadados a viver assim eternamente. Só que com isso, sem que nos apercebamos, estamos nos transformando. Conscientes do que não mais desejamos.
Estamos fertilizando o canteiro do nosso vir a ser
Nossas crises não são isoladas e no primeiro retorno de Saturno, estamos separando o joio do trigo. Estamos tomando consciência do que já não dá. Exatamente por isso, estamos prontos para a nossa libertação dos grilhões que nos aprisionam quando Urano se opõe a ele mesmo.
O mesmo se passa a cada virada de Ano. Nesse balanço do que não deu, do que nos sufocou, do que pesou, estamos abrindo espaço para uma vida nova.
Nesse sentido, não é apenas uma noite, mas vida nova brotando.
Meu desejo para cada um de nós? que cada virada de ano não seja apenas uma noite a mais, mas uma possibilidade a mais que a vida nos oferece de tomarmos consciência e nos libertarmos do que já não dá.
E que cada dia primeiro do ano, seja o prenúncio de uma nova vida, de um novo recomeço, a chave que abrirá nossas algemas internas e externas.
Especialmente nessa virada, muito temos a transformar pessoal e coletivamente. Que ela nos impulsione a tomarmos as rédeas de nossos destinos em nossas mãos.
Um novo ciclo se fecha e outro se abre, e simbolicamente isso é incontestável, embora saibamos que o tempo é mera ilusão.
Um superbeijo para cada um de vocês leitores do nosso site. Votos de que o mundo se torne mais parceiro e amigável com cada um de nós. Na realidade, só precisamos de uma coisa para viver: AMOR, o resto a gente ajeita.
Que o amor e a paz possam retornar aos nossos corações e ao dos demais habitantes desse nosso lar. Nosso planeta.
Que jamais percamos nosso centro divino e nossa capacidade de amar ao outro, continuação de nós mesmos.
Uma boa travessia de ano.
Claudia Araujo
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