Bazar, e a cortina mágica
Bazar, e a cortina mágica>>
Estava aqui pensando, que todos gostam de comprar; é quase uma necessidade do ser humano.
Porque quando compra, sente o poder de conquistar o que lhe dá prazer, alegria. Ou a possibilidade de provocar tais emoções em quem for presenteado.
Quem não viu o olhar e ansiedade nas mãos de uma criança prestes a pegar seu presente. E rasgar o embrulho em mil pedaços?
Eu particularmente gosto de bazares.
Aqueles que escondem raridades, prendas que ninguém conhece para que sirvam, mas que serve para alguma coisa.
Eu gosto de roupas. Porque, como tenho o meio do céu na casa nove, aprecio a cultura estrangeira. Naturalmente a forma mais simples de se expor tradições e costume é através da vestimenta de um povo.
Enquanto divago, ouço uma buzina de ônibus, minha conhecida, e já me preparo porque vou viajar.
Bazar, e a cortina mágica – O incomum veículo
A linda cortina se apresenta como se uma tenda estivesse armada aqui no meu estúdio.
Balança ao vento sua dobra me convidando para visitar um bazar.
Eu tenho certeza que é um bazar; e como também sei que vou gostar muito, vou idealizando o que procurar.
Pois esse bazar, é transcendental, e, portanto, tem tudo, tudo que existir na mente de qualquer pessoa habitante do cosmo.
Estou em êxtase. Sim, vou buscar uma roupa de véus, usada pelas odaliscas das mil e uma noites. E combinará com as moedas do lenço e os braceletes que também vou localizar no meu bazar preferido.
Adentro ao ônibus que vem repleto de outros consumidores das estrelas. Somente um lugar resta e ocupo imediatamente. Do lado um garoto que conta estar indo em busca de um pião mágico que viu num filme a tarde.
Bazar, e a cortina mágica – O comércio entre mundos
Eu achei interessante, porque se ele acredita que vai conseguir. Então está certo, localizará seu pião, se não for hoje, será noutro dia. Em fim quem sou eu para ficar pondo empecilhos na vontade dos outros? Não permito façam isso comigo, então deixo o menino, e me fixo no meu traje, deveras alvissareiro.
Chegamos.
E como todo bazar que se preza abre somente à noite. Evidentemente essa é uma prerrogativa minha; meus bazares são noturnos.
Pois assim é mais difícil conseguir achar o que se quer e o objeto fica mais valorizado, quando encontrado.
Pois é o bazar de hoje fica em uma cidade cheia de gente. Como fica em lugar indefinido não vou procurar saber o nome do lugar.
Assim sendo vou apreciar essa viagem com mais calma, sem o compromisso de detalhes, será uma aventura para minha alma.
Bazar, e a cortina mágica – A prática nos faz pacientes
Primeiramente avisto, uma tenda enorme, vermelha por fora, com uma iluminação baça por dentro. Milhares de prateleiras, e mesas espalhadas por uma grande extensão. Conforme ando aviso no piso, tapetes de todos os lugares do mundo, dão uma impressão fantasiosa.
Fico encantada com tanta coisa para ser ver e comprar. Algo bem curioso é que aqui se compra sem moeda corrente, o pagamento é feito com fios de cabelos. Logo quando se entra, recebemos uma avaliação de quanto em cabelos, podemos comprar.
Continuo andando devagar e fico para traz. Porque as pessoas que vieram comigo estão ansiosas para ver tudo, como se isso fosse possível. Eu também era assim também nas primeiras viagens.
Com o propósito de encontrar a roupa, olho por todos os espaços e onde vejo que tem algo meio empoeirado.
Entro e vou procurar algo.
Bazar, e a cortina mágica – O falso turbante
A poeira é um sinal de que há tempos ninguém buscou achar ali, e por mais das vezes encontro raridades.
Vejo alguém tentando se livrar de um turbante, não consigo determinar se homem, ou mulher, por traz de uma cortina.
A pessoa se mexe com impaciência. Chego perto para ajudar e noto que um homem está com o turbante preso; está nervoso por não conseguir tirá-lo.
Ofereço ajuda, balança a cabeça e fala uma língua completamente desconhecida para mim. Me aproximo e coloco minhas mãos nos dois lados de sua cabeça na altura do turbante e o puxo.
Ele está realmente preso. E como forço um pouco, o rapaz segura minhas mãos com força, vi que doía, quando puxava. O turbante ficava apertado quando forçado, e pela vermelhidão do seu rosto devia doer bastante.
Bazar, e a cortina mágica – Enfim liberdade
Resolvi chamar alguém para tirar aquilo. Pois se transformara em tortura para o viajante de outra caravana que havia chegado minutos antes de nós. Sei disso porque agora havia reconhecido esse passageiro, quando entrei na tenda ele me cumprimentou com um aceno.
Fiz certo barulho. Imediatamente apareceram dois grandes homens vestidos com um colete aberto no peito e umas calças que lembravam calças dos gênios. Tiraram o turbante do rapaz como muita facilidade. Notei que sempre acontecia isso de alguém ficar com o turbante preso.
O moço ficou muito agradecido, por ajudá-lo, embora eu não entendesse o que ele falava, um dos gênios me traduziu. O que me falou foi assustador, porque não era comum de se ouvir de um completo estranho.
Pediu-me que quando fosse embora, o levasse comigo.
Bazar, e a cortina mágica – Costume desconhecido
E se acaso não pudesse trazê-lo em companhia, que o trouxesse no coração. Ou se ainda assim, não pudesse, que me lembrasse dele durante a vida. Pois em cada bom momento; ele estaria presente em meu pensamento e compartilharia de minha alegria. Mas que se acaso fosse momento de dor, também me lembrasse dele, com toda sua força suportaria comigo o pesar.
Perguntei por que me pedia tal coisa. Respondeu, que no seu mundo era normal que quem salvasse a vida de outro, seria dono dela também. Eu fiquei atônita, porque não havia salvo ninguém, nunca, muito menos nesse caso.
Então o gênio me mostrou que o turbante que eu tentara tirar não era um turbante propriamente. Era sim um capacete usado nas cadeiras elétricas.
Bazar, e a cortina mágica – Cada mundo tem suas regras
Então vi que era isso mesmo. Contou também que aquele homem havia sido condenado à morte há quinze anos e ninguém mais se aproximara dele. E, no entanto, eu ofereci a ajuda e tentei por todos os meios livrá-lo da condenação. Por isso ele se considerava devedor com sua própria vida.
Por mais que eu tenha falado que absurdo é esse pensamento, não consegui demover a decisão do homem. E dos gênios que concordavam com ele, deveria vir comigo, pois agora me devia a vida.
Fiquei contrariada e resolvi voltar rapidamente porque o ônibus estava buzinando, chamando os passageiros para o retorno.
Assim sai rapidamente e no lugar onde faziam a prestação de contas me pararam, teria que pagar.
Bazar, e acortina mágica – Pagando contas alheias
Eu não comprei nada, foi o que disse duramente. Embora não adiantara nada, pois que meus cabelos caíram na mesa, me deixando com pouco de toda a vasta cabeleira.
Achei um desproposito, e retruquei que não havia comprado, portanto não teria que pagar.
Evidentemente falei ao léu, mas precisava ir para o ônibus que já manobrava no espaço reservado as naves.
Achei melhor deixar como estava e corri para tomar meu assento.
Minha surpresa foi gritante. Dentro do ônibus estava o tal, que me devia a vida. É evidente que não é um homem com seu corpo físico. Mas é um ser que vive comigo, e compartilha os bons e os maus momentos.
FIM
Crédito imagem destacada: https://unsplash.com/search/photos/nippon
Outros artigos interessantes deste mesmo autor:
- O CANSAÇO DO CIDADÃO COMUM
- As pessoas em minha vida
- Problemas familiares
- Minha cura através da TVP
- Caso de recuperação da fé de Francisco
- Caso Diva – nós que se transformam em laços