O Império do mal I
O Império do mal I>> Afinal, qual a origem do mal?
Essa simples pergunta tem atravessado o tempo sem que se consiga respondê-la de forma clara e definitiva.
Tanto filósofos, quanto teólogos, tradições esotéricas e mais recentemente a psicanálise, têm procurado, em vão, a etiologia do mal no mundo.
O conjunto das proposições encontradas não formam um todo, tampouco serviram para aplacar a angústia do que acabamos de assistir no último dia 11 de setembro.
A terça feira de dor no mundo.
O Império do mal I – O mal é o outro?
Outra questão, ainda mais grave do que a primeira, eclode da tragédia americana: por que o mal é sempre o outro?
É uma dura pergunta.
Portanto, requer humildade para respondê-la.
Um pouco mais: qual a natureza dos mecanismos psicológicos defensivos que desviam a atenção do alvo interior.
Além de desviaremo alvo, numa manobra bélica impiedosa, de uma só vez, aponta o canhão nuclear da fúria insana na direção do outro, a quem acusamos de ser o mal?
A honestidade da resposta decerto,lançaria um fio de desconfiança sobre a nossa propalada bondade original.
Mitos tanto de destruição quanto de morte não são criações do mundo moderno
Tabuinhas de argilas encontradas na mesopotâmia (o Iraque) já registravam, milênios antes da ameaça nuclear, a impressionante imaginação da humanidade para o geo-apocalipse.
De fato, do dilúvio babilônico, seguiu-se a inundação judaica.
Nos dois casos tenebrosos, somente o homem bom e sua família são poupados.
Além disso, era uma desesperada tentativa de erradicar o mal no mundo.
Conquanto, recomeçar a partir deles.
Um aion novo, de suas boas sementes.
O Império do mal I – O plano de erradicar o mal fracassou
Se tecnologicamente estamos anos luz distante de nosso passado remoto, miticamente não avançamos nem mesmo um passo.
Vejo a América determinada a caçar cada um dos terroristas, destruir cada um de seus santuários, além de imporem sanções econômicas e embargos comerciais.
A quem se dirigem tais sanções? aos países que não se alinharem à marcha do bem.
Portanto, estamos diante da versão ocidental da Guerra Santa fundamentalista
Que alguns seguidores fanáticos do islamismo vejam os Estados Unidos como o grande Satã.
Assim sendo, tomados por este arquétipo aterrador, empreendam uma alucinante jornada de assassínios intoleráveis, é clinicamente esperado.
Conhecemos os efeitos destas ideias messiânicas e os estragos que não cansam de produzir sistematicamente.
Tais indivíduos, não são psiquiatricamente loucos.
Porém, inegavelmente se encontram sob o efeito hipnótico de uma poderosa força mítica, uma visão interior do paraíso, que os aguarda, logo após sua missão suicida-homicida.
Nesta bizarra equação arquetípica, destruir o inimigo de Alá é o mesmo que destruir o inimigo do bem e por extensão, erradicar o mal.
A desvantagem do mundo atual é que no passado remoto Deus se manifestava através das catástrofes naturais, sabendo distinguir perfeitamente entre os malfeitores, instantaneamente eliminados, e os filhos do bem, seus protegidos.
Hoje, infelizmente, a situação é outra e a mão de deus pode ser vista pilotando um Boeing 767 ou arremessando a bomba atômica sobre o país do mal.
Os mitos de destruição saltaram da acervo imaginal dos povos e se materializaram nas ações de terror secular ou messiânico.
O Império do mal I – Aonde se esconde o Inimigo
Onde o inimigo se esconde?
Nas montanhas?
Num pequeno apartamento em subúrbios alemãs?
Em cursos aeronáuticos?
Que língua fala?
Tem estranhos sobrenomes?
E que religião professa?
De saída, uma primeira descoberta.
O inimigo não se parece com os assustadores personagens dos filmes de ficção.
Não é um extra-terrestre.
A compreensível paranóia americana chegou a um grau tremendamente perigoso.
A exortação mundial por uma cruzada escatológica para vencer o mal dá aos Estados Unidos uma fisionomia muito próxima daquela que pretende erradicar militarmente.
Indícios de um fundamentalismo americano começa a pulular em toda mídia.
Chargistas de diversos jornais tem retratado George W. Bush vestido com indumentária islâmica ou fazem sair de sua boca saudações religiosas do Islã.
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