Samba? O que era Semba virou Samba
Samba? O que era Semba virou Samba>>
Quem não gosta de samba, bom sujeito não é…
– O samba é uma dança de origem africana, cantada a compasso binário e acompanhamento sincopado; tem composição musical própria para a dança
Grupo de samba em morro carioca, 1936.
Tendo herdado o status de capital desde 1763 sob o Brasil Colônia, o Rio de Janeiro registrou um crescimento vertiginoso de seus índices demográficos nos 25 anos finais do século XIX, época na qual a cidade se consolidava como o epicentro político, social e cultural do país.
No início da década de 1890, havia mais de meio milhão de habitantes no Rio, dos quais apenas a metade era natural da cidade – os demais vinham de outras províncias, como Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e, principalmente, Bahia.
Eram migrantes e ex escravizados comunidades seriam cenário de uma parte significativa da cultura negra brasileira, especialmente com relação ao candomblé e ao samba maxixado daquela época entre as populações negra e mestiça, bem como de ex-soldados da Guerra de Canudos do final daquele século, que povoavam as imediações do Morro da Conceição, Pedra do Sal, Praça Mauá, Praça Onze, Cidade Nova, Saúde e Zona Portuária. Estes povoamentos formariam comunidades pobres que estas próprias populações denominaram de favela (posteriormente, o termo se tornaria sinônimo de construções irregulares das classes menos favorecidas)
O samba teve ainda um significado mais lato, estendendo-se à acepção de qualquer baile popular
Batuque é a denominação genérica para baile africano que o Rei Don Manuel proibiu nas primeiras décadas do século XVI.
Considerado uma manifestação popular africana, o samba é estimado como um ritmo urbano característico do Rio de Janeiro, cidade capital do Brasil colônia.
As primeiras canções do gênero foram associadas ao Carnaval, elas eram marchinhas arranjadas por compositores de peso, como Heitor Prazeres, Pixinguinha, João da Baiana, que compunham sambas-maxixe, e como Chiquinha Gonzaga, que marcou a história da música, com seus hinos carnavalescos como o inesquecível “Ô Abre Alas”.
As marchinhas inicialmente eram criadas por esses reconhecidos compositores, que eram remunerados pelas escolas de samba.
Ao longo do tempo, elas foram substituídas pelos sambas-enredo.
Mais tarde, o gênero ganhou estruturas modernizadas; sendo dois grupos fundamentais para essa nova “cara” que o samba estava ganhando: os grupos carnavalescos dos bairros Estácio de Sá e os do bairro Osvaldo Cruz, com compositores dos morros da Mangueira, Salgueiro e São Carlos.
A Diáspora Africana é aqui
São artistas que fazem questão de lembrar a Mãe Africa – seus ritmos, cores e raízes.
Eles conversam sobre a ligação com a cultura afro, a religiosidade dos orixás e o papel da música na vida da comunidade afro-brasileira.
Destaque para Coisa da Antiga, A Deusa dos Orixás e Senhora Liberdade.
Com o passar do tempo, o samba não deixa dúvidas da relação entre o Brasil e a África.
Desde sua origem até hoje, brasileiros e africanos procuram enfatizar a semelhança que os dois têm quando o assunto é samba.
Os dois continentes irmãos trabalharam juntos para terem hoje, em suas culturas, um dos gêneros mais apreciados pelo mundo, transformando o samba em um símbolo da cultura afro-brasileira.
Samba – A dança do Povo Pobre
Em razão das deficiências imobiliárias, as pessoas com baixa renda passaram a se deslocar para os morros do Rio de Janeiro.
O samba acompanhou o processo e dessa nova estrutura social surgiram novos talentos musicais.
A consolidação do gênero vem com o surgimento das “tias baianas”, peças fundamentais na composição do samba urbano.
Os instrumentos que formaram a base e foram essenciais para a composição do samba foram os de percussão, como pandeiros e chocalhos.
Ao passar dos anos, outros instrumentos ganharam espaço, como cavaquinho e cuíca. Além disso, para que as escolas realizassem seus desfiles na passarela do samba com o tempo determinado pelo regulamento, um novo formato foi introduzido – o ritmo mais acelerado, aquele que hoje deixa qualquer um com vontade de dançar.
Na década de 1920, o samba começou a se firmar no mercado cultural do Rio de Janeiro. Surgiam as primeiras indústrias nacionais de discos, e os bailes carnavalescos estavam em alta.
Os compositores Sinhô e Caninha foram os primeiros a entrar em cena.
Ultrapassando a barreira do preconceito
Samba é considerado a música nacional do Brasil, atingindo todas as regiões do país.
Uma nova geração de sambistas começou a surgir na década de 1970 e 1980, fortalecendo ainda mais o ritmo.
“Quando ouvi Clementina decidi ser sambista.
Me emocionou de uma tal forma que pensei: ‘É o que eu quero’.
Sai da Zona Sul para encontrar o samba e fui muito bem recebida.
Minha ‘Andança’ começou no palco e ganhou corações”, suspira Beth Carvalho, que festejou.
“De lá pra cá, como boa sambista, movimentei a roda.
Minha alma de samba possibilitou que eu trouxesse aos olhos de todos, mestres como Nelson Cavaquinho e Cartola.
E os ouvidos apurados pelas batidas de raiz também me permitiram dar asas a afilhados como Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, entre outros que viraram grandes.
Virei a madrinha, mãe com açúcar, do ritmo que me alçou ao mundo.
Recebi prêmios inéditos, fiz até japonês sambar. Não me restava nada a não ser bradar: ‘Vou festejar!'”
Após o surgimento e o sucesso do samba, alguns ritmos se derivaram dele, formando novos estilos.
Algumas dessas formas musicais são o samba de gafieira, o samba enredo, samba-rock, samba de breque, o partido alto, samba-canção, o pagode, entre outros.
Não é à toa que em 26 de novembro de 2018, o ritmo completou 102 anos, firme e forte!
“O samba sempre foi cultura popular e está incutido desde sempre no subconsciente coletivo do povo brasileiro.
O carnaval, os blocos carnavalescos, as rodas de samba e de choro, as religiões afro-brasileiras, e a capoeira são as maiores representatividades da nossa identidade cultural.
Muito nos honra ter contribuído com os 102 anos do samba e ser parte viva dessa história”, orgulhosamente todo afrodescendente e apaixonado do samba brasileiro.
O Samba ganhou o Mundo
Um dos gêneros musicais mais populares do Brasil, o samba é bastante conhecido no exterior.
É reconhecido também como símbolo brasileiro, ao lado do futebol e do carnaval.
Esta história começou com o sucesso internacional de “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, seguiu com Carmen Miranda (apoiada pelo governo Getúlio Vargas e a política da boa vizinhança norte-americana), que levou o samba para os Estados Unidos, passou ainda pela bossa nova, que inseriu definitivamente o Brasil no cenário mundial da música.
O percussionista Paulinho Da Costa, atualmente vivendo em Los Angeles, incorporou os ritmos e instrumentação do samba nos álbuns de centenas de norte-americanos, incluindo o produtor Quincy Jones, o jazzista Dizzy Gillespie, a banda de soul/funk Earth, Wind & Fire e o cantor pop Michael Jackson, entre outros.
O sucesso do samba na Europa e no Japão apenas confirma sua capacidade de conquistar fãs, independentemente do idioma.
Atualmente, há centenas de escolas de samba constituídas no Japão e em solo europeu (espalhada por países como Alemanha, Bélgica, Holanda, França, Suécia, Suíça).
Já no Japão, as gravadoras investem maciçamente no lançamento de antigos discos de sambistas consagrados, que acabou por criar um mercado formado apenas por catálogos de gravadoras japonesas
Se liga: Outras Explicações de origem são o que não faltam sobre a origem do termo “samba”.
A etimologia da palavra samba é controvertida, havendo várias versões: a que lhe atribui a origem tupi, significando “cadeia feita de mãos dadas; a que consigna a existência da palavra em dialetos africanos com o significado de “culto através da dança” e ainda outra que a deriva da maçumba, instrumento africano em forma de chocalho ou maracá.
Enquanto uma linha de pesquisa afirma que o termo nasceu da língua árabe, sendo no início “zambra” ou “zamba”; outros afirmam que é originário de uma das diversas línguas africanas existentes, o quimbundo.
Neste caso, morfologicamente, “sam” significa “dar” e “ba” significa “receber”, ou então, “coisa que cai”
Há, ainda, uma terceira versão, que afirma que o termo é de procedência angolana ou congolesa, que conta com a grafia “semba” (umbigada).
Versão, que no Brasil, é a levada mais a sério.
O samba como ritmo se tornou o mais popular e o mais praticado no Brasil. É exportado e apreciado em todo o mundo.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
Pesquisadora-Historiadora-Comissão estadual da verdade da escravidão negra – CTSPN/UNEGRO- Diretora encarregada do departamento de instituto de pesquisa Perola Negra
Fonte: Portilho, Gabriela (4 de março de 2009). «Como surgiu o samba?». Superinteressante. Consultado em 1 de maio de 2017.. Cópia arquivada em 1 de maio de 2017/ Marcondes, 1998. Vianna, 1995, p.34/Institucional (s/d). «Verbete Samba». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira/Verbete Samba. Cliquemusic. Acesso, 10 de outubro, 2013/As Origens do Samba». Folha da Manhã. 6 de agosto de 1950Diniz, 2006, p.16 Paranhos, 2003, p.10
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