O Espelho Negro Mágico do Mago John Dee III

O Espelho Negro Mágico do Mago John Dee III

Infelizmente, não se pode deduzir nada, a partir do que Dee nos deixou, do lugar onde habitariam tais seres, ou a natureza psíquica deles.

Disse, simplesmente que são telepatas e que podem viajar no passado e no futuro.

É a primeira vez, que eu saiba, que aparece a idéia de viajar no tempo.

Dee esperava aprender desses seres tudo sobre as leis naturais, tudo sobre o desenvolvimento futuro da matemática.

Não se tratava nem de necromancia nem de espiritualidade, um termo vago e confuso usado hoje em dia.

Dee tinha a posição de um sábio que queria aprender segredos de natureza essencialmente científica.

Ele mesmo descreve-se, a todo instante, como filósofo matemático.

A maior parte das notas desapareceu no incêndio de sua casa, outras foram destruídas em outras oportunidades e por pessoas diferentes.

Restam-nos algumas alusões e em certas notas que ainda existem.

Tais indicações são extremamente curiosas.

Dee afirma que a projeção de Mercator não é senão uma primeira aproximação.

Segundo ele, a Terra não é exatamente redonda.

E, dessa forma, seria composta de várias esferas superpostas alinhadas ao longo de uma outra dimensão.

Entre essas esferas haveria pontos, ou antes, superfícies de comunicação.

E assim é que a Groenlândia se estende ao infinito sobre outras terras além da nossa.

Por isso, insiste Dee nas várias súplicas à Rainha Elizabeth.

Seria bom que a Inglaterra se apoderasse da Groelândia de maneira a ter em suas mãos a porta para outros mundos.

Outra indicação: as matemáticas não estão senão no começo.

E pode-se ir além de Euclides, e que Dee, lembramos, foi o primeiro a traduzir para o inglês.

Dee teve razão ao afirmar isso, e as geometrias não euclidianas que apareceriam mais tarde, confirmam seu ponto de vista.

É possível, diz igualmente Dee, construir máquinas totalmente automáticas que fariam todo o trabalho do homem.

Isto acrescenta a nota, já foi realizado por volta de 1585, não se sabe aonde.

Insiste, igualmente, na importância dos números e na considerável dificuldade da aritmética superior.

Uma vez mais, teve razão.

A teoria dos números revelou-se como sendo o ramo mais difícil das matemáticas.

Bem mais que a álgebra ou a geometria.

É muito importante, notou John Dee, estudar os sonhos que revelam, ao mesmo tempo, nosso mundo interior e muito avançada para a sua época.

É essencial, notava ainda, esconder da massa segredos que possam ser extremamente perigosos.

Encontra-se, ainda aí, uma idéia moderna.

Como se encontra outra com relação a esse tema: saber que se pode tirar do conhecimento da natureza poderes perfeitamente naturais e ilimitados.

Mas que é necessário empregar muito dinheiro nessa pesquisa.

Foi para ter esse dinheiro que procurou a proteção dos grandes, e a fabricação do ouro.

Nenhuma nem outra foram conseguidas.

Se pudesse encontrar um mecenas, o mundo estaria bem mudado.

Entre todos os que encontraram, conheceu William Shakespeare (1564-1616)? Creio que sim.

Um certo número de críticos shakespearianos está de acordo ao admitir que John Dee é o modelo do personagem próspero, na “Tempestade”.

Ao contrário, não se encontrou, ainda, que eu saiba, anti-shakespearianos bastante loucos para imaginar ser John Dee o autor das obras de Shakespeare.

Entretanto, Dee me parece ser melhor candidato a esse título que Francis Bacon.

Tal teoria levantaria a ira os baconianos, isto é, aqueles que pretendem ter sido Francis Bacon o autor das obras de Shakespeare.

Passando para outra lenda, John Dee jamais traduziu o livro maldito “Necronomicon”, de Abdul Al-Azred, pela simples razão que tal obra jamais existiu.

Mas, como bem disse um Mestre, se o “Necronomicon” tivesse existido, Dee seria, evidentemente, o único homem a poder encontrá-lo e traduzi-lo!

Infelizmente, esse “Necronomicon” foi inventado inteiramente por Lovecraft.

A pedra negra, vinda de outro universo, após ter sido recolhido pelo Conde de Peterborough, depois por Horace Walpole, encontra-se, agora, no Museu Britânico.

Este não autoriza, nem que se possa usá-la, nem que se faça nela qualquer tipo de análise.

Isto é lamentável.

Mas se as análises do carvão de que é feita essa pedra dessem um composto de isótopos que não o do carvão da Terra, aprovando que essa pedra teria origem fora dela, todo mundo ficaria fortemente embaraçado.

A Mônada Hieroglífica de Dee pode ser encontrada ou obtida por fotocópia.

Mas sem as chaves que correspondem aos diversos códigos da obra, e sem os outros manuscritos de John Dee queimados em Mortlake ou destruídos sob as ordens de James I, ela não pode servir para grandes coisas.

Entretanto, a história do Dr. John Dee não acabou e seriam necessárias duas reportagens para continuá-la.

Flavio Lins



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