A aurora do último dia de Agosto

A aurora do último dia de Agosto

A aurora do último dia, de agosto, raiou solar, talvez para nos lembrar que não há, por maior que seja a noite e escuridão que enseja, a aurora do amanhã.
Ao Sol basta uma única fresta, para dissipar o enevoado, para dar lúmen de aurora a onde antes breu havia.
Setembro se anuncia e prenuncia: é preciso chuva para lav(r)ar a terra, é preciso água fluida para florir. A chuva lavra e lava, assim como nossas lágrimas.
De quando em vez, chove lá fora e esfria. Aqui dentro, de quanto um quanto, melancolia. Saudade não traz tristeza, mas semeia nostalgia.
Triste é não ter o que lembrar. Triste é não cultivar o que de melhor nessa passagem há.
Tudo o que o tempo não leva, tudo o que o vento não traz, tudo o que não resfria, é o que plantado está no solo da Alma, no campo do espirito, no terreno do corpo.
Aqui , dentro, floresce a semente do Ser. A coruja espia, as borboletas expiam. E Eu cuido de ( a) viver.
Quem elegeu a busca, recusar não pode a travessia.
Precisamos não apenas erigir seus alicerces e pavimentar o caminho. Há penas…e embora sem precisão, a travessia é mais do que um convite, uma necessidade dos que o que não aceitariam seria ficar à margem de si mesmos. Quem se levaria?

Ao outro lado? A outro rumo? Para um outro mundo? Só, (a) quem o atravessa, (a si) o destino se revela. A luz não está no fim do túnel, está em você!
Sob a cheia lua que míngua depois de eclipses agosto expia, setembro a algumas inspirações estende também a mão. Quem vai e quem fica nessa estação?

Nem preciso dormir para despertar. Nem preciso respirar para olfatar o que se prenuncia.
O sonho penetra em mim a noite para em gozo extravasar o dia no êxtase das manhãs. Amante poderoso que é, floresce e enche de brilho a minha vida, não apenas por suas sementes plantar e regar em meus jardins, mas porque ao fazê-lo, cheio de estrelas, seus olhos acendem e refletem o que dorme encantado em mim.
E para ele me viro. E é ele quem me desperta para ilusão da vida e me convida a ser por fim.
Afinal, que é o sonho sem não, lembrança do futuro que me permite viver o presente do hoje a cada amanhecer.
Para sentir setembro entrar receberei aberta a madrugada na varanda. Venta, é parcialmente estrelada e fresca a noite na dimensão em que me encontro. A minguante no céu em seu leito de nuvens como manta a me proteger do que me resfria, faz-me sendo sua cria, fecunda do que em mim nada anuvia.
Enluarada a minha alma suspira no sereno da noite, e se conversar com estrelas é meu segredo para não dormir nos fins, sonhos me mantém desperta. Sim, semeando no tempo ao vento as canções de meus sentimentos é que primaverei e primavera verei…(en)levada. É de Vênus minha alvorada.
Boa nova nos campos? Não…
Haja brotos no coração!

Créditos de imagem destacada: aurora-1018288 pixabay.com



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Denise Espiuca

Denise Espiúca Monteiro Médica Homeopata, Mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social/UERJ. Diretora do Ambulatório Escola do IHB, A Casa da Homeopatia Brasileira. Escritora, ocupa a cadeira 25 da ABRAMES, Academia Brasileira de Médicos Escritores. Email: despiuca@dh.com.br

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