Amazônia: as mulheres e crianças invisíveis

Amazônia: as mulheres e crianças invisíveis>> A dificuldade das mulheres serem respeitadas

Principalmente em seu papel social, como mãe educadora, onde a cultura machista ainda vigora fortemente como aqui no norte do Brasil.

Elas são desonradas, desconsideradas e muitas vezes violentadas em lugares de difícil acesso, como nas aldeias indígenas da Amazônia, antigos seringais e ainda, nos prostíbulos das cidades mais próximas.

Entretanto, há casos em que o próprio pai dorme com as filhas e maltrata não só a mulher, como todas elas.

Decerto, eu mesma presenciei um caso assim. Morando em lugares longínquos, na beira de rios ou igarapés, eles se escondem e as mantem escravizadas, abusando e usando de todas as formas de violência.

Tanto o assédio sexual, quanto o assédio moral, são fortemente praticados nestes locais, além da violência física e psicológica a que são submetidas.

Evidentemente, que estes casos são subnotificados e pouco comentados na mídia

Sem dinheiro ou condições para diligencias e investigações mais aprofundadas, policiais ou agentes de saúde deixam de visitar os locais.

Atualmente, por exemplo, no Estado do Pará, uma garota de 16 anos que estava em uma festa da escola, foi sequestrada e violentada sexualmente por vários rapazes.

Antes de tudo, vale citar que todos eles são filhos de fazendeiros da região.

Ela teve tanto seus pés, quanto mãos amputados, seus órgãos genitais arrancados e foi brutalmente assassinada sem que a mídia nacional desse importância.

Onde estão estes rapazes agora? Houve justiça?

Surpreendentemente, este foi um dos milhares de casos parecidos na região norte do país.

Sem ter como sobreviver, muitas jovens mulheres para escapar do machismo saem de suas casas ou se distanciam do grupo para se prostituírem.

Porém, a sociedade também repudia a prostituição, não dando chance para que elas possam melhorar suas vidas.

Por exemplo, procedem não lhes dando trabalho ou aceitando em certos cargos públicos que não admitem um passado de prostituição.

Então, além de vítimas da sociedade em que vivem, ainda são marcadas por aceitarem ajuda em uma situação difícil

Em relação às mulheres indígenas, há lideranças femininas que reclamam por não ter direitos iguais.

Segundo elas, os homens possuem até mais de sete mulheres, mas elas não podem “errar” uma só vez, porque são excluídas da tribo, assim com mal vistas e repudiadas.

Para saírem deste ciclo, elas devem enfrentar situações praticamente insustentáveis, onde poucas conseguem sobreviver.

O pior, é que suas filhas, meninas ainda, tendem a ser usadas também para suprir as necessidades de pedófilos.

Crianças de 8 a 11 anos, são trocadas por combustíveis, cesta básica ou entregues àqueles que se dispõe a cuidar e usá-las como quiser, nos rincões longínquos onde as levam.

Esta é a realidade de muitas mulheres e crianças na Amazônia brasileira, em qualquer Estado.

Só em 2012, 1.900 crianças foram vítimas de estupro no Amazonas, sendo que quase 1.300 delas têm de zero a 11 anos de idade.

Aumentou 18,3% o caso de crianças com menos de cinco anos abusadas, e 1,3% de crescimento em relação a abusos de bebês.

É preciso que a mídia, assim como,  o governo federal e estadual, façam campanhas e incentivem denúncias em relação a este sério problema.

Nos outros Estados há também redes isoladas e diferenciadas, mas, é o turismo sexual o que mais alimenta o comércio da região.

<h3>Silenciado por ser um hábito aonde políticos, ricos comerciantes, pessoas vindas de fora do Estado costumam usufruir</h3>

A partir do descaso dos políticos e da sociedade, as mulheres e crianças invisíveis do Brasil, vão sofrendo abusos e, talvez…   até desapareçam sem que ninguém perceba. Quer mortas, quer abandonadas por um destino que nunca ninguém nem mesmo chegou a conhecer.



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Eliane Rocha

Venho de uma família humilde e bem brasileira. Sou uma mistura de raças. Meu avô por parte de minha mãe, era filho de indígenas da etnia  tupi guarani do Vale do Paraíba e me ensinou valores como dignidade, amor à natureza e às pessoas humildes. Alto, moreno, era militar e foi o homem mais incrível que conheci. Fui muito apegada a ele e, ele a mim. Se casou com uma italiana sorridente que gostava de contar estórias. Segundo ela, descendíamos de uma família proveniente da Áustria e assegurava que tinha certa realeza no meio. Ficava toda boba por ela me dizer...mas,não sabia se era verdade ou apenas imaginação. Meu pai, era filho de espanhóis. Meu avô com sobrenome judeu e minha avó, um sobrenome bonito: Jordão. Vieram da Europa ainda jovens, eram aventureiros. Vieram sem nada, talvez fugindo da primeira guerra mundial. Começaram  a vida no Brasil costurando colchões de palha e fabricando móveis artesanais. Lembro quando eu passeava com eles, entre sombras e sóis, ao entardecer, por caminhos cobertos de folhas e cidreiras. Comecei a desenhar e escrever bem cedo, aos oito anos, mas, foi aos quinze, que tive minha primeira coluna em um jornal de minha cidade. Sempre no meio da comunicação, continuei a escrever em jornais de outros Estados. Também fiz teatro  e  alguns trabalhos em emissoras de TV. Na televisão, me marcou muito, ter trabalhado com o jornalista Ferreira Netto, o qual me ensinou muitas lições. Me formei na UNISUL, em cinema e produção multimidia. Fiz parte da Antologia Mulheres da Floresta, da Rede de Escritoras Brasileiras, de onde surgiu dois documentários, feitos apenas como uma hand cam: um com os povos kaxinawás - huni kuins - e outro com os povos nukinis, na Serra do Divisor. Vivi na Amazônia nos meus últimos vinte e cinco anos, fazendo entre outras coisas, trabalhos voluntários como socorrista e técnica de enfermagem entre os povos ribeirinhos. ​

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