UM MITO GNÓSTICO : SIMÃO E HELENA VI – FIM
UM MITO GNÓSTICO : SIMÃO E HELENA VI e a Cidade de Tiro
A cidade de Tiro fornece a principal pista para a história de Simão e Helena
Inegavelmente, todas as passagens são unânimes no louvor à bela cidade; entretanto, todas elas a condenam pela sua participação na queda de Israel.
Tiro para os profetas do Antigo Testamento, representava tudo que os pagãos poderiam desejar.
Acima de tudo, era considerada um modelo de sabedorias e beleza; numa fase anterior à vinda do mal para o mundo.
“O Tiro tu disseste,
Eu sou de uma formosura extrema,
E estou situada no coração do mar!”
Os teus vizinhos que te edificaram,
tornaram-te perfeita em formosura…”
(Ezequiel, XXVII, 3-4)
UM MITO GNÓSTICO : SIMÃO E HELENA VI – e a vinda do mal para o mundo
Esse mito da vinda do mal para o mundo está associado a história dos anjos caídos, que vieram para a terra e coabitaram com mortais.
O mal teria então surgido, quando a Sabedoria, por meio da traição angélica, cedeu conhecimentos suficientes ao homem para que se tornassem uma “coisa perigosa”.
“Filho do Homem,
Entoa uma lamentação sobre o rei de Tiro,
E dir-lhe-ás:
Isto diz o Senhor teu Deus:
Tu, o selo da semelhança cheio de sabedoria e perfeito na beleza,
Tu vivias nas delícias do Paraíso de Deus e teu vestido estava ornado de toda a casta de pedras preciosas:
O sardo, o topázio, o jaspe, a crisólita, a cornelina, o berilo, a safira, o corbúnculo, a esmeralda e o ouro.
Tudo foi empregado em realçar a tua formosura;
E os teus instrumentos músicos foram preparados no dia em que foste criado.
Tu eras um que estendia as suas asas e cobria;
Eu coloquei-te sobre o monte santo de Deus;
Tu caminhavas no meio das pedras como o fogo.
Tu eras perfeito nos teus caminhos desde o dia da criação,
Até que a iniquidade se achou em ti.
Com a multiplicação do teu comércio
Encheram-se as tuas estranhas de iniquidade e caíste no pecado;
E eu lancei-te fora do monte de Deus,
Ó querubim, que cobrias o trono no meio das pedras como o fogo.
O teu coração se elevou no teu esplendor;
Perdeste a tua sabedoria por causa do teu brilho;
Por isso te lancei por terra,
e te expus diante da face dos reis,
para que eles te contemplassem…
(Ezequiel, XXVIII, 12-17)
Helena enquanto Sabedoria, teria partilhado o poder da criação com anjos mal-intencionados, que fizeram o mundo e suas criaturas.
Esses anjos então, teriam sido condenados por sua traição à prisão no Fosso do fogo do Inferno.
Esse fosso se julgava que ardia sob o vale dos Penhascos do Mar Morto.
Dessa forma, a antiga orgulhosa Tiro seria punida:
“Te matarão e te precipitarão para o Fosso”
(Ezequiel XXVIII, 8)
UM MITO GNÓSTICO : SIMÃO E HELENA VI – a degradação de Tiro
A degradação de Tiro servia de forma adequada para o exílio dessa heroína gnóstica do seu Lar Celestial.
Porquanto, mais uma vez, a heroína desce ao submundo.
A saber, o mito de Simão e Helena não está inserido num período determinado da História.
Helena apareceu em diversos períodos e de diversas formas em narrativas diferentes, enquanto que Simão surgiu como todas as coisas para todos os homens.
Além do mais, os mitos têm seus personagens retratados sob uma grande variedade de nomes assim como disfarces.
Como os gnósticos não se dedicavam à contemplação passiva, agradava-lhes tal espécie de diversidade, pois prestava-se à natureza multifacetada de sua Fé.
Por outro lado, a maior parte do que se sabe atualmente sobre Simão e Helena veio através de seus opositores.
Poder-se-ia, portanto, concluir que a incredibilidade e variedade de tantas histórias referentes a este mito tivessem como objetivo desacreditá-los.
Seu descrédito entre os crentes, faria com que restasse tão somente como crível a história de Josué/Jesus.
UM MITO GNÓSTICO : SIMÃO E HELENA VI – suas incoerências
A falta de coerência, assim como as variedades no que se refere ao mito de Helena e Simão, careciam de importância para os gnósticos.
Em síntese, eles não colocavam uma ênfase exagerada nos personagens das histórias, para que não se desviassem do tema considerado principal.
Nesse sentido, o que importava era a salvação das almas dos homens “A MENSAGEM DEVERIA SOBREPUJAR O HOMEM”
Simão e Helena, assim como outros personagens míticos, seriam apenas projeções, formas ou imagens do espírito, cuja substância mantinha-se no céu.
Helena, simbolizando a LUZ, como CONHECIMENTO DIVINO, pode ser associada à simbologia da TOCHA DA SABEDORIA, DA LUZ E DO FOGO, como uma projeção da palavra de Deus.
Analogamente, essa referência ao fogo é encontrada em diversas passagens bíblicas.
Como exemplo, no Êxodo, quando as tribos comandadas por Moisés eram guiadas por uma coluna de fogo durante a noite.
“TOCHA ARDENTE”
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