MULHER, TENHO SEDE
MULHER, TENHO SEDE
A irresistível sedução do Rabi
1:DEVEMOS PARAR AGORA?
Devemos impor um ponto final aqui?
Emudecer?
Silenciar?
2:Não.
Um pouco mais.
Não muito.
A poética desse encontro é arrasadora.
A estética também.
É pura arte humana.
Existencial.
Plástica divina.
3:Não há como evitá-lo.
Há um poço de Jacó em nossas vidas.
Com um balde furado tiramos água de lá todos os dias.E todos os dias voltamos a sentir a mesma sede.
Procuramos pela água viva que nos sacie de uma só vez.
Ansiamos por essa mágica bebida.
Teremos sorte em encontra-la?
4:Sei de alguém que a encontrou.
Não, não é nenhum alquimista.
Esses homens maravilhosos que sabiam das coisas da alma.
Tais milagres, só acontecem às mulheres.
Pelo menos, inicialmente…
5:ELA VEM DA SAMARIA.
E ELE ESTAVA ALI, sentado.
Tenho certeza de que a esperava.
Não foi a cidade com os amigos comprar mantimentos porque a esperava.
Tinha outra fome que o doce mel e o pão ázimo não podiam saciar.
Ele Queria aquele encontro.
Desejava-o do fundo de seu coração.
7:QUANDO MENINO OUVIA minha mãe dizer: “Deus necessita de seu amor”.
“Do meu amor?” Perguntava-me em segredo.
Nos sermões dominicais da Igreja, Deus me parecia tão cheio de si, tão auto-suficiente, que me custava acreditar nas belas palavras de minha mãe.
8:ELA SE APROXIMA.
Carrega em seus ombros um pesado pote de barro. Está cansada.
Ele não a ajuda.
Tem sede.
Quer a água dela, por isso lhe pede de beber…
9:É uma trama perfeita. Só o amor constrói tramas assim. São armadilhas verdadeiras. Não há como escapar. Na verdade, não há como querer escapar.
10:Tramar em direção a alguém é flagrá-lo no íntimo, em seus desejos inconfessáveis.
Jesus era um mestre nessa arte. Seu poderoso olhar, acertava em cheio o coração dos seus escolhidos.
Não foi assim com Pedro? Depois daquele dia em que se encontraram no poético lago de Genesaré, o pobre pescador jamais conseguiu retornar ao seu trabalho e nunca mais foi o mesmo.
O olhar de Jesus roubou sua alma. Tomou sua vida. Tornou-o prisioneiro…
11. …E LÁ ESTÁ ELE DE NOVO. Fazendo o que de melhor sabe fazer: salvar vidas, salvar almas. Jesus e a Samaritana. Juntos, sentados na borda do mesmo poço. Ele e ela. Um, no olhar do outro.
Seria ele mais um homem a seduzi-la? A sonhar com seus encantos? Ou, ele era como ela? Amava e não era amado? Ela, um homem. Ele, o mundo inteiro. Precisavam resolver, cada um deles, os seus amores, ali mesmo…
12. O TEMPO PASSA… A TARDE VAI CAINDO.
Uma suave brisa os envolvem. Em pouco tempo os discípulos estarão de volta da cidade. Estranharão o Mestre junto a uma mulher, rindo, feliz. No coração dos amigos de Jesus vive a maldade que habita o profundo de todos nós.
Ela é um lembrete a exortar a nossa contínua humildade. O salutar espinho na carne…
13:…Posso imaginar o cansado rosto da samaritana lentamente transformar-se em face de divina alegria, em água viva!
Ela bebeu dele e não precisa mais do poço de Jacó.
14: MAS É PRECISO SER RÁPIDO… não há muito tempo. Ele toma a iniciativa.
Diz: “Tenho sede. Dá-me de beber”.
Ela resiste. Não vai entregar-se facilmente. Conhece os homens. É uma mulher. E uma mulher ferida pelo amor. Como ele. Não está disposta a saciá-lo. Porque não pega um balde por si mesmo e mata a sua própria sede?
15: …O CÂNTARO ESTÁ CHEIO E ELA apronta-se para partir.
Como uma águia faminta que mira a sua presa do alto, assim ele parte num espetacular vôo na direção dela, capturando-a em um só golpe. Ele diz:
“Se tu soubesses quem te pede água, tu é que me pedirias. E eu te daria uma fonte de água viva a jorrar e tu nunca mais sentirias sede”.
15. COM ESTAS PALAVRAS, A CEIA DO AMOR está consumada. Não há mais sedes. Nem nela. Nem nele.
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