Sexo na Pandemia

SEXO NA PANDEMIA

Este trabalho examina as internações por Gravidez, Parto e Puerpério (Classificação Internacional das Doenças e Causas de Internação – CID10), registradas no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde – SIH/SUS), mês a mês no período de janeiro de 2020 a fevereiro de 2021. Foram construídos diversos indicadores através de tabelas e gráficos, que são comentados em cada tema.

TEMA1 – Série histórica de Internações por Gravidez, Parto e Puerpério.

TABELA 1 – Internações por Gravidez, Parto e Puerpério.
Brasil – Janeiro de 2020 a fevereiro de 2021.


GRÁFICO 1 – Internações por Gravidez, Parto e Puerpério.
Brasil – Janeiro de 2020 a fevereiro de 2021.

Pode-se observar que a partir de junho já começa uma queda no número de internações por Gravidez, Parto e Puerpério, ocasionada talvez pelos nascimentos de prematuros. A partir de janeiro de 2021 essa queda é muito acentuada, e é maior em fevereiro, podendo-se prever uma queda de nascimentos cada vez maior

TEMA2 – Principais causas de internações por Gravidez, Parto e Puerpério.

Para este tema e o próximo foi considerado apenas o período de setembro de 2020 (ponto em que começa a haver uma queda do número de internações por Gravidez, Parto e Puerpério) a fevereiro de 2021, para melhor clareza do gráfico.

TABELA 2 –Sete principais causas de internações por Gravidez, Parto e Puerpério
Brasil – Setembro de 2020 a fevereiro de 2021.

(1) Assistência prestada à mãe por motivos ligados ao feto e à cavidade amniótica e por possíveis problemas relativos ao parto. (2) Edema, proteinúria e transtornos hipertensivos na gravidez, no parto e no puerpério (3) Os abortamentos induzidos são classificados como “Outras gravidezes que terminam em aborto” para evitar os processos e prisões conseqüentes à absurda e desumana criminalização do abortamento induzido, um crime contra a saúde e a vida das mulheres.
GRÁFICO 2 – Sete principais causas de internações por Gravidez, Parto e Puerpério.
Brasil – Setembro de 2020 a fevereiro de 2021.

Devido à redução do número de gravidezes, todas as causas tiveram uma queda notável em fevereiro, e uma forte tendência a diminuir nos próximos meses

TEMA3 – Internações por Gravidez, Parto e Puerpério por faixa etária.

As internações por Gravidez, Parto e Puerpério predominam na população feminina jovem de 20 a 29 anos, mas ocorrem em grande número entre adolescentes, superando até o número de internações de mulheres de 40 a 49 na

TABELA 3 – Número de internações por Gravidez, Parto e Puerpério , na população feminina em idade reprodutiva. Brasil – Setembro 2020 a fevereiro de 2021.
Faixa Etária 1 2020/Set 2020/Out 2020/Nov 2020/Dez 2021/Jan 2021/Fev

GRÁFICO 3 – Número de internações por Gravidez, Parto e Puerpério , na população feminina em idade reprodutiva.Brasil – Setembro 2020 a fevereiro de 2021.

Um duplo genocídio devido à omissão e dificuldade de Bolsonaro às medidas necessárias para controlar a pandemia de coronavírus no Brasil.
Um escândalo internacional.

É trágico! É terrível! O genocídio perpetrado por esse animal irracional que governa o Brasil não é apenas em decorrência do absurdo número de óbitos diários pela corona vírus. Um outro genocídio tão danoso quanto este é consequência da redução de nascimentos que atinge patamares tão baixos que em alguns lugares não é suficiente nem para repor a população, contrabalançando com o total de óbitos.
Os patamares mais elevados de gravidezes até dezembro de 2020 resultaram de fecundação antes de março de 2020 (sexo com fins reprodutivos), após março as gravidezes começaram a ser evitadas por causa da incerteza do futuro.
Entre vários outros absurdos, Bolsonaro tem dificultado a importação de vacinas e desqualificado as ações corretas para evitar o contágio do vírus como: usar máscaras e evitar aglomerações, que reduzem o contágio da doença.
Março pode ter sido o primeiro mês da história em que o Brasil registra mais mortes do que nascimentos, segundo o neurocientista Miguel Nicolelis. Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (1º), o médico explicou que um levantamento feito por pesquisadores no Portal da Transparência do Registro Civil do Brasil apura o total de certificados de óbitos e nascimentos desde antes da pandemia.
“Antes, havia por volta de 200 a 230 mil nascimentos por mês no Brasil, e por volta de 90 a 100 mil óbitos. A gente seguiu esses dados ao longo do ano passado e o que vimos é que a diferença entre os óbitos e os nascimentos está ficando cada vez menor”. Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/04/01/nicolelis-brasil-pode-registrar-pela-1-vez-mais-mortes-do-que-nascimentos
A tragédia se destaca no nível internacional. A população do Brasil corresponde a menos de 3% (2.72%) da população mundial, mas os óbitos por corona vírus no dia 12/abril/2021 corresponderam a 20% do total de óbitos do corona vírus no mundo todo. É surreal!
A Índia com uma população 6,5 vezes maior que a população brasileira, registrou a metade dos óbitos por covid neste dia.

Fonte dos dados (12/abril/2021): https://www.worldometers.info/coronavirus/#countries

Lista de países por população (13-04-2021)
Fonte: https://countrymeters.info/pt

Essa situação trágica e absurda do Brasil repercute em todo mundo.
Imprensa internacional diz que pandemia no Brasil está “fora de controle” e virou “bomba-relógio” mundial
Emissoras de rádio, televisão e diversos jornais de todo o mundo noticiaram o recorde de mais de 3 mil mortos pela Covid-19 em 24 horas no país e afirmam que a situação está “fora de controle”.

O New York Times destaca colapso sanitário no Brasil desgovernado por Bolsonaro.
“As mortes no Brasil estão no auge e variantes altamente contagiosas do coronavírus estão varrendo o país, possibilitadas por disfunções políticas, complacência generalizada e teorias da conspiração”, afirmou o The News York Times. O jornal também disse que Jair Bolsonaro “continua promovendo drogas ineficazes e potencialmente perigosas para tratar a doença”
Fonte: https://www.brasil247.com/midia/new-york-times-destaca-colapso-sanitario-no-brasil-desgovernado-por-bolsonaro

O EFEITO DO AUMENTO DE MORTES E REDUÇÃO DOS NASCIMENTOS DURANTE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL NA PIRÂMIDE ETÁRIA DA FRANÇA

A redução dos nascimentos e aumento das mortes nas duas guerras mundiais afetou significativamente a forma da pirâmide etária provocando um estreitamento tanto da população masculina quanto da população feminina, como mostra esta pirâmide etária da França em 1950.
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito que ocorreu entre 1914 e 1918 e ficou muito conhecida em razão dos combates que aconteciam nas trincheiras, com elevada mortalidade dos soldados, e o estreitamento da pirâmide reflete-se na redução de homens e mulheres de 30 a 34 anos em 1950 na França.
A Segunda Guerra Mundial foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo, incluindo todas as grandes potências, e também mudou a pirâmide populacional da França, reduzindo a população que tinha entre 5 e 14 anos em 1950.

Isto é o que vai ocorrer com a população brasileira.




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Mario Francisco Giani Monteiro

-Médico formado em 1972 pela Faculdade de Medicina da UFRGS. - Especialista em Saúde Pública formado em 1973 pela Faculdade de Saúde Pública da USP. - Pesquisador Titular do IBGE, no Departamento de População e Indicadores Sociais de 1974 a 1998 . - Professor Associado Aposentado do Instituto de Medicina Social da UERJ. Participante do Programa de Incentivo à Produção Científica, Técnica e Artística – PROCIÊNCIA, destinado a valorizar a produção científica, técnica e artística dos docentes da UERJ optantes pelo regime de dedicação exclusiva. 1973 a 2013. - PhD Medical Demography at The London School of Hygiene & Tropical Medicine. University of London. 1990. - Post Doc as Visiting Scholar at University of Cambridge, UK. 2001-2002. - Post Doc Senior as Academic Visitor, Newcastle University/UK. 2010. contato: email mariofgiani@gmail.com

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