Os doze trabalhos de Héracles – uma visão astrológica II
Os doze trabalhos de Héracles – uma visão astrológica II
Héracles, nascido Alcides, havia cometido um crime horrível após ser arrebatado por Lyssa, a Raiva e matado sua esposa Mégara e seus três filhos.
O Oráculo de Delfos vaticina que ele deveria se colocar à disposição de seu primo Euristeu, rei de Micenas, por doze anos.
Neste período ele executa o que ficou conhecido como os doze trabalhos de Héracles para que pudesse se redimir de sua falha grave.
Porem antes de chegar a Micenas, Héracles foi submetido a primeira prova: em uma encruzilhada surgiram duas mulheres. Por um caminho veio Kakia – a indolência, volúpia ou vício, que lhe chamava para uma vida de prazeres e ociosidade.
Pelo outro chegou Aretê – a virtude, que conclamava para que ele seguisse um caminho repleto de atribulações, privações, perigos, mas ao final da jornada encontraria a Glória.

Héracles preferiu o caminho da Virtude e continuou seu caminho até Micenas.
Vários autores estabeleceram relações entre os doze trabalhos e o doze signos do Zodíaco, sendo que não podemos deixar de mencionar o livro “Os Trabalhos De Hércules” da autora Alice A. Bailey no qual ela apresenta uma visão da Astrologia Esotérica sobre o tema.
Vamos agora colocar minha visão sobre a correspondência entre os trabalhos e os signos do Zodíaco, discorrendo sobre os três primeiros:
1 – Aries – As Éguas de Diomedes
Domou as éguas de Diomedes, filho do deus Ares e Pirene, rei da Trácia. Ele era possuidor de quatro éguas carnívoras chamadas Podargo, Lâmpon, Xanto e Dino que vomitavam fogo e a quem ele dava a comer os estrangeiros que porventura viessem até o seu país.
O herói lutou com Diomedes e o derrotou, para depois entregá-lo à voracidade de seus próprios animais. Após devorarem o rei, saciadas, os animais se acalmaram e Herácles colocou-lhes o cabresto.
Em seguida as entregou a seu amigo Abderis, filho do deus Hermes, para que ele as conduzisse. Ao primeiro descuido de Abderis, as éguas o devoraram e fugiram.
Amargurado pela morte do amigo, Héracles tenta recapturá-las, no que se transformou em um trabalho extremamente cansativo. Depois de muito tempo, ele consegue aprisioná-las, levando-as a Euristeu, que as mandou soltar no monte Olimpo.
Diomedes é um exemplo típico de arianos que podemos chamar de nível mais baixo, ou seja, aqueles inteiramente dominados pela vida instintiva e que se caracterizam por uma grande disposição combativa, a luta pelo prazer de lutar.
Os cavalos são símbolos do psiquismo inconsciente, associados sempre à impetuosidade, à força indomável dos desejos, que podem se impor à mente racional e ao amor.
Para Paul Diel, a éguas de Diomedes são símbolo da perversidade, aquela que devora o homem, provocando a banalização, causa da morte da alma.

2 – Touro – O Touro de Creta
Zeus raptou Europa, uma princesa fenícia, disfarçado de um touro branco e a levou pelo mar até Creta. Então, uniu-se a ela e teve três filhos: Minos, Radamanto e Sarpedon.
Minos havia pedido ajuda a Poseidon para se tornar o rei de Creta em detrimento de seus irmãos. O deus dos mares enviou-lhe um magnifico touro branco que soltava fogo pelas ventas, com a condição que ele fosse sacrificado após conquistar seu objetivo.
Porém, o rei não teve coragem de sacrificar um animal tão bonito, tão forte e o substituiu por outro de seu rebanho. Poseidon ficou irritado e pediu a Afrodite que fizesse com que Pasifae, esposa de Minos se apaixonasse pelo animal.
Afrodite determinou que seu filho Eros alvejasse o coração de Pasifae e ela imediatamente se apaixonou pelo touro. Então ela determinou que Dédalo, o arquiteto da corte, fizesse uma vaca de madeira recoberta de couro.
Em seguida ela entrou dentro da vaca e o touro teve relações com ela. Desta união nasceu o Minotauro, um ser com corpo de homem e cabeça de touro, que se alimentava de carne humana.

Minos horrorizado, ordena que Dédalo construa um labirinto, onde o estranho ser foi trancafiado. Depois disto, Poseidon enlouqueceu o touro, que passou a aterrorizar o povo da ilha, fazendo terríveis devastações.
Hércules procurou pelo animal guiado pela estrela cintilante que brilhava em sua testa e encontrando-o, agarrou-o pelos chifres. Depois de uma intensa luta o dominou, para depois montá-lo e sobre seu dorso voltou para Micenas, onde o entregou a Euristeu.
Neste trabalho, fica evidente a questão da posse relativa ao signo de Touro. Minos quis ficar de posse do touro divino descumprindo um acordo com o deus Poseidon e este fato teve consequências graves, como o nascimento do Minotauro.
Outra questão é a do erotismo, do desejo pelo qual Pasifae foi tomada e terminou por se relacionar com o touro divino através de artimanhas construídas pela criatividade de dédalo, o arquiteto real.
Devemos estar cientes do uso correto da função sexual, permitindo a troca energética entre dois seres que as amam, que os leva a um estado de êxtase. Assim poderemos eliminar a paixão, a luxúria, a infidelidade e outros desvios causados pela volúpia.

3- Gêmeos – Os Pomos de Ouro do Jardim das Hespérides
Colheu os Pomos de Ouro do Jardim das Hespérides, que eram três irmãs, Egle, Eritia e Aretusa. Ele não sabia onde se localizava tal jardim, e perguntou às ninfas do rio Erídano, que o aconselharam a procurar Nereu, um deus marinho primitivo, filho de Ponto e de Gaia, que tinha o poder da metamorfose e conhecia todos os segredos.
Héracles o amarrou enquanto dormia e falou que só o soltaria se ele dissesse onde ficava o jardim das Hespérides. O velho do mar se transformou em leão, serpente e labaredas sem conseguir assustar o herói, então, contou onde ficava o jardim.
Dali ele rumou para a Líbia, onde lutou contra o gigante Anteu, filho de Poseidon e Gaia. Ele tinha uma força prodigiosa que vinha justamente de sua mãe Gaia, a Terra. Percebendo isto, Héracles o levantou do solo e o venceu.

Passando pelo Egito, quase foi morto pelo seu rei Busiris, que havia sido aconselhado a sacrificar anualmente um estrangeiro. Nosso herói foi amarrado e levado ao altar de sacrifícios, mas conseguiu desvencilhar-se e matou a todos os presentes.
Héracles foi até os confins do mundo ocidental e chegou até o jardim, onde um dragão cor de fogo e cem cabeças guardava os Pomos de Ouro. Ali ele avistou um gigante que sustentava a abóboda celeste, o titã Atlas.
Perguntou como fazer para colher os frutos e Atlas se ofereceu para ir apanhá-los, desde que nosso herói ficasse em seu lugar. Héracles sustentou o céu nos seus ombros e o titã apanhou os Pomos.
Porém, Atlas falou que iria pessoalmente entregá-los a Euristeu e Hércules fingiu concordar, pedindo apenas que segurasse o céu por alguns instantes para colocar uma rodilha de pano na cabeça. Inocentemente, Atlas voltou a sustentar o céu e Héracles partiu, levando os Pomos para Micenas.
Euristeu, sem saber o que fazer com eles, devolveu-os a Hércules, que os entregou a Palas Atena. A deusa levou os Pomos de Ouro de volta para o jardim das Hespérides, de onde nunca deveriam ter saído de acordo com as leis divinas.

A relação deste trabalho com o signo de Gêmeos é, em primeiro lugar, o longo caminho que teve que percorrer para atingir seu objetivo, as diversas investigações sobre a real localização do Jardim da Hespérides, que significa o Oeste, o poente.
Também temos os estratagemas mentais que teve que Héracles teve que utilizar para convencer Nereu e Atlas a atenderem suas solicitações, o que evidencia que neste trabalho não só a força bruta foi utilizada.
Só para lembrarmos de alguns atributos do signo de Gêmeos, temos os contatos humanos, a comunicação, a emissão e a recepção de mensagens, a movimentação, o raciocínio rápido, sendo que tudo isto se encontra neste trabalho.
Nos próximos artigos falaremos dos demais signos e suas relações com os desafios enfrentados por nosso herói.
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