A Coragem de Ser Feliz
A Coragem de Ser Feliz>> O Segredo da felicidade
Primeiramente, vamos refletir sobre algumas máximas populares a respeito da felicidade.
Alguns dizem: a felicidade é ter saúde; enquanto que outros, preferem: a felicidade é ter dinheiro.
Decerto, os mais ambiciosos fazem da combinação destes dois aspectos a felicidade perfeita.
Eu mesmo não ousaria pensar que dinheiro e saúde não formem um extraordinário par e fonte de imensa alegria.
Vigor físico associado à completa satisfação das necessidades materiais produz um prazeroso estado de gratificação pessoal.
E isso é bom. E isso é belo.
A Coragem de Ser Feliz – ter tudo mas e daí?
Porém, todo esse acúmulo de benesses não é tudo.
Meu trabalho clínico psicológico insiste em mostrar-me realidades muito distintas do habitual consenso popular.
Na verdade, todos os dias trato de pessoas que não se sentem felizes, embora exibam uma invejável saúde física.
Contudo, com queixas difusas, tais como, “sensação de vazio”, “falta sentido”, “desânimo para as coisas”.
Conquanto, elas chegam ao consultório psicológico na esperança de encontrar, finalmente, a solução de seus problemas.
Estão cansadas. Já percorreram uma infinidades de especialistas e realizaram um sem números de exames e nada foi encontrado que justificasse suas queixas.
Diante das evidências de saúde perfeita, o médico não encontra outra saída a não ser dizer ao paciente o óbvio.
O que os números revelam: “você não tem nada, procure se distrair e não pensar nestas coisas”.
A Coragem de Ser Feliz – a simplificação do drama humano
A simplicidade deste raciocínio, encontra-se na profissão de fé que o médico deposita nos exames.
Só eles poderiam revelar alguma anomalia.
Portanto, se nada foi detectado nas amostras, então não há nada com que se preocupar.
Salvo a imaginação “doentia” do paciente, que deve ser infantilmente entretida, com atividades menos perniciosas do que seus próprios pensamentos e sentimentos, o resto está bem…
Por outro lado, sou obrigado a dizer que conheço vários casos de pessoas que estão privadas quer de saúde ou mesmo de dinheiro, ou ainda, desses dois aspectos, simultaneamente, e que abrem a voz com toda coragem e alegria para dizer:
sou feliz e nada me falta!
Para o espectador desta declaração é incompreensível e quase inaceitável, face o cruel contraste entre o que se vê e a declaração solene.
Mas ainda que a cruel política do governo minimize o bem estar coletivo da maioria, mesmo assim, somos obrigado a afirmar que a felicidade não é razão direta do bem estar.
Também se é feliz na adversidade e no sofrimento
Se depreende destas reflexões que felicidade não pode ser confundido com bem estar nem com vigor físico, tal qual entendemos esta expressão.
A felicidade carrega consigo uma boa dose de bem estar mas o inverso nem sempre é verdade.
Ademais, o bem estar presente na felicidade é essencialmente distinto daquele que tem sua origem na satisfação imediata das necessidades materiais.
O bem estar material deveria ser um direito de todos.
Deveria ser o resultado do trabalho diário, da justiça social, da distribuição equilibrada de renda, da descentralização de riquezas e poder.
Mas, ainda que a cruel política do governo minimize o bem estar coletivo da maioria, mesmo assim, somos obrigado a afirmar que a felicidade não é razão direta do bem estar.
A Coragem de Ser Feliz – Se é feliz na adversidade e no sofrimento
Se a felicidade não é nem ter dinheiro e tampouco, nem não ter.
Se ela não é nem ter saúde nem estar privado dela.
Se a felicidade não pode ser apontada naquela ou nesta direção e também não se deixa aprisionar por impressões equivocadas de bem-estar…
Vale a única pergunta que interessa: O que é felicidade? Como e onde encontrá-la?
A Coragem de Ser Feliz – No coração
A segunda pergunta é de mais fácil resposta.
Um mito muito antigo nos oferece a pista
Os deuses estavam reunidos no Olimpo.
Discutiam sobre a felicidade.
Queriam escondê-la dos humanos. Mas, onde?
Os humanos são terríveis.
Rebeldes, irão vasculhar os céus, a terra e os mares, na busca da felicidade. Em algum momento encontrariam.
Todas as sugestões dadas foram repelidas pelo grande deus, pai de todos. Nada parecia seguro.
De súbito, alguém sugeriu um lugar. O mais inacessível de todos. O mais escondido, o mais oculto.
Acima de tudo, nenhum homem encontraria a felicidade dada a simplicidade do esconderijo.
Era uma armadilha
Ademais, atraído pela complexidade e avesso ao simples.
Incapaz de discernir sequer entre o vil e o precioso, cativo de um mundo de tanto de ilusões como de imagens…
Seguramente, o homem escalaria montanhas íngremes, dominaria vulcões, também desceria a profundidades abismais.
Asssim como enfrentaria o mundo selvagem, mas não lhe ocorreria pensar, por um só segundo, que o esconderijo encontrado pelos deuses para guardar a felicidade não estava sequer a um centímetro de si mesmo.
A Coragem de Ser Feliz – O esconderijo é o coração
O esconderijo era seu coração.
Foi aí que os deuses decidiram ocultar a felicidade dos olhos dos homens!
Para encontrá-la, teriam que iniciar uma jornada ao íntimo de si mesmo. olhar para dentro.
Conquanto sejam insensatos, eles continuam a buscar a felicidade “lá fora”, através das coisas e de pessoas.
Decepção é o que encontram
Atento a ele, não me livro apenas de possíveis cardiopatias precoces.
Porém, engendro uma mitologia de adivinhações sobre meu destino, uma espécie de cardiomancia.
Essa bela história, responde a nossa pergunta
Onde posso encontrar a minha felicidade?
A resposta, sem medo de errar: em seu coração.
E como posso encontrar o meu coração?
Não. Um cardiologista não é uma boa ideia quando se trata de desejos
Desejos não são visíveis e nem sensíveis a eletrocardiogramas.
A tecnologia moderna pode conectá-lo ao mundo, instantaneamente, e isso é extraordinariamente maravilhoso.
No entanto, é igualmente extraordinário que este mundo de super tecnologias não tenha poder de conectá-lo, em tempo real, ao seu próprio coração.
No nosso caso, não há escolha.
Se quisermos a felicidade, temos que nos socorrer da tecnologia antiga
Eles são muito bons nisto! Muito melhor do que os nossos supercomputadores.
Para poetas, místicos, santos e “curadores de alma”, o coração não é só um importantíssimo órgão do corpo humano.
Ele é mais.
Ele é a fonte de nosso ser
Através dele e nele, me torno quem realmente sou.
Sim, além de bombear sangue para todo o organismo, mantendo-o vivo e cheio de graça, ele também me faz sonhar.
Atento a ele, eu engendro uma mitologia de adivinhações sobre meu destino, uma espécie de cardiomancia.
Só ele pode sussurrar no silêncio de minha vida aquelas verdades desconhecidas de mim mesmo.
Porém, ainda mais essencial: estar próximo ao coração, é certeza de realizar-se o projeto mais ambicioso da criação: o de transformar cada indivíduo em verdadeiro ser humano.
A Coragem de Ser Feliz – Das Tripas, Coração
E como posso atingi-lo?
A resposta, mais uma vez, é simples e certeira. Difícil é a decisão. O silêncio.
Só o silêncio interior pode produzir a escuta do coração.
Desista do estetoscópio
Ele não dirá nada sobre seu coração. O silêncio dirá.
Silêncio, contudo, não é mudez. Silêncio, é atenção. Atenção a tudo. A todas as coisas.
Porque o mundo é animado e encantado. Tudo fala. Tudo diz. Tudo significa, e nada é acaso. Há um plano.
Se se quiser: um plano de Deus. Se não se quiser: um plano do inconsciente.
Terminologia? É o de menos. A ação? É o de mais
A jornada em busca do coração requer coragem.
Coragem para acreditar no que se descobre e assumi-lo. Nem sempre é fácil.
Por isso, as mentiras são mais convincentes. Elas são rápidas e, de modo geral, não dão trabalho.
Parecem com os tranquilizantes.
Um certo poeta se entreteve com a força sedutora da mentira e pretendeu descobrir o seu fascínio sobre os homens.
Descobriu que também mentia.
A Coragem de Ser Feliz – O coração como amor, é fisiologia da verdade
Harmonizar-se com ele é estar impedido de mentir.
Não se deve subestimar a importância da mentira na vida emocional individual e dos povos.
De resto, não se deve encarar a mentira moralmente. ]
Sua função é sempre simbólica, embora possa custar uma vida!
Tramando a própria Felicidade
Finalmente, podemos agora encarar a grande questão: o que é a felicidade?
Já sabemos o que ela não é
Afinal, não é dinheiro, tampouco é saúde perfeita.
Caso contrário, pessoas pobres e doentes não poderiam se sentir felizes e/ou pessoas ricas e saudáveis não deveriam estar infelizes.
Já sabemos também que não podemos dizer que a felicidade reside nisto ou naquilo, porque alguém pode ser feliz em um estado onde uma outra pessoa se sentiria profundamente infeliz.
Então, posso dizer que Felicidade é qualquer vivência que permita realizar o meu projeto antropológico de vida, mesmo que isto me faça sofrer.
Diante destas armadilhas que a felicidade nos impõe, podemos nos aproximar dela somente de forma indireta, para conceituá-la.
Então, posso dizer que Felicidade é qualquer vivência que permita realizar o meu projeto antropológico de vida, mesmo que isto me faça sofrer.
Felicidade é tudo que eu faço por minha realização, para grandeza da vida, que é graça, dádiva, presente da criação.
Felicidade é poder celebrar todos os dias, todos os minutos, a beleza de viver e a possibilidade de humanizar-se.
Cheio de tanta felicidade, já não se pode mais ser só, ego-centrado.
Quer-se a partilha. Deseja-se o outro. O mundo
Pelo trabalho, pelo amor aos mais próximos e mais distantes, pela solidariedade aos que sofrem todos os tipos de privações, inclusive a privação da felicidade, ainda que tenha saúde e riqueza, divido a minha felicidade….
Entregue a ela, o mundo inteiro tornar-se irmão
E não se fere irmão. Se ama. Portanto, o estado natural da felicidade é o amor.
Para encerrar nossa conversa sobre como chegar ao coração, evoco uma última afirmação.
Para os ouvidos modernos, uma novidade: coração fala e sofre, quando não pode comunicar-se.
Pressão no peito, angina e enfarto são expressões de seu desespero.
Libertá-lo dos grilhões de nossa obtusa racionalidade e restabelecer um diálogo fraterno com este orgão-emoção é o caminho certo para encontrar a FELICIDADE ETERNA .
