EROS E ANTEROS duas das faces dos Erotes
EROS E ANTEROS
Não há como se falar em Anteros sem que antes disso se fale sobre Eros.
Na realidade, segundo os maiores mitólogos, existiram dois Eros.
Com relação ao primeiro, na Teogonia de Hesíodo, e também entre os órficos, foi considerado um deus criador.
Portanto, um dos elementos que se anteciparam ao próprio mundo e que nasceu de um Ovo Primordial .
Sem ele não teriam nascido nenhum dos outros deuses.
Foi uma força fundamental na criação do mundo.
Tanto Eros, quanto Tártaro, Nyx e Érebo eram as divindades primordiais nascidas antes do Céu, da Terra ou do ar.
Segundo Aristófanes, ele teria surgido do Caos primordial e era adorado sob a forma de uma pedra bruta.
Entretanto, Jean-Pierre Vernant relata que essa divindade primordial representa a união não sexual.
Também afirma que Eros só se tornou um ser sexuado após a castração de Urano por Cronos que lançou os órgãos genitais de seu pai ao mar e através deles ocorreu o nascimento de Afrodite.
Enquanto que Pierre Commelin, diz que se o Caos, a Noite e Érebo puderam se unir e procriar, isso se deu através dessa força primordial que promoveu a união deles para a procriação mesmo sem que houvesse um sentido sexual.
O segundo Eros
O segundo Eros que todos conhecemos, é filho de Afrodite com Ares
Sem dúvida, era um deus infantilizado e sempre retratado como criança alada brincando com suas flechas.
Como toda criança, atirava de forma irresponsável as flechas sem a preocupação com a reciprocidade da paixão.
Só para ilustrar, com essa sua atitude muitas vezes causou grandes transtornos nos atingidos pelas flechas disparadas.
Ele ficou conhecido como sendo o deus do amor
Mais tarde, Ares e Afrodite têm mais um filho que denominam de Anteros.
O nome Anteros parece sugerir um opositor de Eros seu irmão, mas não é esse o caso.
Decerto, os principais mitólogos relatam a relação amistosa entre os dois irmãos.
Quando próximo de Anteros, Eros amadurecia e crescia, mas ao se afastar dele, voltava ao seu estado infantilizado.
Anteros era o responsável pelo amor recíproco, sugerindo ser a sombra de Eros, uma sombra mais responsável e não totalmente assimilada pelo deus-menino.
Isso aponta no sentido de que não eram dois, mas sim complementos do mesmo arquétipo assim como seus outros dois irmãos, Himeros e Pothos.
Ambos são retratados como sendo alados, e enquanto um é considerado o deus do amor, o outro, o deus do amor recíproco
Afinal, esses quatro irmãos alados eram conhecidos como sendo os Erotes, o que nos leva a entender como sendo um único arquétipo e suas quatro faces.
Esse quaternio representava uma única totalidade.
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crédito de imagem destacada : nascimento de venus de alexandre cabanel pintura de 1863
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