MÃE DOS FILHOS-PEIXE
MÃE DOS FILHOS-PEIXE
A majestade dos mares. Senhora dos oceanos, sereia sagrada, Iemanjá é a Rainha das águas salgadas, considerada como mãe de todos Orixás, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também como a Deusa das Pérolas, Iemanjá é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento do nascimento.
Iemanjá é um dos orixás mais amados do Brasil e também de Cuba. A Rainha do Mar possui diversos filhos e adoradores que pedem por fertilidade, por proteção e principalmente pelos pescadores, de quem ela é padroeira. Conheça a história de Iemanjá, considerada a mãe de todos os orixás.
HISTÓRIA DE IEMANJÁ: A ORIGEM DO MITO
(Yemọjá na Nigéria, Yemayá em Cuba ou ainda Dona Janaína no Brasil; ver seção Nome e Epítetos) é o orixá do povo Egba, divindade da fertilidade originalmente associada aos rios e desembocaduras. Seu culto principal estabeleceu-se em Abeokuta após migrações forçadas, tomando como suporte o rio Ògùn de onde manifesta-se em qualquer outro corpo de água. Em África, Iemanjá é senhora de traços negros com formas bem evidenciadas e seios muito volumosos, por vezes representada grávida. R. F. Burton menciona: “Ela é representada por um pequeno ídolo com a pele de um amarelo desbotado. Tem os cabelos azuis, usa contas brancas e uma roupa listrada”.P. Baudin e outros autores também nos apresentam a mesma descrição. Omari-Tunkara é primorosa em sua descrição: “Suas imagens contemporâneas são esculturas em madeira pintada a esmalte que geralmente retratam uma mulher com seios muito grandes amamentando um ou mais filhos e, muitas vezes cercada por outras crianças. As esculturas figuram o papel de Yemọjá como mãe carinhosa, protetora, vigilante e agente de fertilidade. Um colar especial composto por várias vertentes de pequenas miçangas de cristal claro atadas por dois ou três contas maiores em vermelho, branco e azul veneziano serve como um símbolo de Yemọjá em Ibara e está representado nas esculturas que se conformam em grande estilo para o cânone iorubá típico.”[57] S. Epega escreve: “Suas estátuas enfatizam o aspecto da maternidade. Ela é uma mulher tranquila, com grande ventre túrgido, seios imensos, pés bem plantados no chão, pondo as mãos sobre crianças”. Essa iconografia, segundo Agbo Folarin, muito se assemelha às representações das tradicionais Máscaras-Epa de festejos tradicionais da Nigéria. Não há menções antigas de sua representação como peixe da cintura para baixo.Também é reverenciada em partes da América do Sul, Caribe e Estados Unidos. Sendo identificada no merindilogun pelos Odus Irosun, Ossá e Ogunda, é representada materialmente pelo assentamento sagrado denominado Igba Iemanjá. Manifesta-se em iniciados em seus mistérios (eleguns) através de possessão ou transe. Por lá existe um rio com este mesmo nome e este rio faz parte da mitologia da história da Rainha do Mar.
Alertamos aos nossos leitores que existem diversas versões desta mesma história. Essa é apenas uma delas e aquela que nós do WeMystic Brasil consideramos como a mais confiável.
A IMPORTÂNCIA DE IEMANJÁ NO BRASIL
No Brasil considerado o orixá mais popular festejado com festas públicas, desenvolveu profunda influência na cultura popular, música, literatura e na religião, adquirindo progressivamente uma identidade consolidada pelo Novo Mundo conforme pode ser observado em suas representações nos mais diversos âmbitos que em sua imagem reuniram as “três raças”. Figura na Dona Janaína uma personalidade à parte, sedutora, sereia dos mares nordestinos, com cultos populares simbólicos e acessíveis que muitas vezes não expressam necessariamente uma liturgia. Nessa visão, segundo T. Bernardo Iemanjá “(…)é mãe e esposa. Ela ama os homens do mar e os protege. Mas quando os deseja, ela os mata e torna-os seus esposos no fundo do mar é o orixá mais popular do Brasil, é o único que tem festas públicas e feriados em seu dia, 2 de fevereiro. Sua festa acontece no Rio Vermelho em Salvador, mas ela também é saudada durante a virada do ano (31 de dezembro) e em 15 de agosto. É comum ver pessoas colocarem oferendas a Iemanjá no mar, vestidos de branco colocam presentes em barquinhos para a Deusa. Ela é a padroeira dos pescadores, por isso antes de ir para o mar, eles costumam pedir por proteção da deusa no dia de trabalho.
Por ser um país de enorme costa e tradição pesqueira, a adoração da deusa espalhou-se por todo o país. Ela é também adorada como a deusa da fertilidade e protege seus filhos e todos os que oram por ela. Ela é reverenciada em diversas religiões e doutrinas como na Umbanda, no Candomblé, Xambá, Omolokô e Vodu Haitiano. Tem sincretismo religioso com santas da Igreja católica: Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Senhora das Candeias.
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A MÃE DE TODOS OS ORIXÁS
Segundo a mitologia Yorubá, Iemanjá foi uma bela mulher, filha do soberano dos mares, Olokun. Quando criança Iemanjá recebeu de seus pais uma porção mágica que deveria guardar com cuidado, pois ela a livraria de todos os perigos. Ela cresceu e casou-se com Oduduá (também chamado de Olofim-Odudua), com quem teve 10 filhos orixás. É por isso que seu nome também significa “mãe de todos os orixás”.
A MATERNIDADE DE IEMANJÁ
A maternidade deformou o corpo da deusa Iemanjá. Ao amamentar seus 10 filhos, os seios cresceram muito, e ficaram tão pesados que ela mal conseguia ir visitar os outros reinos. Os seios de Iemanjá causaram tristeza e vergonha à deusa. Descontente com o seu casamento e muito carente por viver isolada em Ifé, ela parte de casa em direção ao oeste e conhece o rei Okerê. Apaixonaram-se imediatamente e casaram-se. Iemanjá fez somente um pedido a Okerê: que ele jamais a ridicularizasse por causa dos seus seios. Um dia, Okerê chega bêbado em casa e ela o recrimina. Ofendido, ele grita com ela, e faz graça dos seios da deusa. Iemanjá foge em disparada com a poção dada por seus pais nas mãos. Okerê, arrependido, corre atrás da esposa para tentar impedi-la.
Na fuga, Iemanjá tropeça, quebra a poção e seu corpo se transforma em um rio, com o leito direcionado ao mar. Para tentar impedir a fuga da mulher, Okerê transforma-se em colina, para barrar o caminho do rio até o mar. Iemanjá então clama pelo seu filho mais poderoso, Xangô, pedindo ajuda para que ela conseguisse fugir de Okerê. E Xangô parte a colina ao meio e sua mãe consegue, por fim, chegar ao oceano, tornando-se a Rainha do Mar.
Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
Pesquisadora-Historiadora-Comissão estadual da verdade da escravidão negra – CTSPN/UNEGRO/Coordenadora do grupo de pesquisa do Instituto Perola Negra
fonte: tlantic Diasporas. SUNY Press, 2013 – 336 páginas/FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 914.
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