Origem do Zodíaco

Origem do zodíaco>> O ser humano sempre quis satisfazer sua curiosidade quanto aos acontecimentos futuros. No inicio as previsões se davam por transes mediúnicos, visões, leitura de entranhas de animais, voos de pássaros até que se começou a interpretar os sinais celestes e sua correlação com os fatos da vida mundana.

Zodíaco

As pesquisas arqueológicas na antiga Mesopotâmia trazem inúmeros registros em escrita cuneiforme comprovada pela descoberta do Almanaque Babilônico de 1300 a.C. em Hattusa, a capital do Império Hitita. Este Almanaque dividia o ano em doze meses de trinta dias e para cada dia do ano colocava observações como “apropriado”, “não apropriado” e “parcialmente apropriado” como dicas concretas de natureza prática.

Primeiramente os presságios se deram pela observação de fenômenos celestes e seu reflexo nos acontecimentos mundanos, muito mais pela intuição do astrólogo do que por algum conhecimento adquirido. Com o passar do tempo começou a se observar um determinado padrão entre as posições celestes e as ocorrências terrestres.

Os sinais do Céu nos dão tantas indicações como aqueles aqui da Terra. O Céu e a Terra produzem presságios de igual modo. Embora surjam separadamente, não são independentes um do outro, o Céu e a Terra estão ligados. Um sinal no Céu é ruim na Terra e um mau sinal na Terra é ruim no Céu. (1)

Origem do Zodíaco

Aqui temos os primórdios do que hoje chamamos de Astrologia, ou seja, a possibilidade de se fazer uma analogia entre a posição dos astros e o que ocorre aqui neste planeta.

No século XIX foi descoberta em Nínive, a capital do Império Assírio, a biblioteca de Assurbanipal, datada do século VII a.C. com uma coleção de tabuletas de argila em escrita cuneiforme, considerada a primeira obra da História da Astrologia, conhecida pelas suas palavras iniciais “Enuma Anu Enlil”.

A mais famosa é a tabuleta de Vênus de Ammisaduqa, que contém uma lista de observações astronômicas com as declinações de Vênus em um período de 21 anos durante o reinado de Ammisaduqa no século XVII a.C.

Tabua de Vênus de Ammisaduqa

Milhares de presságios foram ali inscritos e alertam quais os acontecimentos terrestres eram esperados pelo posicionamento dos astros. Isto foi sistematizado pelos sábios assírios por volta do ano 1000 a.C. produzindo este instrumental que correlacionava posições celestes e fatos terrestres.

Em termos de previsão, este método não era suficiente, porque não permitia saber de antemão o que iria acontecer. Começa-se então a se aprimorar os sistemas de cálculo das posições dos astros e aparecem os primeiros astrolábios.

Surge então o que ficou conhecido como Mul.Apin, um catálogo que continha as estrelas fixas em uma faixa de 30° ao longo do caminho que o Sol traçava no céu, anotações sobre a movimentação dos planetas e da Lua, tornando-se um vasto compendio do conhecimento da astronomia.

A dificuldade era saber a exata localização do planeta, pois eles se baseavam nas constelações da faixa celeste por onde os astros errantes se deslocavam. Então esta faixa foi dividida em doze segmentos iguais de forma que ficava mais fácil posicionar um determinado astro no céu, sendo que o primeiro segmento tinha início no ponto vernal de Aries.

Em uma tabuleta do Mul.Apin são citadas as doze constelações com os nomes babilônicos do que se tornariam os signos zodiacais. Depois denominaram-se os setores da faixa celeste com os nomes destas constelações e posteriormente ela foi denominada como Zodíaco.

Calendário Babilônico

A divisão em doze setores facilitou a marcação do início das quatro estações do ano, pois no século VIII a.C. os babilônicos já conheciam a inclinação da eclíptica e consequentemente os pontos vernais – solstícios e equinócios – que coincidiam com o princípio de determinados setores do Zodíaco.

Os astrólogos da época tinham que ter um grande período de preparação, pois necessitavam de aprender cálculos sobre o posicionamento dos astros, além de estudar todo o material que continha as relações entre o que acontece no céu e sua consequência na Terra.

A partir do século VI a.C. houve um grande avanço: o conhecimento do cálculo astronômico com previsões dos movimentos dos astros associada a um material de observação empírica milenar, levou a uma formulação de leis de sincronicidade que possibilitavam ao astrólogo antever os acontecimentos.

Durante o reinado de Cambises, filho de Ciro, o Grande que reinou de 529 a 522 a.C, foram encontradas tabuletas de argila que esclarecem os nomes do Zodíaco, a saber: (2)

Áries: os antigos povos pastores, criadores de gado de pequeno porte, observam uma correspondência entre a volta da primavera, a transformação da Terra e a proliferação dos rebanhos.

Touro: este signo seria proveniente dos criadores de gado de grande porte da Ásia Menor. Certamente muito antigo, estaria ligado ao culto solar introduzido pelos sumérios vindos do Leste.

Gêmeos:  Um dragão bicéfalo, para os semitas do Norte, transformava-se em dois homens, não se sabe sob que influência.

Câncer: inicialmente eram as cabeças aproximadas de um dragão macho com cabeça de abutre e de uma fêmea com cabeça de leão; tornou-se posteriormente a imagem de um lagostim ou de um caranguejo.

Leão: em antigos relevos da Babilônia, o Leão assumia frequentemente a forma de demônio. Tornou-se Leão na qualidade de animal real, símbolo dos soberanos reinantes na Mesopotâmia, havendo assimilado, talvez, a potência real, como a do Sol, no zênite de sua força.

Virgem: vê-se nesse signo um vestígio do conceito matriarcal que por muito tempo dominou o mundo mediterrâneo pré-indo-europeu, da Espanha ao Eufrates. A deusa da fecundidade era expressa numa Virgem, que as mulheres da Babilônia cultuavam sob o nome de Ishtar.

Libra:  Corresponderia ao “guardião da Balança” representando o mercador das primeiras grandes cidades da Mesopotâmia.

Escorpião: o animal foi muito temido na Babilônia, pois os anais citam mortes de reis provocadas por sua picada. Nos vales da Acádia era Girtab, aquele que morde.

Sagitário: os babilônios o representavam como um signo híbrido, possuindo uma certa majestade. Os gregos fariam dele um centauro.

Capricórnio:  tratava-se de um ser duplo, espécie de terrível peixe-cabra.

Aquário: na Babilônia, era representado sob a forma de um homem ajoelhado, vertendo a chuva de uma urna. Mais tarde, será o portador de ânfora que trazia as inundações.

Peixes: relaciona-se com os pescadores do Eufrates e do Tigre, que teriam observado correspondências entre essa constelação no céu e a época da desova nos rios.

Durante o governo de Seleuco, um dos generais de Alexandre o Grande, a partir de 312 a.C. a competência astronômica havia atingido um nível considerado, inclusive com a elaboração de “efemérides”, os cálculos de posicionamento do Sol, a Lua e os planetas, mostrando não só a trajetória regular dos astros, mas também lunações, eclipses e conjunções.
Também foram encontrados na Babilônia os Horóscopos, no seu sentido etimológico que significa “observação da hora”, sendo que o mais antigo data do ano 410 a.C., que eram diferentes daqueles da antiga Mesopotâmia eram apenas presságios do momento do nascimento.

Posteriormente Claudio Ptolomeu (90-168 d.C.) reuniu parte deste antigo conhecimento em sua obra Tetrabiblos, um conjunto de quatro livros, onde ele apresenta a Astronomia como a ciência que trata dos movimentos dos corpos celestes e a Astrologia como a ciência que trata das mudanças que os movimentos dos corpos celestes provocam nas coisas terrenas.

Claudius Ptolemeu, Andre Thevet, 1584

Como podemos perceber, o conhecimento que temos hoje já vem de longa data, com um grande caminho percorrido, em diversas épocas, sob as mais diferentes condições de desenvolvimento humano e devemos conhecer e respeitar toda esta trajetória quando estivermos amorosamente na prática de nossa querida Astrologia.

Douglas Marnei

(1) A Babylonian Diviner’s Manual, Adolf Leo Oppenheim, Journal of Near Eastern Studies, 1974

(2) A Astrologia, Suzel Fuzeau-Brasesch, editora Jorge Zahar, 1990



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