Racismo a Brasileira opressão da população negra

Racismo a Brasileira>> O apartheid terminou, mas racismo está longe do FIM…

Oficialmente, o regime de segregação racial na África do Sul teve início em 1948.

Os sucessivos episódios de violência contra os negros do país motivaram membros do Congresso Nacional Africano (CNA), entre eles Mandela, a fundar o Umkhonto we Sizwe.

Essa palavra em zulu, uma das línguas originárias dos povos sul-africanos, significa Lança da Nação.

A milícia começou a agir em 1961.

Um ano antes, a polícia havia assassinado 69 pessoas, incluindo tanto mulheres como crianças, após um protesto de negros na cidade de Sharpville.

A saber: Um ano depois, Mandela seria preso.

O apartheid e a opressão da população negra

Na África do Sul, a política segregacionista do apartheid, combatida por Nelson Mandela, oprimiu a população negra do país de 1948 ao início da década de 1990.

Abertamente racista, o regime africano não encontrou contudo muitos ecos no Brasil, onde a ideia da democracia racial

Aqui, – a convivência pacífica entre negros e brancos – está firmemente cravada no imaginário popular.

Essa tolerância à brasileira, no entanto, é apenas uma fachada para esconder a discriminação que os descendentes de africanos sofrem por aqui em nosso país.

Portanto,o que existe no Brasil é um “racismo cordial”, em que as pessoas não explicitam seus preconceitos.

Racismo a Brasileira

Apesar de não haver no País embates diretos como os da África do Sul, a discriminação se manifesta nas diferenças de riqueza e renda, principalmente.

“A desigualdade é gritante”, lutamos pacificamente, entretanto,  os jovens negros estão morrendo aos montes nas periferias das grandes cidades.

Isso se deve ao racismo institucionalizado que vivemos”, as autoridades fazem vista grossa para as tensões raciais no País.

Porém, o preconceito é real e são necessárias medidas concretas. Por exemplo, as cotas nas universidades, para reduzir o abismo social existente

Segregação O mito das três raças

A abolição da escravatura não pôs fim ao racismo.

Ademais, ela manteve aberta a construção subjetiva de hierarquização dos indivíduos e isso acontece de forma estrutural.

Se olharmos atentamente a nossa volta veremos que as posições sociais dos negros são de subalternidade.

Existe uma quase ausência de pessoas negras atuando tanto como juristas, ou mesmo, professores universitários, engenheiros, médicos, entre outras posições sociais de status relevante.

No Brasil a segregação racial contra negros e índios promovida por brancos desde os tempos de colônia foi decisiva na formação da sociedade brasileira.

Ademais. o mito das três raças como explicação do nascimento do homem brasileiro não foi suficiente para acabar com o racismo.

Ele agora existe de maneira velada, escondido atrás de uma falsa democracia racial como já apontava Florestan Fernandes.

Racismo a Brasileira e as desigualdades sociais

Contudo, vale a pena observar que, embora o racismo não esteja extinto e ainda existam desigualdades sociais alarmantes, não existe uma segregação racial, étnica ou religiosa tão destacada na sociedade brasileira como a que se viu nos exemplos citados anteriormente, ao redor do mundo.

Obviamente, não podemos desconsiderar os recentes ataques pela internet aos nordestinos (tema do enredo de uma escola de samba em 2011).

Tampouco, as agressões a jovens homossexuais, e este preconceito racial velado, todos indícios da existência de grupos intolerantes e preconceituosos contra minorias (isso sem falar do preconceito contra as mulheres).

Porém, daí a comparar a sociedade brasileira com a África do Sul do Apartheid não seria coerente com a realidade nacional.

Embora lentamente, essa trilha vem sendo percorrida pelo poder público.

“O Estado tem reconhecido a existência das profundas desigualdades raciais com a criação de ministérios, como a Secretaria de Políticas de Promoção para a Igualdade Racial, e da Fundação Palmares”, enumera Domingos Dutra.

“Outros exemplos são a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial pelo Congresso, em 2010, e as cotas para negros nas universidades federais e no funcionalismo público.”

Racismo a Brasileira – As leis que não saíram do papel

Representantes do movimento negro se queixam, porém, que algumas legislações comemoradas como avanço na luta contra o racismo não tenham saído do papel.

Uma delas é a Lei federal 10.639, de 2003. Aprovado há dez anos, o texto obriga as escolas a incluírem conteúdo sobre História da África em suas grades curriculares.
contudo, todavia,porém,
“Mas ela nunca foi implementada”, lamenta Elena Lucas. “Se não pressionarmos, essa lei jamais entrará em vigor.”
contudo, todavia,porém,
As estatísticas da violência urbana sustentam a tese de que está em curso um “genocídio” da população negra brasileira.

Os homicídios são hoje a principal causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos, e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros.
contudo, todavia,porém,
Dados do Ministério da Saúde mostram que mais da metade – ou 53,3% – das 49.932 pessoas assassinadas em 2010 eram jovens, dos quais 76,6% negros (pretos e pardos) e 91,3% do sexo masculino.

Mercado de trabalho – Racismo a Brasileira

Os negros se encontravam em uma posição subalterna, o racismo existia, mas não assumia formas tão ostensivas, porque os negros não disputavam com os brancos o acesso aos bens públicos e a outras posições na sociedade – coisas que os brancos consideravam suas por merecimento.

Porém, quando as lutas dos movimentos sociais negros produziram certas conquistas, alguns brancos passaram a se sentir ameaçados.
contudo, todavia,porém,
O desafio é defender o racismo como aspecto fundamental para essa questão no Brasil, país marcado pelo mito da democracia racial, ideia de que negros e brancos vivem de maneira harmoniosa.

Aqui, uma das justificativas para a ausência do negro em espaços de poder está na pobreza, reflexo do histórico escravocrata.

Esquecem, obviamente, que italianos, japoneses, entre outros grupos de imigrantes, também vieram pobres para cá, e hoje, enquanto grupos étnicos-raciais, ocupam espaços bem melhores que os negros no mercado de trabalho.

Outra resposta para essa diferença entre negros e os demais grupos, no senso comum, é de que italianos ou japoneses são mais esforçados ou até mais inteligentes do que os negros.

Dividir os privilégios é uma necessidade para a construção de um país igualitário

O reflexo social é devastador.

De acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – INFOPEN, divulgado em 2016, há um encarceramento sistemático que atinge a maioria do povo negro, são mais de 60% encarcerados.

O Atlas da Violência 2017 apontou que a cada 100 pessoas mortas no Brasil, 71 são negras; números que deixam clara a existência de genocídio da população negra.

Diante dessa exposição, a Consciência Negra tem o propósito de continuar desnudando o racismo entranhado na sociedade, a despeito das mudanças que ocorreram nos últimos anos, e produzir uma consciência de igualdade em direitos.

Racismo a Brasileira e o dia 20 de novembro

No dia 20 de novembro, e não somente, convidamos a sociedade para pensarmos sobre a situação da população negra e como cada indivíduo pode contribuir para o combate ao racismo estrutural.
contudo, todavia,porém,
O nosso problema não é somente comportamental, porém as denúncias em casos de preconceito e discriminação — quando constatados – devem ocorrer imediatamente.
contudo, todavia,porém,
Devemos exigir políticas públicas e de Estado que construam um ambiente democrático, desconstruindo toda a situação de subdesenvolvimento social em que vive a população negra.

No entanto, isso somente ocorrerá se a parte interessada — nós, negros e negras — participarmos na elaboração dessas políticas, porque sob a condução da classe dominante os privilégios continuaram intocáveis.

Se liga: Lei 7.716/1989

– Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional
Pena: reclusão de um a três anos e multa

– Impedir o acesso de pessoas devidamente habilitadas para cargos no serviço público ou recusar a contratar trabalhadores em empresas privadas por discriminação
Pena: reclusão de dois a cinco anos.

– Recusar o acesso a estabelecimentos comerciais
Pena: reclusão de um a três anos

– Impedir que crianças se matriculem em escolas
Pena: reclusão de três a cinco anos

– Impedir a entrada de cidadãos negros em restaurantes, bares ou edifícios públicos ou utilizem transporte público
Pena: reclusão de um a três anos

– Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou qualquer estabelecimento similar
Pena: reclusão de três a cinco anos

Car@s leitores para se ter uma ideia da importância dessa temática, bem como do aceno positivo do Brasil para lutar contra qualquer tipo de segregação, a ONU (Organização das Nações Unidas) e o governo brasileiro criaram um site específico sobre gênero, raça e etnia em março de 2011.

O site do PNUD, o Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia foi feito em parceria com outros órgãos vinculados à ONU, como a OIT e UNICEF, tendo como objetivo defender e propagar a incorporação da equidade de gênero e de cor/raça na gestão pública.

Obviamente, esse assunto é mais complexo do que pode parecer, principalmente quando traz em sua esteira outras questões como a construção de uma identidade nacional e a ideia de pertencimento à nação.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino

Fonte de pesquisa BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. MJ divulga novo relatório sobre população carcerária brasileira. Brasília. Disponível em: <http://www.justica.gov.br/radio/mj-divulga-novo-relatorio-sobre-populacao-carceraria-brasileira



Outros artigos interessantes deste mesmo autor:

Deixe seu like e siga nossa Rede Social:
0

Claudia vitalino

UNEGRO-União de Negras e Negros Pela Igualdade -Pesquisadora-historiadora CEVENB RJ- Comissão estadual da Verdade da Escravidão Negra do Estado do Rio de Janeiro Comissão Estadual Pequena Africa. Email: claudiamzvittalino@hotmail.com / vitalinoclaudia59@gmail.com

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *