Capa Preta – Uma caminhada com o Sr Capa Preta.
Capa Preta – Uma caminhada com o Sr Capa Preta.
Ele chegou assim que adormeci. Com sua austeridade e elegância de sempre. Muito alto e de Belo porte. Mal tenho tempo de reparar em o quanto pareço pequeno ao seu lado.
Em seguida, com um gesto ele me faz olhar para frente em direção à uma colina.
Sem dúvida, o céu é escuro nessa região , tudo parece úmido ,frio , lamacento.
Entretanto, sua longa Capa Preta não toca o chão. O grande doutor não se suja naquela lama gelada.
Logo após, com um toque em meu ombro ele me indica o caminho. Deveríamos subir aquela colina.
Enfim, nesse exato momento, ele me mostra o que há lá.
A colina se fazia lar de muitos irmãos em estado de ilusão umbralina. Tanto negativados, quanto sofrefores.
Alguns seres de mais baixo padrão vibracional também habitavam o local, entretanto, se nutrindo da dor e sofrimento dos que ali estavam.
Automaticamente me pergunto: “Por que eles se reúnem ali ? Por que esta colina?”
Sem dizer uma palavra ele me responde :
“Porque na cultura onde encarnaram pela última vez eles acreditavam que esta colina é o lugar no qual habitam os Mortos. Aqueles que não conseguem se desapegar da matéria e seguir sua caminhada evolutiva. Por crerem nisto, ali permanecem.”
O Sr Exu Capa Preta é sempre muito claro em suas explicações, apesar das poucas palavras, não deixa espaço para dúvidas.
Ao término da explicação ele me permitiu ver os espíritos que ali habitavam. Orientais.
Contudo, não posso precisar de que etnia, nacionalidade ou em que época viveram. Entretanto, estavam na colina escura.
A lama gélida sob os corpos , ademais, uma chuva fina e incessante, seus cabelos molhados e seus rostos boquiabertos como num grito eterno de dor.
Fomos passando entre eles. Confesso que tive medo.
No entanto, ele sorriu de canto, e abriu sua Capa como de costume, me mostrando a proteção que ela me oferecia.
A capa dele não tinha início nem fim. Era simplesmente um espaço negro , de vazio absoluto.
Questionei : Mestre , por que me trouxe aqui?
Ele olhou para o alto da colina e a resposta veio em minha mente sem que ele dissesse uma palavra.
_ Viemos Oferendar a Mãe da Geração.
No alto desta colina há um penhasco que fica a beira do Mar. Lá você fará a oferenda.
Ao mesmo tempo, elementos foram plasmados junto a mim: flores , conchas , água do mar em uma quartinha muito branca e velas , muitas velas azuis e brancas.
Meu medo era de que os irmãos negativados me atacassem e destruíssem os itens da oferenda a Mãe Iemanjá.
Assim sendo, o guardião sorriu mais uma vez e na reta final da colina me apontou a direção. Dali eu iria só.
O mar abaixo do alto penhasco era revolto.
Batia com força nas pedras pontiagudas. Um mar negro como a noite.
O vento frio soprava ,vindo do oceano. Chuviscava.
E os irmãos em estado de negativação rondavam o local olhando para mim com olhos ferozes, entretanto, sem a permissão de exercer qualquer ataque.
Me pus apressado a encontrar um lugar para Oferendar a Mãe como ordenado pelo guardião.
Só então me perguntei : por que fazer esta oferenda ali, naquele penhasco, no final daquela colina , onde tanta negatividade existia.
Apesar da dúvida , eu podia compreender que cumprir a missão era o mais importante e quando acendi a última vela a luz se espalhou e não estava mais ali. Estava em casa.
O velho se aproximou , com o amor e a intimidade de sempre. Como um Pai entrando no quarto de seu pequeno filho pela manhã.
Por que meu velho ? Pra quem? Aqueles irmãos não verão aquela luz.
“Filho, nossa missão é acender a luz. Não importa se ela será vista ou não. Ela poderá ser vista a kilometros por alguém que venha do Mar e pode Salvar a um irmão perdido ou pode ser vista a metros por um daqueles que tanto sofrem na colina. O importante,meu filho, é que a luz esteja acesa, para qualquer um que se disponha a ver , tenha essa oportunidade.”
link de imagem destacada https://www.cantinhodefrancisco.com.br/2017/08/licao-do-exu-capa-preta.html
