Os sete Astros errantes- Júpiter

Os sete Astros errantes- Júpiter

Na antiguidade os sábios que estudavam o céu das estrelas perceberam que alguns astros se movimentavam através do cinturão das constelações do Zodíaco, razão pela qual os chamaram de “Astros errantes”.

Estrela dos Magos – Júpiter

Júpiter

Júpiter, um dos astros mais brilhantes do céu é conhecido com um planeta benéfico na Astrologia tradicional. Seu deslocamento ao redor do Zodíaco dura doze anos, o que faz que percorra aproximadamente um signo por ano.

Astrologia

Júpiter tem analogia com a expansão, a extroversão, a amplificação, a abrangência, a proliferação, a confiança, o otimismo, a hierarquização, a legalidade, a fortuna, a riqueza, a justiça, o direito, a fé, a religião, o culto, as congregações, o academismo.

Jupiter, Codex Schürstab, A treatise on medical astrology Nürnberg, 1472

Suas qualidades são a sabedoria, o conhecimento, a religiosidade, a espiritualidade, a ética, a moralidade, a retidão, a sinceridade, a boa vontade, a nobreza, a tolerância, a gentileza, a cordialidade, o altruísmo, a sociabilidade, a hospitalidade, a jovialidade.

Tem que tomar cuidado com a leviandade, a superficialidade, a hipocrisia, o exagero, a ostentação, a opulência, a megalomania, a pomposidade, a vaidade, a arrogância, a demagogia, a presunção, a profanação, o sacrilégio, a blasfêmia, a desmedida, a ilegalidade.

Astronomia

Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar, tanto em diâmetro quanto em massa. Possui menos de um milésimo da massa solar, contudo tem duas vezes e meia a massa de todos os outros planetas em conjunto. É um planeta gasoso, assim como Saturno, Urano e Netuno.

Júpiter tem um diâmetro médio de 142.984 quilômetros, equivalente a 11,20 vezes o diâmetro da Terra. Sua massa é igual a 1,8986×1027 kg e sua densidade média é de 1,326 g/cm³.

Desta forma, Júpiter é muito maior do que a Terra, porém consideravelmente menos denso: seu volume corresponde a 1 321 vezes o da Terra, mas sua massa é apenas 318 vezes maior.

Comparação do tamanho da Terra e de Júpiter

Está a uma distância média equivalente a 778.547.200 quilômetros, em torno de cinco vezes a distância da Terra ao Sol. Seu afélio é de 816.520.800 quilômetros e o periélio é de 740.573.600 quilômetros, numa órbita elíptica com uma pequena excentricidade orbital em torno de 0,048.

Seu período de translação ao redor do Sol é de 11,85 anos, com uma velocidade orbital média de 13,07 km/s. A inclinação axial de Júpiter é relativamente pequena, de apenas 3,13° o que faz com que o planeta não possua mudanças significativas de estações

Ele gira sobre seu eixo a cada 9 horas e 56 minutos, a mais rápida rotação entre todos os planetas do Sistema Solar. Isto deixa o planeta com a forma de uma esfera oblata, ou seja, o diâmetro no equador é maior que o diâmetro entre os seus polos geográficos.

Júpiter possui a maior atmosfera planetária do Sistema Solar, com mais de 5 000 km de altitude. Ele é permanentemente coberto por uma a camada de nuvens de 50 km de espessura situadas no topo da atmosfera, compostas por cristais de amônia e hidrossulfeto de amônio.

As nuvens de Júpiter possuem cores de tom laranja e marrom, devido a compostos que mudam de cor quando expostos aos raios ultravioleta do Sol. Abaixo da atmosfera, Júpiter é fluido, mas ao contrário da maioria dos fluidos, o planeta gira como se fosse uma massa sólida.

O planeta possui um núcleo rochoso, embora não possua uma superfície sólida definida. Sua atmosfera não possui um limite interno, passando gradualmente de gasoso em fluido no interior do planeta.

A atmosfera é composta de 76% de hidrogênio e 24% de hélio. A atmosfera jupiteriana possui diversos tipos de fenômenos, como ventos com até 350 km/h, tempestades, raios e vórtices (ciclones e anticiclones).

A mais conhecida é a Grande Mancha Vermelha, uma tempestade anticiclônica movendo-se na direção horária, localizada a 22° ao Sul do equador de Júpiter, cuja existência comprovada é de 1830. Ela é grande o suficiente para ser visível em telescópios terrestres.

Image of Jupiter was taken on April 21, 2014, with Hubble’s Wide Field Camera 3

A temperatura média da superfície de Júpiter é de − 108 °C. A grandes profundidades dentro de Júpiter, a pressão é tão grande que o hidrogênio se torna metálico. Sua gravidade é de 24,79 m/s2, aproximadamente duas vezes e meia da força gravitacional da Terra, de 9,8 m/s².

Júpiter possui um sistema de anéis compostos de poeira com um toro interno de partículas, conhecido como halo, um anel principal relativamente brilhante e um sistema de anéis externo, chamado de “gossamer”. Eles são bem menos evidentes que os de Saturno, compostos de gelo.

Júpiter possui 79 satélites naturais confirmados. Deste número, 51 possuem menos de 10 km de diâmetro e foram descobertos a partir de 1975. Os quatro maiores satélites, conhecidos como satélites galileanos, são Io, Europa, Ganimedes e Calisto.

Os satélites galileanos estão entre os maiores do Sistema Solar. Ganimedes é o maior deles, com um diâmetro maior que o planeta Mercúrio, enquanto Io destaca-se por ser um dos poucos corpos solares a possuir atividade vulcânica.

Júpiter é o quarto objeto mais brilhante do céu, atrás apenas do Sol, da Lua e de Vênus. Sua magnitude visual do planeta varia entre -2,8 quando está em oposição ao Sol e -1,6 no período em que está em conjunção com ele.

A existência de Júpiter como um objeto errante no céu noturno já era conhecida por astrônomos da Babilônia, que representava o deus Marduque. Eles utilizavam a órbita jupiteriana ao longo da eclíptica, que é de aproximadamente 12 anos, para definir as constelações do Zodíaco.

Em seu trabalho Almagesto do século II d.C., o astrônomo Ptolemeu construiu um modelo planetário geocêntrico baseado em deferentes e epiciclos para explicar o movimento de Júpiter em relação à Terra, fixando o seu período orbital em torno da Terra em 11,86 anos.

Os romanos nomearam o planeta em homenagem ao principal deus da sua mitologia, Júpiter, também conhecido como Jove, cujas armas eram o trovão e o raio. Seu nome vem do vocativo “Zeu pater” em grego, que significa Deus Pai.

A double transit of Jupiter by satelites Io and Europa, as observed by Voyager 1 on its approach on February 27, 1979

Em 1610, Galileu Galilei utilizando um telescópio, descobriu os quatro satélites de Júpiter. Esta descoberta foi a primeira de corpos no espaço que não gravitavam ao redor da Terra, o que se transformou em um importante argumento a favor da teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico.

Durante a década de 1660, Giovanni Domenico Cassini usou um novo telescópio e descobriu manchas e faixas coloridas em Júpiter, notando também que o planeta possuía um formato achatado. Cassini ainda estimou o período de rotação do planeta.

A Grande Mancha Vermelha pode ter sido observada pela primeira vez por Robert Hooke em 1664 e por Cassini em 1665, embora isto não esteja comprovado. O farmacêutico Samuel Heinrich Schwabe produziu em 1831 os primeiros desenhos mostrando os detalhes da Mancha.

Em 1892, Edward Emerson Barnard descobriu um quinto satélite, utilizando o telescópio de 91 cm do Observatório Lick, na Califórnia. O satélite foi posteriormente chamado de Amalteia e  esta foi a última descoberta de um satélite planetário feita a partir de uma observação visual.

Portrait of Jupiter from Cassini in 9 December 2000

Desde 1973 várias sondas espaciais visitaram Júpiter, a mais notável sendo a Pioneer 10 neste mesmo ano, a primeira a se aproximar suficientemente para enviar revelações sobre propriedades e fenômenos do maior planeta do Sistema Solar.

Seis anos depois, as sondas Voyager 1 e 2 aumentaram drasticamente o conhecimento dos satélites galileanos. Essas sondas também confirmaram que a Grande Mancha Vermelha era anticiclônica.

A primeira espaçonave a orbitar Júpiter foi a Galileu, que entrou em órbita em 7 de dezembro de 1995. A missão durou sete anos, fazendo várias aproximações com os satélites galileanos e com Amalteia.

Ela também testemunhou a colisão do cometa Shoemaker-Levy 9 com Júpiter, quando se aproximava do planeta em 1994. Em 2000 a sonda Cassini-Huygens, que seguia para Saturno, passou por Júpiter, fornecendo as imagens de melhor resolução já tomadas do planeta.

Jupiter’s southern hemisphere, image taken by NASA’s Juno spacecraft, Oct. 24, 2017

A sonda New Horizons, rumo a Plutão, passou por Júpiter, sendo que sua maior aproximação foi realizada em 28 de fevereiro de 2007. As câmeras da sonda mediram a quantidade de plasma proveniente dos vulcões de Io e analisaram os quatro satélites galileanos em detalhe.

A missão Juno chegou a Júpiter em 4 de julho de 2016  e já completou, com sucesso, mais de 12 voltas em torno da atmosfera do planeta, capturando imagens belíssimas. A sonda está mapeando Júpiter fatia por fatia, usando um conjunto de instrumentos diferentes.

A NASA decidiu estender as atividades operacionais de Juno até 2021, porque as observações de Juno ocorrem durante as aproximações com o planeta, que acontecem uma vez a cada 53 dias. A sonda deveria orbitar Júpiter a cada 14 dias, mas um problema técnico alterou os planos.

O objetivo inicial era colidir com a atmosfera do planeta e encerrar seus trabalhos científicos em julho de 2019, mas devido aos contratempos a extensão do prazo é fundamental para concluir satisfatoriamente sua missão.

Jupiter’s Great Red Spot, as seen by Juno on July 10, 2017

Mitologia

Zeus é o Senhor dos deuses, filho de Cronos e Rheia, irmão de Hera, Deméter, Hestia, Poseidon e Hades. Ele conseguiu ascender ao trono do Olimpo depois de uma guerra de dez anos com seu pai, conhecida como a Titanomaquia.

Cronos havia castrado seu pai Urano e estabelecido seu reinado que ficou conhecido com a Idade de Ouro. Mas uma previsão de um oráculo anunciava que ele seria destronado por um de seus filhos, então assim que eles nascem Cronos os engole.

Rheia fica insatisfeita com aquela situação. Quando estava para dar à luz a seu sexto filho Zeus, ela suplicou a seus pais, Gaia e Urano, que lhe aconselhassem para que ela pudesse salvar esse filho. Eles atenderam a sua súplica Zeus nasceu em uma gruta do monte Dicte em Creta.

Seguindo as instruções de seus pais, Rheia envolveu uma pedra em um cueiro e entregou-a ao soberano Cronos. Tomando-a nas mãos, ele engoliu a pedra sem desconfiar de nada. Zeus foi criado por curetes, ninfas e alimentado por Amalteia, uma estranha cabra com rabo de peixe.

Zeus cresce e decide enfrentar seu pai. Ele se une a Metis, a deusa da Prudência, que faz uma beberagem e a serve a Cronos. Após beber ele vomita a pedra e depois todos os filhos que havia engolido. A pedra foi colocada em Delfos como sendo o Onfalos, o umbigo do mundo.

Na companhia de seus irmãos, Zeus libertou os seus tios paternos Ciclopes, seres com um só olho na testa que, agradecidos, deram a Zeus o domínio sobre os raios e o trovão; a Hades um capacete da invisibilidade e a Poseidon um tridente capaz de provocar terremotos e maremotos.

Ele liberta também os Hecatônquiros, estranhos seres com cinquenta braços de cada lado, que se tornam seus aliados na luta contra os Titãs, comandados por Cronos. A guerra terminou com a vitória de Zeus e seus aliados, que se estabeleceu no monte Olimpo com sua corte.

Ele dividiu o mundo com seus irmãos, ficando com o céu e as nuvens, Poseidon com o mar e Hades com o mundo subterrâneo. Zeus manda os Titãs para o Tártaro, com exceção de Cronos que é exilado na Sicília e de Atlas, que passa a carregar o mundo em suas costas.

Gaia, a deusa mãe, ficou insatisfeita quanto ao destino dos seus filhos. Ela então decide incitar seus outros filhos, os Gigantes, a travar uma nova batalha, rebelando-se contra os deuses do Olimpo. É aí que se origina a Gigantomaquia,

Os gigantes eram seres enormes, de uma força descomunal. Além disto eles ainda eram protegidos por artifícios mágicos que determinavam que um gigante só poderia morrer se fosse atacado por um mortal e um deus ao mesmo tempo.

Battle between Gods and Titans Joachim Wtewael 1608

Sabendo do plano dos gigantes, Zeus se uniu com Hades e Poseidon e juntos começaram a se preparar para a guerra. A fim de superar as dificuldades, Zeus pediu que Atena fosse até Héracles para pedir sua ajuda nessa grande batalha, visto que o herói era um mortal.

Zeus contou também com o apoio de Dioníso com um bastão e uma tocha, auxiliado pelos Sátiros. Embora Dionísio seja um deus do Olimpo, ele é o único dentre eles que é filho de uma mortal, Sêmele. Desta maneira, ele pôde ajudar os deuses como sendo um mortal.

Nessa grande batalha podemos destacar a participação de 13 importantes gigantes, a saber: Alcioneu, Porfírio, Efialtes, Oto, Êurito, Clicio, Mimas, Encélado, Polibotes , Hipólito, Grátion, Ágrio e Toas.

Todos eles terminaram por serem vencidos na batalha que perdurou por muito tempo, devido a combinação de forças entre os deuses e os mortais. Os deuses do Olimpo se regozijaram com esta vitória, mas não imaginavam que um adversário extraordinário estava por vir.

Ainda mais descontente com outra vitória dos olímpicos, Gaia se une ao Tártaro e gera o mais terrível de todos os monstros, Típhon, uma fera horrorosa de tamanho descomunal, assim descrita por Hesíodo:

“De suas espaduas erguiam-se as cem cabeças de um medonho dragão, e de cada uma se projetava uma língua negra; dos olhos das monstruosas cabeças jorrava uma chama brilhante; espantosas de ver, proferiam mil sons inexplicáveis e, por vezes, tão agudos que os próprios deuses não conseguiam ouvi-los.”

Zeus o enfrenta lançando raios contra o monstro, mas em um primeiro momento é vencido. Típhon lhe corta os tendões dos braços e pernas, para depois levá-lo para a Cilícia, aprisionando-o na gruta Corícia. Coloca os tendões em uma pele de urso e deixa a dragão Delfine vigiando.

, com seus gritos que causavam pânico e Hermes com sua astúcia recuperaram os tendões e os reimplantaram em Zeus. Recuperando suas forças, o Senhor do Olimpo lança sobre Típhon uma chuva de raios, ferindo-o profundamente.

O monstro foge para a Sicília e Zeus o esmaga, lançando sobre ele o Monte Etna, que até hoje vomita suas chamas, provavelmente devido a presença da fera sob ele. Após passar por este último desafio, Zeus estava pronto para assumir definitivamente os destinos do Universo.

Vulcão Etna, na Itália, entra em erupção

Para organizar seu reinado Zeus teve diversos relacionamentos com diversas deusas dos quais nasceram vários filhos visando estabelecer condições éticas e morais para os deuses e os homens.

Métis, a deusa da prudência, filha de Oceano e Tétis, foi a sua primeira esposa. Urano e Gaia haviam profetizado que se eles tivessem um filho, este arrebataria o poder do pai. Temendo a profecia, Zeus a engole depois que ela se metamorfoseou em uma gota d’água.

Porém Métis estava grávida e depois de algum tempo a cabeça de Zeus passou a crescer a cada dia, provocando imensas dores. Não suportando mais, pediu a seu filho Hefesto que o ajudasse. Hefesto usou um machado para abrir sua cabeça.

Dali saltou Palas Athena, a deusa das guerras justas e da sabedoria, já adulta com sua armadura e sua lança, lançando um grito de guerra. Sua bravura é tranquila e planejada, é a deusa da inteligência, da razão, da justiça, presidindo as artes, a literatura, a filosofia e a música.

Minerve naissant toute armée du cerveau de Jupiter, René Antoine Houasse, avant 1688

Sua segunda esposa foi Themis, filha de Urano e Gaia, a guardiã dos juramentos dos homens, a deusa da justiça, da lei, da ética, da ordem.  Usava a espada e a balança buscando o equilíbrio entre razão e força na aplicação de um veredito. Estava sempre com os olhos abertos a procura da verdade.

Eles tiveram seis filhas: as Horas e as Moiras.

As Horas regiam as estações do ano e a ordem das forças produtivas da Natureza, as guardiãs das portas do Olimpo, organizando a passagem das estrelas. Também eram encarregadas de guardar a ambrosia, que era o alimento dos deuses. Seus nomes eram Eirene, Eunômia e Diké.

As Moiras eram três irmãs que determinavam o destino, tanto dos deuses quanto dos seres humanos. Representavam a fatalidade sob o aspecto da configuração e ordenação dos destinos humanos segundo um peso e medida divinos.

Seus nomes eram Cloto, Láquesis e Átropos, as responsáveis por fabricar, tecer e cortar o fio da vida de todos os indivíduos. Durante o trabalho as Moiras fazem uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para se tecer os fios.

Moiras, Francesco Salviati, 1550

Eurínome, filha de Oceano e Tetis cujo nome significa “a que tem amplos direitos” foi a sua terceira esposa. Eles geraram as Graças ou Cárites, filhas de ampla beleza cujos nomes eram Aglaia, Tália e Eufrósine.

As Três Graças, afresco de Pompeia, 70-79

Sua irmã Deméter, filha de Cronos e Rheia, a deusa que regia a fertilidade da Terra foi a sua quarta esposa. Tiveram uma filha chamada Perséfone ou Coré. Esta foi raptada por Hades, seu irmão e senhor do mundo subterrâneo, que a tomou como esposa.

Deméter ficou muito triste com o desaparecimento da filha e a Terra deixa de produzir seus frutos, fazendo com que a humanidade não tivesse comida. Zeus intervém e após uma negociação, Perséfone passa um período do ano com a mãe e outro com o esposo.

Deméter lamentando-se por Perséfone, Evelyn de Morgan, 1906

Sua quinta esposa foi Mnemosine, filha de Urano e Gaia, a deusa que personificava a Memória. Zeus deitou-se com ela por nove noites consecutivas e um ano depois tiveram nove filhas, as Musas, entidades a quem era atribuída a capacidade de inspirar a criação artística ou científica.

Elas se chamavam Calíope (poesia heróica e oratória), Clio (história), Euterpe (música), Melpómene (tragédia), Talia (comédia), Terpsícore (dança), Erato (poesia lírica), Polímnia (elegia) e Urânia (astronomia).

Dance of the Muses on Mount Helicon, Bertel Thorvalldsen, 1807

Completando a constituição de seu reinado, Zeus desposa sua outra irmã Hera, o qual foi denominado de “hierogamos”, que significa o casamento sagrado. Após se tornar a legítima esposa de Zeus, Hera passa a ser a protetora e defensora dos casamentos e dos cônjuges.

Em função disto, seu temperamento passa a ser o de uma esposa ciumenta e vingativa, perseguindo de forma violenta as inúmeras mulheres por quem Zeus veio se apaixonar. Eles tiveram quatro filhos: Hebe, Ilítia, Hefestos e Ares.

Hebe era a personificação da juventude, a que servia o néctar aos deuses. Ilítia era a deusa dos bons partos. Ares é o deus da guerra, que incorporava o espírito da batalha e Hefesto era o ferreiro dos deuses, extremamente criativo e inventivo.

Hera, Joseph Paelinck, 1831

Depois deste casamento oficial, Zeus teve inúmeros casos de amor e diversos filhos, o que jamais poderíamos esgotar em poucas linhas. Nos concentraremos naqueles já mencionados como os satélites galileanos de Júpiter: Io, Europa, Ganimedes e Calisto.

Io é uma princesa de Argos, filha de Iaso. Sua beleza despertou a paixão de Zeus, que, para cortejá-la, cobriu o mundo com um manto de nuvens escuras, escondendo seus atos da visão de Hera.

A estratégia falhou e a deusa, desconfiada, desceu do monte Olimpo para averiguar o que estava acontecendo. Numa vã tentativa de iludir sua esposa ciumenta, o deus transformou sua amante em uma belíssima novilha branca.

Intrigada pelo interesse do marido no animal e maravilhada com a beleza do mesmo, Hera exigiu a novilha para si e a pôs sob a guarda do gigante Argos Panoptes, que possuía cem olhos. Argos quando dormia mantinha abertos cinquenta olhos e deixava os outros cinquenta fechados.

Zeus encarregou Hermes de libertar sua amada. Ele foi ao encontro de Argos tomando a forma de um pastor. Sentou-se ao seu lado, contou histórias e tocou sua flauta com tal suavidade que todos os cem olhos de Argos se fecharam. Então cortou a cabeça de Argos e libertou Io.

Giove e Io, Ambrogio Figino, 1599

Hera recolheu os olhos de seu servo e os espalhou na cauda do pavão, animal consagrado a ela. Io estava livre do cativeiro, mas não dos tormentos de Hera, que enviou moscas para atormentá-la. Io tentou escapar jogando-se no mar, que foi chamado a partir de seu nome de Mar Iônico.

Io finalmente chegou às margens do Nilo. Cansada, implorou a Zeus para pôr fim a seu sofrimento. O deus, comovido, foi falar com Hera e ambos restauraram sua forma humana. Ela teve um filho de Zeus, Épafo. Depois, Io se casou com Telégono, rei do Egito.

Europa era filha do rei Agenor de Tiro, cidade da Fenícia, e irmã de Cadmo. Zeus apaixonou-se por ela à primeira vista ao vê-la brincando com suas damas de companhia na praia. Para escapar dos olhares ciumentos de sua esposa Hera, ele se transformou em um belo touro branco.

O touro aproximou-se mansamente das donzelas, abaixou-se aos pés de Europa, que subiu sobre seu dorso e sentou-se. O magnífico touro começou a andar lentamente e depois saiu em desabalada corrida em direção ao mar, levando-a até Creta.

Desembarcaram na praia de Matala, sendo que ali Zeus assumiu de novo sua forma divina. Eles se uniram sob plátanos na fonte de Gortina e tiveram três filhos: o valente Sarpedon, o justo Radamanto e o lendário Minos.

L’enlèvement d’Europe, Gustave Moreau, 1868

Ganimedes era um príncipe de Troia, filho de Tros e Calírroe. Estava nas imediações da cidade quando foi avistado por Zeus, que ficou deslumbrado com tanta beleza em um ser humano e se apaixonou à primeira vista pelo jovem mortal,

O poderoso Senhor dos deuses se transformou em uma enorme águia, arrebatou o jovem e, dominado pela paixão, o possuiu ainda em pleno voo. Ganímedes foi levado ao Olimpo e Zeus encarregou o jovem de substituir Hebe na função de servir o néctar e a ambrosia aos deuses.

Ganymedes abducted by the eagle, following Michelangelo Buonarroti, 1580

Calisto era uma princesa de rara beleza, filha de Licaonte, rei da Arcádia. Muito jovem ainda foi viver nos bosques com a deusa Ártemis e seu séquito nos bosques onde fez o voto de virgindade. A beleza de Calisto despertou a atenção de Zeus que ficou determinando a possui-la.

Ele disfarçou-se da própria deusa Ártemis para conseguir aproximar-se da princesa e para escapar dos olhos sempre atentos de sua esposa Hera. Usando seu poder de sedução, ele terminou por convencer a jovem a ceder a seus propósitos.

Calisto ficou envergonhada e tentou manter em segredo o acontecido, mas em seguida descobriu que estava grávida. Os meses se passaram até que um dia, Ártemis e suas seguidoras foram tomar banho em um riacho, quando a deusa percebeu o inchaço da sua barriga.

A deusa mandou-a embora de sua comitiva. A partir de então Calisto vagueou pelos bosques e logo depois deu à luz um filho a quem deu o nome de Arcas. Isto não passou despercebido à Hera, conhecida pelas vinganças terríveis sobre as amantes de seu marido Zeus.

Ela transformou Calisto em uma ursa, impedindo-a de ver o seu filho crescer. Anos depois, Arcas, já um homem feito, caçava na floresta com os seus cães e de repente, deparou-se com uma ursa, ficando apavorado.

A ursa era Calisto que, depois de anos de separação, reconheceu em Arcas o seu filho e instintivamente lançou-se na sua direção, querendo abraçá-lo, mas este não entendeu a intenção do animal e preparou-se para abatê-lo.

Zeus, que observava a cena à distância, impediu que isto acontecesse na última hora. Revelada a verdadeira natureza da ursa, Zeus coloca ambos no firmamento, formando Calisto a constelação da Ursa Maior e Arcas a do Boieiro.

Jupiter in the guise of Diana seduce Callisto, Jean-Simon Berthelemy (1743-1811)

Simbologia

Dia da semana: Quinta-feira.

Metal: Estanho (Stannum), símbolo St.

Cor: Violeta.

Nota musical: Mi.

Pecado capital: Gula.

Virtude: Generosidade.

Arquétipo junguiano: o Mago.

Anão da Branca de Neve: Mestre.

Giove de Otricoli, Sala Rotonda, Museo Pío-Clementino, Vaticano

Douglas Marnei




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